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Saiba como funcionava a máfia das obras públicas
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da Folha Online
A Operação Navalha, da Polícia Federal, desarticulou em maio uma suposta quadrilha que fraudava licitações públicas para a realização de obras, como as previstas no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e no Luz Para Todos --ambas do governo federal.
A quadrilha atuava no Distrito Federal e em nove Estados --Alagoas, Bahia, Goiás, Mato Grosso, Sergipe, Pernambuco, Piauí, Maranhão e São Paulo-- infiltrada nos governo federal, estadual e municipal.
Segundo a PF, a quadrilha desviou recursos do Ministério de Minas e Energia, da Integração Nacional, das Cidades, do Planejamento, e do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes).
Para obter vantagem nas licitações para obras públicas, a empresa pagava propina e dava presentes para as autoridades envolvidas. O ex-governador do Maranhão José Reinaldo Tavares (PSB) é acusado de receber um carro Citröen ano 2005, modelo C5, no valor de R$ 110.350, pelo suposto direcionamento da licitação na BR-402.
Já o atual governador do Maranhão, Jackson Lago (PDT), foi apontado pela PF como beneficiário de vantagem indevida. Por meio de seus sobrinhos, Alexandre de Maia Lago e Francisco de Paula Lima Júnior, presos durante a operação, o governador teria recebido R$ 240 mil para permitir o pagamento, pela Secretaria de Infra-Estrutura do Estado, de R$ 2,9 milhões de uma obra da Gautama.
Também foram distribuídas várias passagens aéreas e diárias em hotéis para Brasília. Era a empresa quem custeava as viagens de integrantes da quadrilha para a capital federal para que defendessem seus interesses.
O prefeito de Camaçari, Luiz Carlos Caetano (PT), teria recebido como propina convite para o camarote da Gautama no Carnaval de Salvador, além de passeios de lancha, passagens aéreas e hospedagem na capital baiana.
O ex-ministro Silas Rondeau, citado na investigação da PF, foi acusado de receber propina de R$ 100 mil da Gautama. O esquema começou a respingar em Rondeau quando a PF prendeu durante a operação Ivo Almeida Costa, então assessor especial do gabinete do ex-ministro.
Níveis
A estrutura da quadrilha se dividia em três níveis. No primeiro, estariam funcionários da Gautama, criada a partir de uma dissidência da OAS. O chefe do esquema seria Zuleido Soares Veras, sócio-diretor da Gautama, também preso pela PF.
O segundo nível seria composto por 11 pessoas, a maioria servidores que atuavam como intermediários perante os políticos e funcionários públicos, exercendo influência sobre eles para a liberação de recursos.
No terceiro nível, estariam os agentes públicos municipais, estaduais e federais que, "praticando diversos delitos, viabilizam a atividade da organização na obtenção de liberação de verbas, direcionamento dos resultados das licitações", entre outras fraudes.
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