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Senadores criticam retorno de boxeadores cubanos
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FERNANDA KRAKOVICS
da Folha de S.Paulo, em Brasília
Senadores da oposição e da base aliada cobraram ontem explicações do governo sobre a prisão e repatriamento dos boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux e Erislandy Lara. O líder do PSDB, senador Arthur Virgílio (AM), pediu a convocação dos ministros Celso Amorim (Relações Exteriores) e Tarso Genro (Justiça).
"O Brasil rasgou a melhor tradição da sua democracia com essa deportação sumária dos dois boxeadores cubanos. O Brasil tem tradição de conceder asilo político a todos que o têm buscado em nosso território", disse Virgílio (faixa-preta de jiu-jitsu, ele já treinou boxe tailandês).
Os boxeadores fugiram da delegação de Cuba nos Jogos Pan-Americanos e foram presos pela Polícia Federal em Araruama (RJ). Segundo o delegado-chefe da PF de Niterói, Felício Laterça, eles decidiram voltar por vontade própria.
O DEM divulgou nota na qual diz que "causa espécie a utilização do serviço de inteligência da Secretaria Nacional de Segurança Pública como um prolongamento da polícia política do ditador Fidel Castro". O presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Heráclito Fortes (DEM-PI), e o líder do PSDB compararam o episódio à deportação da judia Olga Benário, mulher de Luiz Carlos Prestes, pelo governo Getúlio Vargas para a Alemanha nazista, onde morreu em um campo de concentração.
"Lula, que durante muitos anos pregou direitos humanos pelas ruas, nos desaponta ao permitir que a máquina policial do seu governo entregue de maneira precipitada esses dois jovens atletas que fugiram e demonstraram que para seu país não queriam voltar", disse Fortes.
Únicos governistas no plenário, os senadores Eduardo Suplicy (PT-SP) e Marcelo Crivella (PRB-RJ) não defenderam o Planalto. "Fiquei extremamente preocupado quando soube que eles estavam detidos e seriam encaminhados a seu país. Gostaria de ter visto uma entrevista livre dos dois. Isso precisa ser objeto de melhor esclarecimento", disse Suplicy --boxeador na juventude. Ele pediu explicações ao Itamaraty. O Ministério da Justiça disse que os atletas "não apresentaram pedido de refúgio ao governo brasileiro" e manifestaram "a vontade de retornar a Cuba".
No México, o chanceler Celso Amorim declarou: "A versão que me foi dada foi de que eles pediram para voltar. Em que circunstâncias, eu não sei".
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