Acusação e relatoria defendem cassação de Renan para resgatar a imagem do Senado

O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio Netto (AM), que representou contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), e o relator do processo contra o peemedebista no Conselho de Ética, senador Jefferson Péres (PDT-AM), defenderam a cassação do ex-presidente da Casa como forma de garantir o resgate da imagem da instituição.

"Já vejo nuvens cinzentas sobre este país", afirmou Jefferson, fazendo um paralelo com as discussões políticas que ocorrem na Venezuela. "A Venezuela, até 1948, era uma sólida democracia. Mas começa a desmoronar e sabem por quê? Por causa da classe política", disse ele, na tribuna do Senado, no momento destinado à relatoria.

Péres admitiu ter ficado desconfortável com a indicação para ser o relator de Renan, no Conselho de Ética. Mas manteve a afirmação de que havia sete indícios contra o peemedebista no que se refere às acusações de que ele teria utilizado laranjas para comprar empresas de comunicação no interior de Alagoas.

"Recebi uma missão que não pedi. Recebi a missão é não foi com prazer. Mas foi uma missão que foi imposta", afirmou o relator.

Virgílio disse que os senadores deveriam votar pela perda de mandato de Renan como meio de resgatar a imagem do Senado. De acordo com o tucano, foi o peemedebista o "pivô" da crise que atinge a Casa desde o começo do ano.

"O que para mim é o ponto de convencimento é a crise. É o momento que vivemos", afirmou Virgílio, na tribuna. "Eu entendo que a quebra de decoro está marcada e nítida quando o presidente da Casa [Renan Calheiros] permite que o Senado entre em uma das piores crises."

Datafolha

A avaliação que o brasileiro faz do Congresso Nacional piorou e 45% dos brasileiros acham que ele é ruim ou péssimo, segundo pesquisa do Datafolha divulgada nesta terça-feira (4) pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).

Em pesquisa feita em março deste ano, o número de pessoas que achavam a atuação do Senado e da Câmara dos Deputados ruim ou péssima era de 30%.O percentual dos que consideram o Congresso ótimo ou bom caiu de 16% para 13%.

O intervalo da pesquisa --feita entre os dias 26 e 29 de novembro-- coincide com a crise envolvendo o presidente licenciado do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).

A taxa de reprovação ao Congresso ficou próxima ao recorde atingido em agosto de 2005, no auge do escândalo do mensalão, quando 48% consideravam o desempenho ruim ou péssimo.