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22/07/2001
-
21h37
FERNANDA KRAKOVICS
da Agência Folha
Bombardeado por acusações de corrupção, o governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PSDB), foi "inocentado" ontem por seu cunhado e ex-secretário de Governo, Gentil Ruy, que assumiu, por meio de carta, todas as irregularidades encontradas no governo nos últimos meses.
A oposição considerou a atitude de Ruy uma manobra para tentar livrar o governador do impeachment. Por sua vez, Ignácio considerou "de muita dignidade" a atitude do cunhado, que ele antes considerava inocente.
As denúncias de corrupção, que vão desde extorsão de empresários a desvio de dinheiro público para cobrir dívidas de campanha, estão sendo investigadas por CPI na Assembléia Legislativa.
Na carta, Ruy afirma ser Ignácio "notável homem público, digno, honesto e honrado". Diz ainda que "traiu a confiança" do governador e que não estava preparado para desempenhar a função de secretário de Governo.
Ele assume a responsabilidade pela transferência de R$ 7,3 milhões para a Coopetfes (Cooperativa de Crédito dos Servidores da Escola Técnica), recursos públicos que a CPI suspeita terem sido usados para pagar dívidas da campanha eleitoral de 1998.
A cooperativa recebeu R$ 5 milhões da Secretaria de Educação, R$ 2,3 milhões do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e movimentou R$ 20 milhões da Cesan (Companhia Espírito-Santense de Saneamento).
O cunhado também assumiu ter autorizado Raimundo Souza Filho, um dos coordenadores da campanha, a fazer pagamentos de gastos pessoais e eleitorais do governador através das contas da cooperativa.
Ruy justificou o repasse de dinheiro para a Coopetfes "como forma de prestigiar aquela instituição e dirigentes, sensibilizado por laços de amizade e companheirismo para com os mesmos".
Ele diz na carta estar certo da "clara possibilidade do retorno" do dinheiro aos cofres do Estado, mas não fala como isso vai se dar.
Ruy foi exonerado de sua função no governo quando as denúncias de corrupção vieram à tona. Na época, no entanto, o governador inocentou o cunhado e disse que ele tinha sido afastado somente para não ser acusado de prejudicar as investigações.
O deputado estadual Cláudio Vereza (PT), integrante da CPI da Propina, não deu credibilidade à carta. "O governador, por exemplo, fez o saque de R$ 2,6 milhões a descoberto no Banestes para financiar a campanha. E quanto às outras irregularidades, é impossível que não soubesse", afirmou.
O deputado ainda ressaltou que o governador foi alertado pelo vice-governador, Celso Vasconcelos (PSDB), sobre a lista de cheques emitidos por Souza Filho.
Abalo familiar
O comentário de José Ignácio sobre esse novo lance da crise no Espírito Santo foi feito pelo seu porta-voz, José Nunes Dias.
"Evidente que o sr. governador sente-se, neste momento, abalado pela repercussão do fato no seu âmbito familiar. Mesmo assim, entende que, acima das questões pessoais e familiares está, sempre, o interesse do Estado."
Segundo Dias, Ignácio considerou o conteúdo da carta de "extrema gravidade" e disse que, por enquanto, não fará julgamentos. "Mas não pode deixar de admitir que o documento reforça sua obstinada e pública crença de que a verdade viria a público, mais cedo ou mais tarde".
Além de Ruy, a sua irmã e mulher do governador, Maria Helena Ruy Ferreira, é acusada de desvio de recursos da Secretaria do Trabalho e Ação Social, da qual era a secretária.
Carta de cunhado tenta inocentar governador do Espírito Santo
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da Agência Folha
Bombardeado por acusações de corrupção, o governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PSDB), foi "inocentado" ontem por seu cunhado e ex-secretário de Governo, Gentil Ruy, que assumiu, por meio de carta, todas as irregularidades encontradas no governo nos últimos meses.
A oposição considerou a atitude de Ruy uma manobra para tentar livrar o governador do impeachment. Por sua vez, Ignácio considerou "de muita dignidade" a atitude do cunhado, que ele antes considerava inocente.
As denúncias de corrupção, que vão desde extorsão de empresários a desvio de dinheiro público para cobrir dívidas de campanha, estão sendo investigadas por CPI na Assembléia Legislativa.
Na carta, Ruy afirma ser Ignácio "notável homem público, digno, honesto e honrado". Diz ainda que "traiu a confiança" do governador e que não estava preparado para desempenhar a função de secretário de Governo.
Ele assume a responsabilidade pela transferência de R$ 7,3 milhões para a Coopetfes (Cooperativa de Crédito dos Servidores da Escola Técnica), recursos públicos que a CPI suspeita terem sido usados para pagar dívidas da campanha eleitoral de 1998.
A cooperativa recebeu R$ 5 milhões da Secretaria de Educação, R$ 2,3 milhões do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e movimentou R$ 20 milhões da Cesan (Companhia Espírito-Santense de Saneamento).
O cunhado também assumiu ter autorizado Raimundo Souza Filho, um dos coordenadores da campanha, a fazer pagamentos de gastos pessoais e eleitorais do governador através das contas da cooperativa.
Ruy justificou o repasse de dinheiro para a Coopetfes "como forma de prestigiar aquela instituição e dirigentes, sensibilizado por laços de amizade e companheirismo para com os mesmos".
Ele diz na carta estar certo da "clara possibilidade do retorno" do dinheiro aos cofres do Estado, mas não fala como isso vai se dar.
Ruy foi exonerado de sua função no governo quando as denúncias de corrupção vieram à tona. Na época, no entanto, o governador inocentou o cunhado e disse que ele tinha sido afastado somente para não ser acusado de prejudicar as investigações.
O deputado estadual Cláudio Vereza (PT), integrante da CPI da Propina, não deu credibilidade à carta. "O governador, por exemplo, fez o saque de R$ 2,6 milhões a descoberto no Banestes para financiar a campanha. E quanto às outras irregularidades, é impossível que não soubesse", afirmou.
O deputado ainda ressaltou que o governador foi alertado pelo vice-governador, Celso Vasconcelos (PSDB), sobre a lista de cheques emitidos por Souza Filho.
Abalo familiar
O comentário de José Ignácio sobre esse novo lance da crise no Espírito Santo foi feito pelo seu porta-voz, José Nunes Dias.
"Evidente que o sr. governador sente-se, neste momento, abalado pela repercussão do fato no seu âmbito familiar. Mesmo assim, entende que, acima das questões pessoais e familiares está, sempre, o interesse do Estado."
Segundo Dias, Ignácio considerou o conteúdo da carta de "extrema gravidade" e disse que, por enquanto, não fará julgamentos. "Mas não pode deixar de admitir que o documento reforça sua obstinada e pública crença de que a verdade viria a público, mais cedo ou mais tarde".
Além de Ruy, a sua irmã e mulher do governador, Maria Helena Ruy Ferreira, é acusada de desvio de recursos da Secretaria do Trabalho e Ação Social, da qual era a secretária.
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