Aliados de Renan usam CPMF para barganhar absolvição no plenário do Senado

Aliados do presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), se articulam para evitar que o placar desfavorável ao peemedebista no Conselho de Ética da Casa, registrado nesta quarta-feira, se repita no plenário na semana que vem. O grupo pró-Renan avalia que, mesmo com a larga margem de votos favoráveis à cassação no conselho (11 votos a três), o peemedebista terá chances de escapar da perda do mandato no plenário.

A Folha Online apurou que o PMDB está disposto a cobrar o apoio dos governistas pela absolvição de Renan em troca do voto da legenda à prorrogação da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira). Apesar de líderes do partido negarem a barganha, a CPMF será usada como "moeda de troca" para evitar que Renan seja cassado pela Casa.

Como trabalham para reunificar a base aliada com o objetivo de assegurar a prorrogação da contribuição, os governistas não escondem o temor de haver dissidências de parte do PMDB à matéria. A oposição aposta na barganha dos peemedebistas, enquanto governistas alertam que a estratégia pode acabar prejudicando a prorrogação da CPMF.

"O governo se comportou bem na primeira votação contra o senador Renan ficando distante. Se ele se aproximar demais do Renan, ou se afastar demais, perderá votos", avaliou o senador Renato Casagrande (PSB-ES). O senador disse esperar que, ao contrário do primeiro processo contra Renan, a cassação do peemedebista seja aprovada pelo plenário da Casa.

O relator do processo no Conselho de Ética, Jefferson Péres (PDT-AM), também espera que o plenário repita o placar favorável à cassação. "Minha missão está cumprida, não estou atrás de mobilizar votos para o meu parecer. Eu fiz a minha parte, espero que o Senado faça a dele."

Apoio

Na votação desta quarta-feira no Conselho de Ética, Renan teve somente o apoio dos três peemedebistas presentes à votação: Wellington Salgado (MG), Almeida Lima (SE) e Valdir Raupp (RO). Os demais 11 integrantes do conselho votaram pela cassação, incluindo os cinco parlamentares do bloco de apoio ao governo --Augusto Botelho (PT-RR), João Pedro (PT-AM), Eduardo Suplicy (PT-SP), Jefferson Peres (PDT-AM) e Casagrande.

Lima e Salgado foram os únicos que saíram publicamente em defesa do senador. Raupp optou pelo silêncio porque foi deslocado para substituir o senador Gilvam Borges (PMDB-AP) na votação --que está ausente do Senado devido à morte de sua irmã.

"É lamentável a pena capital com base em indícios. Trata-se de uma acusação patrocinada por um adversário político. Eu não posso, em nome de nada, com toda dignidade que o povo do meu Estado reconhece, votar a favor do relator", disse Lima.

Já Salgado contestou o fato da representação contra Renan ter sido apresentada pelo DEM e o PSDB. "Eu acho o julgamento injusto porque dos 15 votos do conselho, pelo menos cinco do PSDB e do DEM já seriam contra o senador Renan porque são os partidos que fizeram a acusação", criticou.

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