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30/08/2001 - 02h36

Procurador que cuidou do caso do juiz Nicolau vai investigar Maluf

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LEONARDO CRUZ
da Folha de S. Paulo, em Londres

O procurador suíço Jean-Louis Crochet foi designado pelo Ministério Público de Genebra para avaliar o relatório sobre o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf elaborado pelo Escritório para Registros de Lavagem de Dinheiro da Polícia Federal da Suíça.

Crochet é o mesmo procurador responsável pelo caso do juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, que teve US$ 3,8 milhões bloqueados pela Justiça suíça.

Caberá a Crochet decidir se Maluf será ou não formalmente investigado pela Procuradoria suíça. O ex-prefeito abriu uma conta no Citibank de Genebra em 1985 e, em 1997, a transferiu para o Citibank na ilha de Jersey, paraíso fiscal no canal da Mancha.

Na semana passada, o Escritório para Registros de Lavagem de Dinheiro enviou para o Ministério Público de Genebra um documento sobre os processos movidos contra Maluf no Brasil, elaborado com informações enviadas às autoridades suíças pelo Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).

O escritório decidiu levantar informações sobre Maluf após ter sido informado sobre suas movimentações pelo Citibank de Genebra -a lei suíça obriga os bancos a informar o escritório da PF sobre qualquer transferência suspeita feita por seus clientes.

O procurador-geral do Cantão de Genebra, Bernard Bertossa, recebeu o documento na última segunda, quando retornou de suas férias, e repassou o material ao seu colega Crochet.

Especialista em casos de lavagem de dinheiro, Crochet tem agora duas opções: esperar por um pedido formal do Ministério Público brasileiro para que Maluf seja investigado ou abrir um inquérito por lavagem de dinheiro contra o ex-prefeito com base nos dados enviados pela PF suíça.

Em 1999, foi Crochet quem determinou o bloqueio do dinheiro do juiz aposentado Nicolau dos Santos em uma conta no banco Santander de Genebra, por suspeita de lavagem de dinheiro. O processo contra o juiz está em andamento, e o governo brasileiro aguarda o repatriamento da quantia na conta de Nicolau.

Kremlin
Um dos principais casos já investigados por Crochet é o do russo Pavel Borodin. Ex-alto funcionário do Kremlin, Borodin foi preso no início deste ano pela polícia de Nova York, nos Estados Unidos, atendendo a mandado de prisão das autoridades suíças.

Hoje, Borodin responde a processo na Suíça por lavagem de dinheiro e corrupção. Homem de confiança do ex-presidente russo Boris Ieltsin, ele é acusado de participar da lavagem de US$ 25 milhões e de ter recebido propina das empresas suíças de construção Mabetex e Mercata. Depois de passar seis semanas preso nos Estados Unidos, Borodin aceitou ser julgado na Suíça.

Se uma investigação contra Maluf for aberta em Genebra, o ex-prefeito terá de responder ao caso na Suíça, sob pena de pedido de extradição -o que aconteceu com Pavel Borodin.

Procurado ontem pela reportagem da Folha, o procurador Jean-Louis Crochet não quis atender aos telefonemas. "O senhor Crochet não tem nada a dizer à imprensa brasileira. Ele não conversará com o senhor", disse sua secretária. O procurador-geral Bernard Bertossa também se recusa a conceder entrevistas sobre o caso Maluf.

Leia mais no especial caso Maluf
 

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