Líderes da base dizem que Planalto precisa melhorar relações com PMDB

Líderes da base aliada reconheceram nesta quinta-feira que o governo federal terá que melhorar o diálogo com o PMDB --tanto na Câmara quanto no Senado-- para evitar novas derrotas no Congresso. Sem distribuir cargos ao partido nem recursos para Estados governados pela legenda, os peemedebistas estão dispostos a endurecer a relação com o Palácio do Planalto caso não tenham suas reivindicações atendidas.

Com o enfraquecimento político do senador Renan Calheiros (PMDB-AL), o governo federal reduziu o canal de diálogo com a bancada do PMDB no Senado --o que irritou grande parte dos parlamentares.

"O PMDB quis engordar sua conta. Isso não deixa de ser algo positivo, já que derrubamos uma medida provisória do governo. Acho que a gente deve aproveitar essa onda", disse o senador Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE), conhecido pela postura de oposição em relação ao governo.

A derrubada da medida provisória que criou a Secretaria de Planejamento de Longo Prazo da Presidência da República no plenário do Senado mostrou que, sem o PMDB, o governo terá dificuldades para aprovar a PEC (proposta de emenda constitucional) que prorroga a vigência da CPMF (contribuição provisória sobre movimentação financeira) até 2011.

"Foi uma decisão política do PMDB para demonstrar sua força ao governo. O Palácio do Planalto tem que saber lidar com isso. Há o erro do governo na falta da execução orçamentária e na distribuição de cargos a aliados. Estamos em outubro e verificamos que poucas emendas foram empenhadas", alertou o senador Renato Casagrande (PSB-ES).

O parlamentar atribui a derrota governista no plenário do Senado a três fatores. O primeiro seria a permanência do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) na presidência da Casa --mesmo com a pressão para se afastar do cargo. Casagrande também disse que, ao ceder para a bancada do PMDB na Câmara postos na Petrobras, o governo provocou um racha entre as alas do partido --Câmara e Senado.

O senador também acredita que uma disputa interna no PMDB levou à rebelião dos senadores da legenda.

Defesa

O vice-líder do PT na Câmara, deputado Henrique Fontana (RS), saiu em defesa da relação do governo com o PMDB. Segundo Fontana, não houve erros da parte do Palácio do Planalto, e sim dos peemedebistas, que tomaram uma medida "radical" sem consultarem o Executivo.

"Neste caso, o PMDB errou. Nós temos fóruns, coordenação política, um ministro ativo e um presidente aberto ao diálogo. Tínhamos todo o espaço para contestação e nunca apareceu uma queixa. Foi uma surpresa total e desagradável", afirmou.

Fontana disse acreditar que o governo saberá retomar o diálogo com os peemedebistas, com conversas capazes de abafar a rebelião da legenda. "A calma é muito importante neste momento, com uma conversa que ponha as coisas em seu lugar."

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