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01/09/2001 - 03h26

Telefones de Maluf fizeram ligações para banco

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RONALD FREITAS
da Folha de S. Paulo

Pelo menos seis ligações telefônicas para uma agência americana do banco de investimentos Salomon Smith Barney, com sede em Nova York, foram feitas a partir de linhas telefônicas que pertencem ao ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). A Folha apurou que três ligações, todas feitas no segundo semestre de 2000, partiram de um celular de Maluf e as outras três, de um telefone fixo.

Desde outubro de 1998, o Salomon Smith Barney pertence ao Citigroup, holding à qual também está vinculado o Citibank.

As ligações para o banco americano foram reveladas três dias depois que tornaram públicos os telefonemas para o Citibank de Genebra, na Suíça, feitos a partir de linha telefônica que pertence ao filho mais velho do ex-prefeito, Flávio Maluf.

Presidente da Eucatex, a maior das empresas da família, Flávio é o procurador dos pais e dos irmãos desde maio de 1998. A quebra do sigilo telefônico da família do ex-prefeito foi determinada pelo juiz-corregedor do Dipo (Departamento de Inquéritos Criminais), Maurício Lemos Porto Alves, no último dia 20, a pedido do Ministério Público do Estado de São Paulo. A quebra é restrita às ligações internacionais.

A promotoria apura a relação entre a conta no paraíso fiscal e os indícios de superfaturamento de grandes obras viárias realizadas na gestão Maluf (1993-1996) e de irregularidade na emissão de LFTM (Letras Financeiras do Tesouro Municipal) para o pagamento de precatórios. Além de ligações para agências bancárias, também foram identificadas ligações para a França e o principado de Mônaco, países onde o ex-prefeito passa férias regularmente com a mulher, Sylvia.

Antes da sentença judicial, o governo da Suíça já tinha informado ao Coaf (Conselho de Controle de Atividade Financeira), órgão do Ministério da Fazenda, a existência de uma conta em nome da empresa Blue Diamond Ltd. (Diamante Azul), posteriormente denominada Red Ruby Ltd. (Rubi Vermelho), cujo beneficiário seria o ex-prefeito. A conta, aberta em 1985, foi transferida para a ilha de Jersey em janeiro de 1997. Estima-se em US$ 200 milhões o valor do depósito.

Maluf tem negado ser proprietário ou beneficiário de contas no exterior. Na declaração de bens que entregou ao Tribunal Regional Eleitoral no ano passado, quando foi candidato à Prefeitura de São Paulo, não consta nenhuma aplicação do ex-prefeito no exterior. No dia 15 de agosto, seus filhos negaram formalmente a posse de contas em paraísos fiscais em petição encaminhada ao delegado seccional Olavo Reino Francisco.

CPI da Dívida Pública
No dia 27 de agosto, o juiz-corregedor também decretou a quebra do sigilo telefônico, bancário e fiscal do ex-prefeito a pedido da CPI municipal da Dívida Pública. Até ontem, os vereadores não tinham tido acesso aos extratos telefônicos. Porto Alves negou ontem o pedido da vereadora Ana Martins (PC do B), presidente da CPI, para ter acesso à cópias dos extratos telefônicos que já estão em poder da promotoria.

O juiz-corregedor alegou que os documentos analisados pelos promotores já são cópias dos originais emitidos pelas operadoras de telefonia. Como o terceiro depoimento de Maluf na CPI está marcado para o dia 10 de setembro, os vereadores querem tempo para examinar os extratos. Os trabalhos da CPI devem ser concluídos até o próximo dia 21.

Leia mais no especial caso Maluf



 

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