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10/11/2001
-
13h35
da Folha Online
da Folha de S.Paulo
O presidente Fernando Henrique Cardoso abriu hoje a Assembléia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso que cobrou uma atuação mais forte e ágil da instituição, criticou os resultados da globalização, diante de desequilíbrios que prejudicam os países em desenvolvimento e defendeu um maior entendimento entre as nações para uma ordem internacional mais solidária.
Segundo o discurso, esta seria o desafio do século 21. Falando em português, Fernando Henrique defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU e pleiteou, indiretamente, um assento para o Brasil.
"Nosso lema há de ser o da 'globalização solidária', em contraposição à atual globalização assimétrica", disse o brasileiro. É a primeira vez que FHC fala na abertura da Assembléia desde que foi eleito para seu primeiro mandato. Desde 1949, um representante brasileiro, geralmente o chanceler, abre a reunião. A Assembléia foi instalada hoje pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, com a presença de 43 chefes de Estado ou governo e 115 ministros de Relações Exteriores.
"A força da ONU passa por uma Assembléia Geral mais atuante, mais prestigiada, e por um Conselho de Segurança mais representativo, cuja composição não pode continuar a refletir o arranjo entre os vencedores de um conflito ocorrido há mais de 50 anos, e para cuja vitória soldados brasileiros deram seu sangue nas gloriosas campanhas da Itália", disse FHC em referência aos países vencedores da Segunda Guerra Mundial, que engendrou a criação da ONU.
Uma crítica sutil aos EUA permeou diversos trechos do texto de FHC e causou um certo mal-estar na delegação norte-americana, uma vez que George W. Bush seria o presidente que sucederia imediatamente FHC no plenário.
"A Carta das Nações Unidas reconhece aos Estados membros o direito de agir em autodefesa. (...) Mas é importante termos consciência de que o êxito na luta contra o terrorismo não pode depender apenas da eficácia das ações de autodefesa ou do uso da força militar de cada país", disse.
Segundo ele, o Brasil espera que, "apesar das circunstâncias, não se vejam frustradas as ações de ajuda humanitária ao povo do Afeganistão". E oferece-se a abrigar refugiados do país, "dentro de nossas possibilidades".
Em outro momento, defendeu o Protocolo de Kyoto, iniciativa ambiental que visa reduzir emissões dos gases que causam o efeito estufa, abandonada polemicamente pelo governo Bush no começo do ano: "Ele não pode ser posto à margem", afirmou.
Nesse momento, Condoleezza Rice, conselheira de Segurança Nacional, e Colin Powell, secretário de Estado dos EUA, trocavam bilhetes e olhares entre si na bancada reservada ao país.
O presidente defendeu também a ampliação do G-7 (grupo formado pelas sete maiores economias industrializadas do mundo) para G-8 _o que incluiria o Brasil no grupo.
"Já não faz sentido circunscrever a um grupo tão restrito de países a discussão dos temas que têm a ver com a globalização e que incidem forçosamente na vida política e econômica dos países emergentes".
Fernando Henrique voltou a defender a criação de um Estado Palestino democrático, coeso e economicamente viável, convivendo com o Estado de Israel. Segundo FHC, a ONU tem "uma dívida moral" com os palestinos. "É uma tarefa inadiável", disse o presidente em relação à promessa adiada de criação do novo Estado.
Sobre os atentados aos Estados Unidos e à ofensiva americana contra o terrorismo, o presidente lamentou os ataques e disse que a luta não pode se transformar em um "embate entre civilizações ou entre regimes" nem sufocar uma agenda de discussões mundiais.
Ele lembrou que o encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio), que acontece em Doha, no Qatar, tem a responsabilidade de avançar nas decisões sobre a eliminação de barreiras protecionistas contra países em desenvolvimento.
Em sua viagem à França, no final de outubro, FHC já havia ressaltado a necessidade de se discutir a política de subsídios à produção agrícolas européia.
