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15/09/2001 - 05h54

Procuradores rastreiam dinheiro em Jersey

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ROBERTO COSSO
da Folha de S.Paulo, em Brasília

A estratégia do Ministério Público Federal para recuperar os US$ 200 milhões depositados em Jersey, um paraíso fiscal no canal da Mancha, em nome do ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (PPB) e de seis familiares dele, é refazer o caminho do dinheiro, de trás para a frente.

Na edição de 10 de junho, a Folha revelou a existência dos depósitos ilegais em nome de Paulo Salim Maluf, Sylvia Maluf (mulher de Maluf), Flávio Maluf, Otávio Maluf, Lina Maluf, Lígia Maluf Curi (filhos de Maluf) e de Jacqueline Maluf (mulher de Flávio).

Em ofício encaminhado ao Brasil, em agosto, o governo da Suíça confirmou que Maluf tinha dinheiro no país e transferiu os depósitos para Jersey, em 1997. O ex-prefeito nega com veemência que ele ou qualquer familiar tenham depósitos no exterior.

Os procuradores Pedro Barbosa e Denise Abade, do Ministério Público Federal, devem enviar nos próximos dias uma "letter of request" (carta de solicitação) ao Escritório para Registros de Lavagem de Dinheiro de Genebra.

O objetivo é obter todas as informações disponíveis na Suíça sobre as movimentações financeiras realizadas por Maluf e familiares dele. Os procuradores esperam que o procurador suíço Jean-Louis Crochet, de Genebra, abra um inquérito criminal para investigar Maluf por suposta prática de crime de lavagem de dinheiro (ocultar a natureza de dinheiro ilícito para fazer com que ele tenha aparência de dinheiro lícito).

O Ministério Público espera obter informações das autoridades suíças sobre a origem de cada um dos depósitos realizados pela família Maluf naquele país.

Há suspeitas de que as contas de Maluf no Citibank de Genebra, que
funcionaram entre 1985 e 1997, tenham recebido vários depósitos. A partir do rastreamento do dinheiro, espera-se que seja possível comprovar que esse dinheiro saiu do Brasil.

No caso da chamada "cadeia da felicidade" -negociações irregulares com títulos públicos para o pagamento de precatórios judiciais-, cerca de R$ 600 milhões desapareceram dos cofres públicos por meio de contas CC-5 (de não-residentes no país). Maluf é acusado pelo MPF de ter participado dessas negociações.

Segundo a legislação internacional de lavagem de dinheiro, quando se comprova que o dinheiro depositado ilegalmente no exterior é desviado dos cofres públicos, o país prejudicado tem direito de requerer a devolução de toda a quantia. No Brasil, Maluf é investigado por enriquecimento ilícito, evasão de divisas, lavagem de dinheiro, falsidade ideológica, formação de quadrilha e corrupção passiva.

Leia mais:
  • Telefonemas ligam família de Maluf a bancos no exterior

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