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01/03/2002
-
08h49
LILIAN CHRISTOFOLETTI
da Folha de S.Paulo
A empreiteira Mendes Júnior Engenharia S.A., investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por suposto envolvimento no desvio de R$ 550 milhões do erário municipal, afirmou, por meio de sua assessoria, ser alvo de intrigas e de ações chantagistas de um ex-funcionário, que foi indiciado pela polícia por tentativa de extorsão.
Em depoimento à promotoria e em entrevista à imprensa, o ex-diretor financeiro Simeão Damasceno de Oliveira disse haver um esquema de superfaturamento, de emissão de notas frias e de envio de dinheiro ao exterior, segundo ele ligado ao ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). Maluf negou as acusações (leia texto ao lado).
Oliveira, que trabalhou 16 anos na empreiteira, afirmou que dos R$ 800 milhões que a prefeitura pagou por obras da avenida Águas Espraiadas, R$ 550 milhões foram superfaturados. "Eu mesmo levei muitos cheques a doleiros, que enviavam o dinheiro para bancos em Nova York e na Suíça."
As afirmações coincidem com as de outro ex-diretor da empresa, Joel Guedes Fernandes. Há cerca de um mês, ele já havia relatado o suposto esquema aos promotores. As provas são "contundentes", disse a promotoria.
Para a Mendes Júnior, no entanto, as acusações fazem parte de uma tentativa frustrada de chantagem. A empresa disse ter sido chantageada por Oliveira, que, sob a ameaça de um "dossiê explosivo", teria exigido US$ 2,78 milhões.
O advogado do ex-diretor, Pedro Lessi, disse que a acusação é inverídica. "Isso é uma tentativa de minimizar as denúncias, mas meu cliente mantém todas as acusações porque tem provas."
Oliveira foi indiciado no processo por tentativa de extorsão mas, para os promotores José Carlos Blat e Silvio Marques, esse indiciamento "perdeu o sentido" com a divulgação de uma gravação telefônica entre Fernandes e um alto funcionário da empreiteira.
Na transcrição, feita pelo Instituto Del Picchia, Fernandes recebe orientações sobre seu depoimento. "Existe um processo em andamento. Eles vão perguntar: Você confirma que isso aqui existe? Se você falar que confirma, pronto, tá engaiolado", disse o interlocutor na gravação.
Advogados da empreiteira disseram desconhecer as provas, já que não tiveram acesso ao procedimento investigatório. Para os promotores, o suposto esquema relatado pode explicar a conta em nome da família Maluf no paraíso fiscal da ilha de Jersey.
Leia mais no especial caso Maluf
Empresa diz que ex-diretor que acusa Maluf faz chantagem
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da Folha de S.Paulo
A empreiteira Mendes Júnior Engenharia S.A., investigada pelo Ministério Público do Estado de São Paulo por suposto envolvimento no desvio de R$ 550 milhões do erário municipal, afirmou, por meio de sua assessoria, ser alvo de intrigas e de ações chantagistas de um ex-funcionário, que foi indiciado pela polícia por tentativa de extorsão.
Em depoimento à promotoria e em entrevista à imprensa, o ex-diretor financeiro Simeão Damasceno de Oliveira disse haver um esquema de superfaturamento, de emissão de notas frias e de envio de dinheiro ao exterior, segundo ele ligado ao ex-prefeito Paulo Maluf (PPB). Maluf negou as acusações (leia texto ao lado).
Oliveira, que trabalhou 16 anos na empreiteira, afirmou que dos R$ 800 milhões que a prefeitura pagou por obras da avenida Águas Espraiadas, R$ 550 milhões foram superfaturados. "Eu mesmo levei muitos cheques a doleiros, que enviavam o dinheiro para bancos em Nova York e na Suíça."
As afirmações coincidem com as de outro ex-diretor da empresa, Joel Guedes Fernandes. Há cerca de um mês, ele já havia relatado o suposto esquema aos promotores. As provas são "contundentes", disse a promotoria.
Para a Mendes Júnior, no entanto, as acusações fazem parte de uma tentativa frustrada de chantagem. A empresa disse ter sido chantageada por Oliveira, que, sob a ameaça de um "dossiê explosivo", teria exigido US$ 2,78 milhões.
O advogado do ex-diretor, Pedro Lessi, disse que a acusação é inverídica. "Isso é uma tentativa de minimizar as denúncias, mas meu cliente mantém todas as acusações porque tem provas."
Oliveira foi indiciado no processo por tentativa de extorsão mas, para os promotores José Carlos Blat e Silvio Marques, esse indiciamento "perdeu o sentido" com a divulgação de uma gravação telefônica entre Fernandes e um alto funcionário da empreiteira.
Na transcrição, feita pelo Instituto Del Picchia, Fernandes recebe orientações sobre seu depoimento. "Existe um processo em andamento. Eles vão perguntar: Você confirma que isso aqui existe? Se você falar que confirma, pronto, tá engaiolado", disse o interlocutor na gravação.
Advogados da empreiteira disseram desconhecer as provas, já que não tiveram acesso ao procedimento investigatório. Para os promotores, o suposto esquema relatado pode explicar a conta em nome da família Maluf no paraíso fiscal da ilha de Jersey.
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