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27/04/2002 - 07h40

Plano de Lula é "frufru eleitoral", diz Serra

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MÁRIO MAGALHÃES
da Folha de S.Paulo, no Rio

O pré-candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP), qualificou ontem como ""demagógica, furada, estímulo à sonegação e frufru tributário eleitoral" a proposta de mudança do Imposto de Renda de Pessoa Física feita pelo pré-candidato do PT, Luiz Inácio Lula da Silva.

Anteontem, o líder petista propôs trocar as alíquotas atuais (15,0% e 27,5%, fora os isentos) para faixas de 5% a 50%.

Sem se referir nominalmente a Lula, Serra fez as declarações em palestra e entrevistas na sede da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

"A idéia de que se vai resolver o problema tributário do Brasil caindo em cima da pessoa física, além de demagógica, não funcionaria", disse o senador. ""É coisa para falar em campanha eleitoral. Quando se pensa na Inglaterra, nos EUA, em países ricos, o quadro é outro. No caso brasileiro isso é totalmente furado."

De acordo com Serra, a fórmula defendida por Lula não teria "nenhum resultado significativo. A base é modestíssima para tributar. É mais um estímulo à sonegação. [Mudar alíquotas] não é um aspecto que tenha maior relevância do ponto de vista tributário. Isso é frufru tributário eleitoral".

O pré-candidato do PSDB disse que para haver algum impacto com aumento de alíquotas "teria que haver salários milionários, muito acima da média brasileira".

O presidente da Firjan, Eduardo Eugênio Gouvêa Vieira, também disse temer que a proposta de Lula sobre o Imposto de Renda de Pessoa Física possa provocar o aumento da sonegação e afastar investidores.

Serra é o candidato do presidente Fernando Henrique Cardoso, em cujo governo a carga de Imposto de Renda para as pessoas físicas subiu regularmente devido, em especial, ao congelamento das deduções.

Sem citar o pré-candidato do PPS à Presidência da República, Ciro Gomes, Serra afirmou ser "delirante" o que chamou de "imposto ao gasto". Foi uma referência à defesa que Ciro faz de uma transferência da tributação da produção para o consumo, como forma de dinamizar a economia.

Serra disse que, com o "imposto ao gasto", seria impossível manter a arrecadação anual de R$ 120 bilhões alcançada com vários tributos: "Isso é delirante. A coisa não vai por aí".

O tucano se disse a favor de uma reforma tributária que "não é para aumentar ou diminuir a carga nem para mudar a distribuição entre as esferas da federação".

Numa nova crítica ao governo federal, cuja política de aumento da gasolina e da tarifa de energia ele já condenou, Serra disse que "o que o governo tem que fazer é ouvir menos, parar de ouvir e ter a sua proposta". O senador disse que, como há interesses muito contraditórios no setor produtivo, é preciso bancar um projeto e tentar aprová-lo no Congresso.

Garotinho
O tucano ironizou o pré-candidato do PSB à Presidência, Anthony Garotinho. "Tem gente que apresenta a baixa da taxa de desemprego no Estado do Rio como resultado dos últimos três anos, mas isso vem de antes". Garotinho governou o Rio de 1999 a 2002. Seu antecessor foi Marcello Alencar, do PSDB, como Serra.

O presidenciável disse que gostaria de receber o apoio do prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL)

Mata-mosquitos
Ao sair do evento, Serra se irritou com um cerco de 40 mata-mosquitos dispensados pelo Ministério da Saúde em 1999 ao prédio da Firjan, no centro do Rio.

Os mata-mosquitos ameaçaram atirar ovos em Serra, que em 1999 era ministro da Saúde. O senador recebeu uma comissão, ouviu o pedido de readmissão e, depois, escapou sem ser visto, num carro blindado, por uma saída lateral. Os mata-mosquitos atiraram ovos na portaria da Firjan.

O protesto atrasou em uma hora a chegada de Serra a Duque de Caxias (Baixada Fluminense), onde anunciou que seu coordenador de campanha no Estado será o prefeito da cidade, José Camilo Zito dos Santos (PSDB).

Na cidade, Serra disse que houve uma "atitude eminentemente eleitoral" do PT e do PSTU no protesto que enfrentou na saída da Firjan. "Lula [pré-candidato do PT] certamente não sabe disso", afirmou.
 

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