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26/07/2000 - 07h41

FHC não rouba, mas deixa roubar, diz Ciro

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da Folha de São Paulo

O ex-ministro Ciro Gomes (PPS) classificou na terça-feira (25) como "omisso" o presidente Fernando Henrique Cardoso ao comentar as denúncias de superfaturamento e lobby que já envolvem o nome do ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira.

Nas palavras de Ciro, "Fernando Henrique não rouba, mas deixa roubar".
"Neste exato instante, não tenho nenhum dado que me autorize a mudar a minha opinião e dizer que Fernando Henrique é corrupto. Hoje, neste minuto, não acredito que ele seja, me recuso a acreditar", disse Ciro.

"Mas não sou besta. Esse Eduardo Jorge é corrupto e trabalhava na ante-sala do presidente. É omissão. Eu sempre defendi que a missão de um político sério é não roubar e não deixar roubar. Aproveitando a minha metodologia: eu acho que o Fernando Henrique não rouba, mas deixa roubar", declarou o presidenciável.

As declarações de Ciro foram dadas durante uma visita à cidade de Piracicaba, base eleitoral do deputado federal João Herrmann Neto, líder do PPS na Câmara dos Deputados.

Piracicaba é a 158ª cidade visitada por Ciro este ano - número que ele pretende dobrar até o final do ano, em uma espécie de pré-campanha para as eleições presidenciais de 2002.

Não sei quem é

Ciro, que foi ministro da Fazenda de Itamar Franco, diz que nunca foi procurado por Eduardo Jorge e nega conhecê-lo. "Nunca foi procurado, não sei quem é, nunca vi e não tenho notícia", afirmou Ciro sobre o ex-secretário-geral da Presidência.

"Mais: nunca assinei nada sobre o TRT. Ato funcional meu não há. Eu nunca assinei, porque eu sei o que assino", continuou, classificando com um absurdo o fato de o presidente FHC alegar não ter lido um pedido de suplementação orçamentária para a obra superfaturada da sede do TRT-SP.

"Isso (a alegação de não ter lido) é uma loucura. Claro que você fisicamente não lê tudo o que assina. Mas com a assinatura você assume responsabilidade por aquilo. Isso quer dizer que você tem de ter um conjunto de assessores de absoluta confiança. Mas a partir da hora em que você assina não é desculpável dizer que não leu."

Para ele, porém, "o fato de você assinar uma proposta de suplementação orçamentária à deliberação do Congresso não quer dizer nada, senão rotina", não implicando o presidente com os possíveis desvios.

Teatro

Apesar de classificar como "evidentes" os indícios de que Eduardo Jorge está envolvido em irregularidades, Ciro Gomes confirmou que seu partido, o PPS, não apóia a instauração de uma CPI para apurar o caso, quadro que já vinha se delineando nas últimas semanas.

Ele avalia que o Ministério Público e a subcomissão do Senado têm instrumentos para terminar as investigações sobre as relações de EJ e que ainda não há elementos suficientes para incluir o nome de FHC nas investigações. "Há instâncias para serem exauridas antes de definirmos se somos a favor ou contra uma CPI."

O presidenciável classificou como "teatro" a articulação da oposição, que estaria querendo tirar "dividendos eleitorais" do pedido de CPI.

"O problema é que isso tem efeito inverso. Na medida em que você levanta essa suspeição, imediatamente o presidente se torna refém dessa base podre à qual ele aderiu. Ou seja: a oposição, que não tem votos para instaurar a CPI, cria um hipervalor para cada um desses ícones fisiológicos irem cobrar do presidente o não apoio à CPI. Nós criaríamos a ilusão de que a CPI poderia acontecer e daríamos a eles o poder de barganha. Eu não vou servir a isso, não vou ser massa de manobra da chantagem contra o presidente", declarou.

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