Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/03/2002 - 09h06

Promotoria não localiza "laranjas" que atuaram em obra em SP

Publicidade

da Folha de S.Paulo

O Ministério Público do Estado de São Paulo reforçou sua tese de que os donos de empreiteiras subcontratadas para trabalhar nas obras da avenida Água Espraiada são "laranjas" depois que nenhum dos oito diretores e sócios de pequenas construtoras foi encontrado ontem para depor.

Os empreiteiros deveriam ser ouvidos no inquérito que apura suposto desvio de verba pública na obra e o posterior envio de parte do dinheiro para o exterior. A obra foi iniciada durante a gestão de Paulo Maluf (1993-1996) na Prefeitura de São Paulo.

O promotor Silvio Marques suspeita que parte desse dinheiro tenha ido parar em ativos financeiros em nome de Maluf e de seus familiares na ilha de Jersey.

Na tentativa de localizar os donos das subempreiteiras, os agentes do Ministério Público encontraram empresas cujos endereços cadastrados na Junta Comercial nem sequer existiam.

Para a Promotoria, o papel das subcontratadas pelas empreiteiras Mendes Júnior e OAS, responsáveis pela obra, é fundamental para entender o suposto esquema de desvio de verba.

De acordo com cópias de cheques em mãos dos promotores e com depoimento prestado por Simeão Damasceno de Oliveira, ex-funcionário da Mendes Júnior, as subcontratadas repassavam às empreiteiras 90% do pagamento que recebiam - apenas 10% do montante referia-se realmente a serviços prestados.

Maluf, seu filho Flávio e o ex-secretário de Obras Reynaldo de Barros, na época presidente da Emurb (Empresa Municipal de Urbanização), teriam participado, segundo os promotores, recebendo 20% da propina. Todos negam as acusações.

A Justiça de São Paulo decretou anteontem novamente a quebra do sigilo bancário de Maluf, de seu filho e de mais 20 envolvidos.

Segundo Damasceno de Oliveira, a obra, que custou cerca de R$ 796 milhões, foi superfaturada em R$ 550 milhões. O dinheiro teria sido enviado ao Citibank e ao Safra de Genebra (Suíça) e ao MTB Bank de Nova York (EUA).

Simeão é alvo de inquérito em ação movida pela Mendes Júnior. Ele é acusado de ter tentado chantagear a empreiteira.

Os promotores também apuram as relações entre as subempreiteiras que participaram da obra. Segundo o Ministério Público, Rosa Tomaceli, sócia da Fomento Engenharia e Construções, é casada com Juan Marques, sócio da Ualuna Industrial e Ambiental. Nenhum dos dois foi encontrado pelo Ministério Público ontem.

O engenheiro Amauri Martins Barbieri já afirmara aos promotores que, apesar de seu nome ter constado na Junta Comercial como proprietário da Ualuna, é um "laranja". Outro suposto "laranja" seria a desempregada G.M.C., que aparece como a dona da Jatobá Esquadrias de Madeira.

Outro depoimento considerado importante pelos promotores foi o de um diretor de uma das subcontratadas, cujo nome permanece em sigilo. Ele teria afirmado que passou R$ 10 milhões em notas frias para a Mendes Júnior.
(JULIA DUAILIBI)
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página