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27/09/2001 - 03h13

"Radicais do PT não apitam nada", diz assessor de Lula

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SANDRA BRASIL
da Folha de S.Paulo

O economista Guido Mantega, principal assessor econômico do presidenciável petista Luiz Inácio Lula da Silva, classificou como "minoria inexpressiva" as alas radicais do PT. Em palestra promovida pelo banco Lloyds TSB para 200 empresários, no Hotel Meliá, zona sul de São Paulo, Mantega disse que "há muito tempo que eles [os radicais" não apitam nada em matéria econômica".

Mantega expôs o que, segundo ele, serão as diretrizes da proposta econômica de Lula para 2002. No início do discurso, disse que "a divulgação do programa econômico ajuda a dissipar os preconceitos" e que, para o PT, "o empresariado é um ator importante".

Defendeu a necessidade de negociação com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e com a Organização Mundial do Comércio (OMC). Segundo Mantega, é necessário negociar condições melhores para o Brasil junto a esses organismos internacionais.

"Quando eu era estudante, dizia: "Fora FMI!". No governo, nós evidentemente temos que negociar com o FMI e a OMC. Nossa questão não é quanto a empréstimos, mas às condições que eles costumam impor", disse.

Mantega defendeu ainda o aumento de crédito para as exportações e melhores condições para que as empresas brasileiras possam competir no mercado externo, sem excluir das prioridades a substituição de importações. Disse que o PT não tem a intenção de mexer no câmbio e que não pretende "dar calote" nas dívidas.

Declarou que o partido não reveria as privatizações. "Não seria factível do ponto de vista financeiro porque não teríamos como pagar. A burrada foi feita e não pretendemos revê-la. Somos contra a privatização no setor elétrico." O economista disse que o capital estrangeiro é necessário.

Pobreza
Mantega afirmou ainda que é preciso recuperar o dinamismo da economia e defendeu o resgate dos 50 milhões de brasileiros que vivem abaixo da linha de pobreza.

Na avaliação do anfitrião e presidente do Lloyds TSB no Brasil, Roberto Paschoali, a platéia gostou do que ouviu. "Acho que os empresários que estavam dentro dessa sala saíram mais tranquilos do que quando entraram. O discurso dele foi muito moderado", declarou Paschoali.

"Acho que os radicais do partido estão perdendo espaço. O PT está indo mais para o centro e isso é muito bom, porque, pela primeira vez na história, o partido tem chances de chegar ao poder justamente porque está dando ouvidos à sociedade", completou o presidente do banco.

Fernando Xavier Ferreira, presidente da Telefônica, classificou de "moderado e equilibrado" o programa exposto por Mantega. "Não observei nenhum pecado grave", afirmou.

Após uma exposição inicial, Mantega respondeu às perguntas encaminhadas pelos empresários. Como a proposta econômica apresentada por Mantega foi preparada para o Instituto Cidadania, uma organização não-governamental coordenada por Lula, os empresários quiseram saber como ele poderia garantir que ela faria parte do programa de governo do PT para as eleições presidenciais de 2002.

O economista respondeu que integra a corrente do deputado José Dirceu (SP), provável presidente nacional do partido reeleito - ainda não foi divulgado o resultado final das eleições do PT. "Todos os mais proeminentes líderes do partido estão nessa corrente. Há muito tempo que essa corrente controla o partido."

Segundo Mantega, "90% do programa apresentado será aprovado, porque esse programa está sujeito a críticas da sociedade. Com certeza, não será modificado por nenhum radical do partido".

A diretoria do Lloyds TSB pretende convidar outros presidenciáveis para apresentar seus programas econômicos aos empresários. Os próximos devem ser a governadora Roseana Sarney (PFL-MA) e Ciro Gomes (PPS).
 

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