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24/07/2001
-
04h05
FERNANDA KRAKOVICS
da Agência Folha
O governo do Espírito Santo transformou uma pequena cooperativa privada em banco oficial informal do Estado. Investigações do Ministério Público e da CPI da Propina apontam que a instituição recebeu, no mínimo, R$ 7,3 milhões de recursos públicos desviados e ainda movimentou dinheiro de campanha do governador José Ignácio (PSDB) em 98.
Em carta divulgada anteontem, o ex-secretário de Governo e cunhado de Ignácio, Gentil Ruy, supostamente assumiu a responsabilidade pela transferência dos recursos para a Coopetfes (Cooperativa de Crédito dos Servidores da Escola Técnica).
A oposição considerou a atitude uma manobra para distanciar o governador das acusações de desvio. A carta foi divulgada pela assessoria do governador e o ex-secretário não foi encontrado para confirmar sua autoria.
A Coopetfes recebeu R$ 5 milhões da Secretaria de Educação, R$ 2,3 milhões do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e movimentou R$ 20 milhões da Cesan (Companhia Espírito-Santense de Saneamento). Deputados da CPI estadual suspeitam de que o dinheiro tenha coberto dívidas de campanha de Ignácio.
O vice-governador, Celso Vasconcelos (PSDB), ainda entregou uma listagem com a movimentação das contas de Raimundo Benedito de Souza Filho, o Bené, na Coopetfes. Ele trabalhou na campanha de Ignácio e possuía duas contas: uma pessoal e outra da Acads (Associação Capixaba de Desenvolvimento Social), da qual é presidente.
No dossiê aparecem pagamentos de prestações de conta de apartamentos do governador e da primeira-dama, Maria Helena Ferreira, assim como de parcelas do IPTU de terreno do casal.
Também há pagamento de shows e comícios da disputa eleitoral. Os cheques somam R$ 5 milhões.
A conta oficial da campanha, declarada ao Tribunal Regional Eleitoral, ficava no Banestes.
Antes da divulgação da carta, Ignácio disse que Bené tinha pago despesas pessoais suas porque ele e a mulher estavam sem tempo por causa da campanha eleitoral. O governador disse que reembolsou o presidente da Acads.
O presidente da cooperativa, Gabriel dos Anjos de Jesus, disse que teve contatos eventuais com Bené na época em que o presidente da Acads era gerente da Central das Cooperativas.
Ainda de acordo com ele, os recursos estaduais foram depositados na instituição devido às "atraentes" taxas oferecidas.
Novo caso
O Ministério Público Estadual também investiga o desaparecimento de R$ 4 milhões da Fundação Augusto Ruschi, depositados na Coopetfes.
Segundo o advogado da fundação, Artur de Melo, o dinheiro foi depositado em 1º de setembro do ano passado e sumiu no dia 4. "A ordem para o saque não possuía nenhuma assinatura", diz.
Segundo ele, a Coopetfes não apresentou nenhuma justificativa para o desaparecimento.
Desvios fazem cooperativa do ES virar banco informal
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da Agência Folha
O governo do Espírito Santo transformou uma pequena cooperativa privada em banco oficial informal do Estado. Investigações do Ministério Público e da CPI da Propina apontam que a instituição recebeu, no mínimo, R$ 7,3 milhões de recursos públicos desviados e ainda movimentou dinheiro de campanha do governador José Ignácio (PSDB) em 98.
Em carta divulgada anteontem, o ex-secretário de Governo e cunhado de Ignácio, Gentil Ruy, supostamente assumiu a responsabilidade pela transferência dos recursos para a Coopetfes (Cooperativa de Crédito dos Servidores da Escola Técnica).
A oposição considerou a atitude uma manobra para distanciar o governador das acusações de desvio. A carta foi divulgada pela assessoria do governador e o ex-secretário não foi encontrado para confirmar sua autoria.
A Coopetfes recebeu R$ 5 milhões da Secretaria de Educação, R$ 2,3 milhões do DER (Departamento de Estradas de Rodagem) e movimentou R$ 20 milhões da Cesan (Companhia Espírito-Santense de Saneamento). Deputados da CPI estadual suspeitam de que o dinheiro tenha coberto dívidas de campanha de Ignácio.
O vice-governador, Celso Vasconcelos (PSDB), ainda entregou uma listagem com a movimentação das contas de Raimundo Benedito de Souza Filho, o Bené, na Coopetfes. Ele trabalhou na campanha de Ignácio e possuía duas contas: uma pessoal e outra da Acads (Associação Capixaba de Desenvolvimento Social), da qual é presidente.
No dossiê aparecem pagamentos de prestações de conta de apartamentos do governador e da primeira-dama, Maria Helena Ferreira, assim como de parcelas do IPTU de terreno do casal.
Também há pagamento de shows e comícios da disputa eleitoral. Os cheques somam R$ 5 milhões.
A conta oficial da campanha, declarada ao Tribunal Regional Eleitoral, ficava no Banestes.
Antes da divulgação da carta, Ignácio disse que Bené tinha pago despesas pessoais suas porque ele e a mulher estavam sem tempo por causa da campanha eleitoral. O governador disse que reembolsou o presidente da Acads.
O presidente da cooperativa, Gabriel dos Anjos de Jesus, disse que teve contatos eventuais com Bené na época em que o presidente da Acads era gerente da Central das Cooperativas.
Ainda de acordo com ele, os recursos estaduais foram depositados na instituição devido às "atraentes" taxas oferecidas.
Novo caso
O Ministério Público Estadual também investiga o desaparecimento de R$ 4 milhões da Fundação Augusto Ruschi, depositados na Coopetfes.
Segundo o advogado da fundação, Artur de Melo, o dinheiro foi depositado em 1º de setembro do ano passado e sumiu no dia 4. "A ordem para o saque não possuía nenhuma assinatura", diz.
Segundo ele, a Coopetfes não apresentou nenhuma justificativa para o desaparecimento.
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