Leia mais:
Leia a íntegra do discurso de FHC
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FHC cobra na reunião da ONU ordem internacional mais solidária
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da Folha de S.Paulo
O presidente Fernando Henrique Cardoso abriu hoje a Assembléia Geral da ONU, em Nova York, com um discurso que cobrou uma atuação mais forte e ágil da instituição, criticou os resultados da globalização, diante de desequilíbrios que prejudicam os países em desenvolvimento e defendeu um maior entendimento entre as nações para uma ordem internacional mais solidária.
Segundo o discurso, esta seria o desafio do século 21. Falando em português, Fernando Henrique defendeu a ampliação do Conselho de Segurança da ONU e pleiteou, indiretamente, um assento para o Brasil.
"Nosso lema há de ser o da 'globalização solidária', em contraposição à atual globalização assimétrica", disse o brasileiro. É a primeira vez que FHC fala na abertura da Assembléia desde que foi eleito para seu primeiro mandato. Desde 1949, um representante brasileiro, geralmente o chanceler, abre a reunião. A Assembléia foi instalada hoje pelo secretário-geral da ONU, Kofi Annan, com a presença de 43 chefes de Estado ou governo e 115 ministros de Relações Exteriores.
"A força da ONU passa por uma Assembléia Geral mais atuante, mais prestigiada, e por um Conselho de Segurança mais representativo, cuja composição não pode continuar a refletir o arranjo entre os vencedores de um conflito ocorrido há mais de 50 anos, e para cuja vitória soldados brasileiros deram seu sangue nas gloriosas campanhas da Itália", disse FHC em referência aos países vencedores da Segunda Guerra Mundial, que engendrou a criação da ONU.
Uma crítica sutil aos EUA permeou diversos trechos do texto de FHC e causou um certo mal-estar na delegação norte-americana, uma vez que George W. Bush seria o presidente que sucederia imediatamente FHC no plenário.
"A Carta das Nações Unidas reconhece aos Estados membros o direito de agir em autodefesa. (...) Mas é importante termos consciência de que o êxito na luta contra o terrorismo não pode depender apenas da eficácia das ações de autodefesa ou do uso da força militar de cada país", disse.
Segundo ele, o Brasil espera que, "apesar das circunstâncias, não se vejam frustradas as ações de ajuda humanitária ao povo do Afeganistão". E oferece-se a abrigar refugiados do país, "dentro de nossas possibilidades".
Em outro momento, defendeu o Protocolo de Kyoto, iniciativa ambiental que visa reduzir emissões dos gases que causam o efeito estufa, abandonada polemicamente pelo governo Bush no começo do ano: "Ele não pode ser posto à margem", afirmou.
Nesse momento, Condoleezza Rice, conselheira de Segurança Nacional, e Colin Powell, secretário de Estado dos EUA, trocavam bilhetes e olhares entre si na bancada reservada ao país.
O presidente defendeu também a ampliação do G-7 (grupo formado pelas sete maiores economias industrializadas do mundo) para G-8 _o que incluiria o Brasil no grupo.
"Já não faz sentido circunscrever a um grupo tão restrito de países a discussão dos temas que têm a ver com a globalização e que incidem forçosamente na vida política e econômica dos países emergentes".
Fernando Henrique voltou a defender a criação de um Estado Palestino democrático, coeso e economicamente viável, convivendo com o Estado de Israel. Segundo FHC, a ONU tem "uma dívida moral" com os palestinos. "É uma tarefa inadiável", disse o presidente em relação à promessa adiada de criação do novo Estado.
Sobre os atentados aos Estados Unidos e à ofensiva americana contra o terrorismo, o presidente lamentou os ataques e disse que a luta não pode se transformar em um "embate entre civilizações ou entre regimes" nem sufocar uma agenda de discussões mundiais.
Ele lembrou que o encontro da OMC (Organização Mundial do Comércio), que acontece em Doha, no Qatar, tem a responsabilidade de avançar nas decisões sobre a eliminação de barreiras protecionistas contra países em desenvolvimento.
Em sua viagem à França, no final de outubro, FHC já havia ressaltado a necessidade de se discutir a política de subsídios à produção agrícolas européia.
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