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07/10/2001 - 06h45

Tasso aglutina oposição a Serra no PSDB

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OTÁVIO CABRAL
RAYMUNDO COSTA

da Folha de S.Paulo, em Brasília

A surpreendente exposição do ministro da Saúde, José Serra, como candidato à sucessão do presidente Fernando Henrique Cardoso durante a reunião dos tucanos realizada anteontem em Goiânia alterou a tática de todos os seus eventuais adversários no PSDB.

Paulo Renato, ministro da Educação, passou a admitir claramente que planeja disputar o Senado, e Pimenta da Veiga (Comunicações), que quer o governo de Minas. Mas os dois têm outra coisa em comum: passaram a apoiar a candidatura de Tasso Jereissati, governador do Ceará. Tasso, por sua vez, intensificou sua campanha para conseguir a vaga e decidiu que não abre mão da pré-candidatura para apoiar Serra.

"Não tem acordo, vou até o fim", declarou Tasso a um interlocutor. O fim, para ele, é março ou abril, quando ele acredita que será definido o nome do candidato do PSDB. Segundo um líder tucano que também está de olho na vaga, "ele não jogou a toalha".

Anteontem, enquanto o ministro da Saúde delineava para os principais líderes tucanos as linhas gerais do que seria seu programa de governo, Tasso discretamente movia-se nos bastidores. Conversou com Marcello Alencar, ex-governador do Rio, Marconi Perillo e Almir Gabriel, governadores de Goiás e do Pará, e sussurrou com José Aníbal, presidente do PSDB, que recebeu o papel de testamenteiro da herança política do governador Mário Covas, que morreu em março.

Os aliados de Tasso crêem que sua estratégia deu certo. Dos seis governadores tucanos, Tasso afirma contar com o apoio de cinco: a exceção é Geraldo Alckmin (SP).

Em todas as conversas que vem tendo com tucanos, Tasso afirma que sempre foi apoiado por Covas. Na reunião de Goiânia e em articulações paulistas, a família de Covas de fato continua trabalhando pela candidatura de Tasso.

O governador do Ceará quer intensificar o discurso de que é o candidato que une o PSDB. "Se o Tasso for candidato, todo o partido irá se envolver na campanha. Já o Serra carrega muitas restrições nas bases", avalia um governador do partido, antecipando o discurso a ser usado por Tasso.

As restrições ao ministro da Saúde não são pessoais, técnicas nem morais: alguns tucanos acham Serra um candidato pesado de carregar, sem carisma nem cancha de campanha. Em 1994, a avaliação sobre Fernando Henrique Cardoso no PSDB era a mesma. A diferença foi o Plano Real.

O governador do Ceará decidiu intensificar suas visitas aos Estados em busca de apoio de dirigentes regionais, que ele acredita que serão essenciais na definição do candidato. "Se ele mostrar ao presidente Fernando Henrique que tem a maioria dos diretórios a seu lado, vai ser difícil impedir sua candidatura", afirma um tassista.

Tasso aposta que o crescimento de duas outras candidaturas presidenciais possa auxiliá-lo. A primeira é a da governadora Roseana Sarney (PFL-MA).
O governador do Ceará é muito ligado ao PFL e crê que o partido pode vincular a desistência de Roseana ao lançamento de seu nome.

Jorge Bornhausen, presidente do PFL, já confirmou essa teoria em conversa com FHC. Disse ao presidente que apenas as candidaturas de Tasso ou de Geraldo Alckmin poderiam seduzir os pefelistas. Se for para apoiar Serra, ameaçam seguir com Roseana.

A outra candidatura que pode auxiliar Tasso é a de seu afilhado político Ciro Gomes, hoje no PPS. Ele avalia que, se Serra for o candidato, boa parte do tucanato preferirá apoiar Ciro. Já a sua candidatura afastaria o espectro do apoio ao candidato do PPS.

Tasso também torcia para que Itamar Franco permanecesse no PMDB e viabilizasse sua candidatura. Isso afastaria os peemedebistas, aliados preferenciais de Serra, da aliança governista e reforçaria sua posição de candidato.
 

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