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05/06/2001 - 07h36

Delegado do Paraná é afastado por liberar jornal

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MARI TORTATO
da Agência Folha, em Curitiba

O delegado Armando Marques Garcia, da Delegacia de Estelionato e Roubo de Cargas do Paraná, foi afastado ontem do cargo por ter liberado uma carga de 100 mil jornais do Fórum de Luta por Trabalho, Terra, Cidadania e Soberania com ataques ao governador Jaime Lerner (PFL). Garcia foi comunicado do afastamento pelo diretor-geral da Polícia Civil, Leonil Ribeiro, durante a manhã.

A liberação ocorreu no fim da tarde de sexta. O governo também tenta abrir caminho para processos de cassação por falta de decoro parlamentar de três deputados estaduais, um federal e cinco vereadores de Curitiba. Eles acompanharam Léa Okseanberg, responsável pela publicação, em depoimento no dia da liberação.

A intenção do governo foi ironizada e desagradou seus aliados na Assembléia Legislativa. "O governo está mal orientado sobre processos de decoro parlamentar", disse o presidente da Assembléia, Hermas Brandão (PTB).

Em nome da pessoa do governador, o advogado José Cid Campelo buscava provas ontem de que a carga só foi liberada porque o delegado teria sido submetido a "constrangimento pelos deputados e vereadores". "Temos testemunhas de que houve pressão", disse o secretário de Governo, José Cid Campelo Filho.

O delegado negou. "Não fui pressionado", afirmou Garcia na tarde de ontem, quando ainda aguardava o comunicado oficial de seu afastamento. "Não era um caso de polícia, mas uma questão judicial, cabível na Lei de Imprensa. Meu cargo não está ao sabor do chefe, nem admito servir de arma na guerra dos outros."

A carga de jornais havia sido apreendida na quarta-feira da semana passada em frente à sede da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em Curitiba, pela Receita Estadual. O governo informou inicialmente que a apreensão se deu por falta de nota fiscal, mas a documentação que acompanhava a carga derrubou a tese.

Advogados do governador entraram então na Justiça com queixa contra o conteúdo do jornal, tratado como um "panfleto difamatório" contra o governador.

Na sexta-feira, o delegado de Estelionato e Roubo de Cargas liberou o material uma hora antes de o governador obter liminar a um mandado de segurança por injúria, calúnia e difamação na 16ª Vara Cível de Curitiba. Com a liminar, uma parte dos jornais voltou a ser apreendida na CUT.



 

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