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Lobista da Gautama afirma que Renan o chamou para almoço
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LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Em diálogos captados pela Polícia Federal, o lobista da Gautama Sérgio Sá diz que foi convidado para um almoço na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e que a Eletrobrás ficaria nas mãos de Renan e do senador José Sarney (PMDB-AP), "o que para nós é muito bom".
Preso pela PF, Sérgio Sá teria tido também uma audiência no gabinete de Renan. Confirmadas essas informações, o lobista seria o sexto preso na ação a ter contato com o presidente do Senado. Renan já admitiu conhecer o dono da Gautama, Zuleido Veras, e trocou diversas ligações com o superintendente da Caixa Econômica Federal Flávio Pin, acusado de facilitar liberação de recursos para o esquema de fraude a licitações comandado pelo empreiteiro. Três funcionários do governo de Alagoas, segundo interceptações telefônicas, também teriam proximidade com Renan.
Segundo a investigação da PF, Sérgio Sá esteve envolvido no suposto pagamento de propina feito pela Gautama, no valor de R$ 100 mil, endereçado ao ex-ministro de Minas e Energia Silas Rondeau.
Em 19 de fevereiro deste ano, Sá conversa com uma pessoa identificada como Ênio. O lobista diz que ele e sua mulher haviam sido convidados pelo presidente do Senado para um almoço em sua casa. No mesmo diálogo, Sá diz que tinha havido muitas mudanças no sistema Eletrobrás, mas que o sistema passaria a ser controlado 100% pelos dois senadores do PMDB.
Uma semana antes dessa conversa, no dia 13 de fevereiro, Sá teve uma série de diálogos monitorados pela PF com o advogado baiano Cândido Sá. Por volta das 11h, Sá diz para Cândido ir a Brasília para uma audiência com Renan. Cândido chega a Brasília logo após às 15h. Por volta das 17h25, Sá recebe uma ligação de uma pessoa identificada como Marlene. Ela pede o telefone de Cândido e diz que o senador já estava esperando por eles. Em seguida, Sá liga para Cândido e diz que já está no gabinete do senador.
No inquérito da Operação Navalha, a PF afirmou que Sérgio Sá auxiliou o dono da Gautama a resolver no Ministério de Minas e Energia e na Eletrobrás um "impasse" que estaria dificultando a liberação de recursos para obras no Piauí. Numa conversa com o então presidente da Companhia Energética do Piauí, Jorge Targa, no dia 27 de fevereiro deste ano, Sá fala sobre questões burocráticas que precisavam ser resolvidas.
Minutos depois, Sá liga para um homem e pede ao interlocutor que diga ao "senador que ele está precisando falar com o senador ainda hoje de noite". Sérgio "manda pedir para o senador ligar para ele agora, pois não está conseguindo falar no celular dele". A PF não identificou a qual senador Sá se referiu.
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