Governador de AL defende Renan e diz que João Lyra é "movido pelo ódio"

Em depoimento sigiloso ao Conselho de Ética do Senado, o governador Teotônio Vilela Filho (PSDB-AL) desqualificou nesta terça-feira o usineiro João Lyra e saiu em defesa do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) no processo em que é acusado de usar "laranjas" para comprar um grupo de comunicação em Alagoas.

O governador disse que Lyra --autor das denúncias contra Renan-- não tem escrúpulos nem idoneidade para acusar o peemedebista. "O que existe hoje é no plano da fofoca. O João Lyra odeia o Renan, é um homem de imagem inidônea pela sua história de vida, um homem sem escrúpulos. Eu sou alagoano e me sinto no direito de vir aqui jogar flores na Geni", afirmou.

Vilela Filho prestou depoimento ao senador Jefferson Péres (PDT-AM), relator do processo contra Renan, que estava acompanhado do presidente do Conselho de Ética, Leomar Quintanilha (PMDB-TO). O governador foi arrolado como testemunha de Renan por ser inimigo político de Lyra, já que a estratégia de defesa do senador tem como objetivo desqualificá-lo como autor das denúncias.

Além de disparar críticas a Lyra, o governador disse que não há provas que liguem Renan ao suposto uso de laranjas para a compra de duas rádios e um jornal em Alagoas. "Não é uma questão de abonar o Renan, mas o Lyra fala essas coisas sem provas. Por que não fez as denúncias durante a campanha eleitoral? Por que essa questão surgiu só agora? Ele é a última pessoa que pode dar depoimento no Senado para prejudicar o senador Renan por ser um homem movido pelo ódio."

Vilela Filho disse não acreditar no envolvimento de Renan nas denúncias investigadas por Péres diante da conduta "ilibada" do peemedebista no Estado. "Eu prestei um depoimento sobre o trabalho que o senador Renan fez e faz por Alagoas. Sua vida política tem serviços e obras prestados em todos os municípios, sem exceção", afirmou.

Depoimentos

Além do governador alagoano, Péres ouve nesta terça-feira os depoimentos de Nazário Pimentel e de Sérgio Luiz Ferreira --que são respectivamente o ex-dono e o ex-diretor financeiro do jornal que teria sido comprado por Renan e Lyra com o uso de "laranjas" em Alagoas.

O empresário Carlos Santa Rita, que seria ouvido pelo relator, encaminhou carta ao Conselho de Ética justificando sua ausência no depoimento. Santa Rita é apontado como um dos laranjas que teria sido usado pelo peemedebista para a compra das rádios --já que seria lotado no gabinete de Renan, mas trabalharia para o senador em Alagoas.

Péres espera apresentar nesta quarta-feira seu texto ao Conselho de Ética da Casa, mas mantém em segredo a sua decisão. O senador disse só vai revelar sua posição no momento da divulgação de seu relatório. Reportagem da Folha informa que a cassação de Renan depende de Péres. É que os relatores de outros dois processos já avisaram que não irão propor punição ao colega.

O senador Almeida Lima (PMDB-SE), relator da denúncia de que Renan montou esquema de corrupção em ministérios do PMDB, disse que vai pedir o arquivamento do processo.

O senador João Pedro (PT-AM) sinaliza que não há provas para condenar Renan. Ele relatou a denúncia de que o senador teria trabalhado para reverter dívida de R$ 100 milhões da Schincariol junto ao INSS depois que a empresa comprou uma fábrica de seu irmão.

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