Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/05/2002 - 13h43

CPI deve investigar empréstimo do Banespa

Publicidade

da Folha de S.Paulo, em Brasília

A CPI do Banespa pretende investigar uma operação feita no início dos anos 90, quando o banco ainda era estatal, que pode ter servido para transferir dinheiro irregular do exterior para o Brasil.

Na operação, o Banespa emitiu títulos no exterior e, depois de levantar o dinheiro, repassou US$ 3 milhões à tecelagem Calfat S/A.

Segundo reportagem da revista "IstoÉ" desta semana, na época em que o empréstimo foi aprovado, abril de 1992, a Calfat estava em processo de liquidação e, numa situação normal, dificilmente conseguiria credores.

Uma suspeita da CPI é que os compradores dos títulos teriam usado sobras de financiamentos de campanhas eleitorais. Esse dinheiro teria sido enviado irregularmente ao exterior e, com a operação, teria sido "esquentado".

A operação
Dois nomes envolvidos na operação têm alguma ligação com o pré-candidato do PSDB à Presidência, senador José Serra (SP).

Um é o empresário Ricardo Sérgio de Oliveira, que arrecadou fundos para campanhas de Serra em 1990 e 1994. Outro é Vladimir Antônio Rioli, que foi sócio do tucano de 1986 a 1995.

O documento que selou o empréstimo tem as assinaturas dos dois. Ricardo Sérgio era do conselho de administração da Calfat e foi avalista da operação. Rioli era vice-presidente de operações do Banespa e fazia parte do comitê de crédito do banco. Segundo a revista, Ricardo Sérgio montou a operação e Rioli a aprovou.

Na operação, o agente financeiro, que garantiu a transação, foi o Banespa. Até hoje nada foi pago ao Banespa, que captou o dinheiro e o repassou para a Calfat.

Rioli disse à Folha que a decisão de dar o empréstimo foi tomada pelo comitê de crédito do banco, e não só por ele. Diz também que a empresa que teve com Serra, a Consultoria Econômica e Financeira Ltda., só funcionou de fato por um ano depois de fundada, em março de 1986. Serra tinha apenas 10% da sociedade.

"Abri a empresa para escrever artigos de economia durante o período em que fiquei sem remuneração, após deixar o governo Montoro", disse Serra. "A empresa foi desativada quando assumi uma vaga como deputado constituinte", disse. Segundo o pré-candidato, "as insinuações levantadas pela revista e pela CPI são, além de mentirosas, parte do terrorismo em marcha" contra sua candidatura. Segundo Serra, a extinção da empresa só foi formalizada em 95 porque houve inépcia dos encarregados em executá-la e, além disso, a lei determina um prazo de cinco anos para que tal operação seja reconhecida.

A investigação
O presidente da CPI do Banespa, deputado Luiz Antônio Fleury Filho (PTB-SP), adversário histórico de Serra e adepto da candidatura Ciro Gomes (PPS), disse anteontem que aguarda os documentos referentes à operação da Calfat para definir uma linha de investigação. Fleury, que era governador de São Paulo na época da operação do Banespa, disse que sabia da ligação entre Rioli e os tucanos. Mas afirmou desconhecer que Rioli e Serra foram sócios. "Precisamos investigar tudo isso", disse Fleury, sobre a suspeita de que a operação teria sido usada para trazer para o país dinheiro ilícito que estaria depositado em paraísos fiscais.

Fleury também aguarda documentos relacionados aos empréstimos do ex-banco estatal para a Gremafer, do empresário Gregorio Marin Preciado, que foi sócio de Serra em um terreno em São Paulo. A documentação das duas operações já foi requisitada pela CPI ao Banco Central e ao Santander, atual dono do Banespa.

A CPI investiga empréstimos do Banespa para a Gremafer, empresa de Gregorio Marin. Em 1993, o banco emprestou a Marin R$ 21 milhões, operação que também teria sido aprovada por Rioli. A dívida acabou sendo reduzida.

Na última quarta-feira, Ricardo Sérgio e Gregorio Marin iriam depor na CPI. Mas uma operação governista de última hora derrubou os depoimentos. O argumento usado foi que as operações envolvendo os dois empresários ocorreram antes de dezembro de 1994, ou seja, em um período anterior à intervenção do Banco Central no Banespa. Como a CPI foi aprovada para investigar apenas os atos praticados após a intervenção no banco estatal, os depoimentos não seriam legais.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página