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22/07/2001 - 09h12

Cipoal de denúncias enreda governo tucano

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SANDRA BRASIL
da Folha de S.Paulo, em Vitória

Na tarde da última sexta-feira, o governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PSDB), 62, teve uma agenda concorridíssima. Após almoçar sanduíche, ligou para líderes tucanos, deu entrevistas a duas rádios, quatro TVs, um jornal e um site. Tudo isso para tentar reverter a crise política causada pela enxurrada de denúncias de irregularidades que estão surgindo contra o seu governo e atingiram a primeira-dama, Maria Helena Ruy Ferreira.

Cercado por assessores, José Ignácio passa a maior parte do tempo na residência oficial da Praia da Costa, em Vila Velha. Tem sido assim a rotina do governador nos últimos dias.

Os escândalos levaram José Ignácio a demitir sua mulher da secretaria do Trabalho e Ação Social, e o irmão dela, Gentil Ruy, que era secretário de Governo.

No comitê informal de crise do governador, prevalece a tese de que o cunhado é culpado pelas irregularidades que envolvem diretamente a contabilidade de campanha e a cobrança de propinas de empresários em troca de benefícios fiscais do governo.

Está tudo sendo investigado por Ministério Público Federal, Estadual, Banco Central, Receita Federal e CPI da Propina da Assembléia Legislativa. O procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, pediu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) que autorize inquérito contra José Ignácio.

O caso é tão grave que existem CDs e fita gravados por empresários de reuniões com possíveis intermediários do governo que cobravam "pedágios" por liberação de operações de transferência de crédito de ICMS. Além de ter o nome envolvido com propina, a primeira-dama está sendo acusada de irregularidades no gerenciamento de recursos destinados a projetos sociais. Ela nega tudo. Gentil Ruy não foi localizado.

O governador também rompeu com o seu vice, Celso José Vasconcelos (PSDB). "O Espírito Santo é um Estado sem timoneiro", afirmou o vice. O rompimento entre os dois aconteceu depois que Vasconcelos apresentou ao Ministério Público uma lista com diversos pagamentos feitos por Raimundo Benedito de Souza Filho, o Bené, que ajudava na parte financeira da campanha.

Os procuradores estão convencidos de que a "lista do Bené", como passou a ser chamada, é o caixa dois da campanha do governador. Ele nega. "Parece que é apenas um borrão da prestação de contas da campanha", disse. Detalhe: o nome do vice aparece na lista como beneficiário de alguns cheques. "Não recebi isso, mas chequei e outros que estão na lista receberam", afirmou.

Pela lista, Bené pagava de prestações de imóveis à fantasia de Carnaval do filho de José Ignácio. O governador disse que Bené é amigo de Gentil Ruy. "Se conversei ao todo 30 minutos com o governador foi muito", confirmou Bené. Mas os telefones de Bené, que não tem cargo no governo, estão na lista do primeiro escalão da equipe José Ignácio.

O governador se diz vítima de um complô armado por outro tucano: o prefeito de Vitória, Luiz Paulo Vellozo Lucas. Segundo José Ignácio, o prefeito contratou a Companhia de Notícias para desmoralizá-lo. "Isso parece a história do marido que tira o sofá da sala para evitar que a mulher o traia", ironizou o prefeito.

A Executiva Nacional do PSDB se reúne nesta terça-feira para analisar o pedido de intervenção no partido no Espírito Santo por causa das denúncias que pesam contra a administração José Ignácio, que já chegou a ser considerado exemplo tucano de austeridade administrativa.

O PTB e o PDT estão preparando um pedido de intervenção federal no Espírito Santo, que deverá ser apresentado esta semana ao Ministério Público Federal. Já há um pedido de impeachment contra o governador protocolado na Assembléia.


 

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