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Heráclito rebate ministro e diz que CPI das ONGs protege cofres públicos de "aloprados"
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O senador Heráclito Fortes (DEM-PI) reagiu nesta sexta-feira à afirmação do ministro Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência da República) de que a CPI das ONGs (organizações não-governamentais) foi instalada no Senado por uma idéia de "conservadores". O democrata disse que, ao contrário do que acredita o ministro, os "conservadores" responsáveis pela CPI querem reduzir irregularidades nos repasses federais a essas entidades.
"Conservadores, sim, doutor Luiz Dulci. Conservadores de cofres. São os que não querem os aloprados invadindo os cofres públicos. A CPI não é dirigida a ninguém, mas também não vai proteger ninguém. Essa é uma CPI para ajudar o país a sair desta imoralidade que é o financiamento com recursos públicos de atividades inconfessáveis", reagiu o democrata.
Nesta quinta-feira (15), Dulci afirmou durante discurso na 13ª Conferência Nacional da Saúde que "forças conservadoras" foram responsáveis pela criação da CPI --que teve Heráclito como seu principal idealizador.
"Quero lhe dizer, ministro Luiz Dulci, que há 76 conservadores no Senado da República, porque foram exatamente 76 as assinaturas [que permitiram a abertura da CPI]. Aliás, do seu partido [PT], apenas dois não assinaram. Pergunte a eles os motivos", reagiu.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse que também estranhou as declarações do ministro. "Querer fazer a divisão das ONGs em conservadoras e progressistas? Não é por aí. Em nível internacional, nem sempre as ONGs são o que a gente imagina, têm influências negativas. Em nível local, parece que uma das fórmulas de agora é criar-se uma ONG, onde parece que o dinheiro se desvirtua, sem fiscalização alguma", afirmou.
Polêmica
A CPI das ONGs foi instalada há um mês no Senado, mesmo com forte pressão da base aliada para que não saísse do papel. Os governistas conseguiram manobrar para eleger o senador Inácio Arruda (PC do B-CE) como relator da CPI depois do PMDB indicar o senador Valter Pereira (PMDB-MS) para o cargo.
O governo pressionou o PMDB para desistir da indicação uma vez que o parlamentar integra a ala dos chamados "independentes" do PMDB.
O Palácio do Planalto teme que a CPI das ONGs se transforme em disputa política entre governo e oposição, já que o DEM e o PSDB pretendem sugerir investigações sobre a Fetraf-Sul (Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul) e na "Rede 13" --organização que teve Lurian, filha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre seus dirigentes.
A relatoria é considerada estratégica pelos governistas uma vez que o parecer elaborado por Arruda é que será votado no plenário da comissão ao final dos seus trabalhos.
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