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Tuma diz que situação de Renan ficou delicada após depoimento de usineiro
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse hoje que o usineiro João Lyra não apresentou na tarde desta quinta-feira documentos que comprovam a participação do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na operação de compra de um grupo de comunicação em Alagoas por meio de laranjas. Tuma disse, no entanto, que a situação de Renan ficou "delicada" após o depoimento do usineiro. O corregedor ouviu Lyra hoje à tarde em Maceió (AL), em uma das empresas do usineiro.
Por telefone, Tuma fez um resumo do depoimento do empresário --que acusa Renan de ser seu sócio oculto para a compra de um grupo de comunicação por R$ 1,3 milhão, em Alagoas, por meio de laranjas.
Segundo o senador, Lyra entregou apenas um papel assinado por Renan, em nome do Senado Federal, sobre a renovação da concessão de uma das rádios que integram o grupo. Mas apresentou uma pasta com documentos de Tito Uchoa --que seria um dos supostos laranjas usados por Renan-- que comprovariam o envolvimento do senador no esquema.
O usineiro alega que Uchoa era quem assinava os papéis da compra do grupo de comunicação em nome do presidente do Senado. Mas não entregou ao corregedor nenhum documento --além da autorização do Legislativo para a renovação de concessão da rádio-- com a assinatura de Renan.
"Ele [Lyra] entregou uma pasta com documentos para comprovar o envolvimento do Tito Uchoa que, segundo ele, era o representante do Renan na sociedade. O Lyra afirma que eles negociaram as dívidas e que todos os documentos foram assinados, segundo ele, pelo Tito Uchoa", explicou Tuma
Lyra afirmou, no depoimento, que depois de desfazer a sociedade oculta com Renan o usineiro ficou com a administração da rádio "Correio", enquanto ele, com o jornal do grupo de comunicação.
O corregedor disse que terá que ouvir Uchoa para apurar em detalhes as denúncias contra Renan. Tuma disse, porém, que o Uchoa está desaparecido, por isso ainda não marcou o depoimento do suposto laranja. "Ele é a pessoa que tem que ser ouvida ao lado do outro representante do senador [Carlos Santa Ritta, também apontado como laranja]", disse.
Avaliação
Tuma evitou fazer avaliações sobre o depoimento do usineiro. Mas admitiu que a situação de Renan não é boa neste momento. "Fica uma situação bastante delicada", afirmou.
O corregedor disse que Lyra não colocou à disposição da Corregedoria do Senado os seus sigilos bancário, fiscal e telefônico. O advogado do usineiro argumentou que seu cliente só vai apresentar seus dados se receber uma determinação judicial. Tuma disse, no entanto, que o usineiro está disposto a "apresentar todas as informações necessárias" às investigações do Senado.
Tuma vai ouvir, nesta sexta-feira, o depoimento de Luiz Carlos Barreto --que foi diretor-executivo do jornal adquirido supostamente por Lyra e Renan no período das denúncias. Em entrevista à TV Globo, o jornalista confirmou que, junto com o empresário Nazário Pimentel, vendeu as duas empresas para o presidente do Senado e para o usineiro.
Governador
Antes de ouvir o usineiro, Tuma almoçou com o governador Teotônio Vilela Filho --uma dos principais aliados de Renan. O presidente do Senado argumenta que Lyra decidiu revelar a suposta sociedade oculta com o uso de laranjas depois que apoiou Vilela nas eleições ao governo do Estado no ano passado. Lyra era o principal adversário do governador e saiu derrotado na disputa.
Tuma negou que tenha discutido a situação de Renan no almoço com o governador. "Batemos um papo político sem entrar no mérito do que iríamos fazer", disse.
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