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23/06/2002
-
08h00
da Folha de S. Paulo
O inesperado anúncio do cardiologista Enéas Carneiro, 63, de que não disputará a Presidência da República neste ano pela primeira vez desde 1989 tem um motivo: salvar seu partido, o Prona.
Enéas acredita que a tendência é que apenas partidos com representação no Congresso se mantenham vivos, e o Prona hoje não tem deputado federal ou senador.
Por isso se candidatará a deputado federal por São Paulo.
"É um recuo estratégico. Recuo que é fundamental para permitir que o partido possa continuar existindo, através de uma representação no Congresso Nacional", disse, em um "Comunicado à Nação" divulgado na quarta.
Anteontem, deu uma ríspida entrevista àFolha de 22 minutos, ao lado de seu advogado e da presidente regional do Prona, Havanir Nimtz. Com um aparelho na mesa, avisou que gravaria a entrevista. Leia os principais trechos:
Folha - Por que o sr. desistiu?
Enéas Carneiro -
A razão é exatamente aquela [a do comunicado]. Não tenho nada a acrescentar.
Folha - Por que ser deputado?
Enéas - A tendência que aí está é que só se mantenham os partidos com representação. Como é aceito pela grande maioria dos jornalistas [ele cita dois exemplos], tenho uma eleição garantida para deputado. Eu jamais quis isso porque a mudança das regras, para que a Nação possa emergir do caos em que se encontra, seria infinitamente mais fácil estando na Presidência da República.
Folha - O sr. sempre afirmou que só concorreria à Presidência?
Enéas - Já disse isso em documento escrito e anulei esse documento [em 2000, Enéas se candidatou a prefeito de São Paulo]. A probabilidade tende a zero de ganhar uma eleição com 80 segundos [na TV] durante um mês e meio, três vezes por semana.
Folha - Como o sr. imagina que será a sua atuação no Congresso?
Enéas - Daí eu peço desculpas ao sr., mas eu não tenho nenhum compromisso com a imprensa brasileira de dizer o que vou fazer. Nenhum. Com o povo o meu compromisso foi sanado naquele instante quando eu cheguei diante da câmera, ao vivo [ele anunciou sua decisão no "Programa do Ratinho", no SBT, na quarta].
Folha - Sobre a bomba atômica...
Enéas - Isso é uma pilhéria de mau gosto, em 98, extremamente maldosa da imprensa brasileira podre, que tomou bomba atômica como sinônimo do meu nome.
Folha - Qual vai ser a estratégia de campanha do sr.?
Enéas - Não há nada a ser declarado a esse respeito.
Folha - Mas o sr. já a traçou?
Enéas - Tenho o direito de não dar satisfação à imprensa.
Folha - O sr. falou em TV. O sr. tem alguma idéia de como usá-la.
Enéas - Tenho idéia, mas não vou lhe dizer. Só uma pergunta: ficou claro o que disse sobre bomba? Instrumento de dissuasão estratégica. O sr. sabe o que é isso?
Folha - É para dissuadir eventuais adversários?
Enéas - Exatamente. Eventuais num mundo hoje onde o sr. vê que o o belicismo é a tônica.
Folha - O sr. tem idéia de quantos deputados o Prona elege?
Enéas - Mesmo que tivesse essa idéia, não diria ao sr.
Para salvar o Prona, Enéas tenta se eleger deputado federal por SP
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da Folha de S. Paulo
O inesperado anúncio do cardiologista Enéas Carneiro, 63, de que não disputará a Presidência da República neste ano pela primeira vez desde 1989 tem um motivo: salvar seu partido, o Prona.
Enéas acredita que a tendência é que apenas partidos com representação no Congresso se mantenham vivos, e o Prona hoje não tem deputado federal ou senador.
Por isso se candidatará a deputado federal por São Paulo.
"É um recuo estratégico. Recuo que é fundamental para permitir que o partido possa continuar existindo, através de uma representação no Congresso Nacional", disse, em um "Comunicado à Nação" divulgado na quarta.
Anteontem, deu uma ríspida entrevista à
Folha - Por que o sr. desistiu?
Enéas Carneiro -
A razão é exatamente aquela [a do comunicado]. Não tenho nada a acrescentar.
Folha - Por que ser deputado?
Enéas - A tendência que aí está é que só se mantenham os partidos com representação. Como é aceito pela grande maioria dos jornalistas [ele cita dois exemplos], tenho uma eleição garantida para deputado. Eu jamais quis isso porque a mudança das regras, para que a Nação possa emergir do caos em que se encontra, seria infinitamente mais fácil estando na Presidência da República.
Folha - O sr. sempre afirmou que só concorreria à Presidência?
Enéas - Já disse isso em documento escrito e anulei esse documento [em 2000, Enéas se candidatou a prefeito de São Paulo]. A probabilidade tende a zero de ganhar uma eleição com 80 segundos [na TV] durante um mês e meio, três vezes por semana.
Folha - Como o sr. imagina que será a sua atuação no Congresso?
Enéas - Daí eu peço desculpas ao sr., mas eu não tenho nenhum compromisso com a imprensa brasileira de dizer o que vou fazer. Nenhum. Com o povo o meu compromisso foi sanado naquele instante quando eu cheguei diante da câmera, ao vivo [ele anunciou sua decisão no "Programa do Ratinho", no SBT, na quarta].
Folha - Sobre a bomba atômica...
Enéas - Isso é uma pilhéria de mau gosto, em 98, extremamente maldosa da imprensa brasileira podre, que tomou bomba atômica como sinônimo do meu nome.
Folha - Qual vai ser a estratégia de campanha do sr.?
Enéas - Não há nada a ser declarado a esse respeito.
Folha - Mas o sr. já a traçou?
Enéas - Tenho o direito de não dar satisfação à imprensa.
Folha - O sr. falou em TV. O sr. tem alguma idéia de como usá-la.
Enéas - Tenho idéia, mas não vou lhe dizer. Só uma pergunta: ficou claro o que disse sobre bomba? Instrumento de dissuasão estratégica. O sr. sabe o que é isso?
Folha - É para dissuadir eventuais adversários?
Enéas - Exatamente. Eventuais num mundo hoje onde o sr. vê que o o belicismo é a tônica.
Folha - O sr. tem idéia de quantos deputados o Prona elege?
Enéas - Mesmo que tivesse essa idéia, não diria ao sr.
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