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PT rejeita "debate ético" em segundo turno da eleição
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JOSÉ ALBERTO BOMBIG
da Folha de S.Paulo
O resultado final do primeiro turno das eleições do PT, divulgado ontem, mostra que o partido enterrou de vez o debate em torno de escândalos recentes --mensalão (2005) e dossiê antitucano (2006)-- e terá como principais focos de discórdia no restante da campanha a sucessão do presidente Lula.
Os candidatos que vão disputar o segundo turno (dia 16 deste mês), Ricardo Berzoini, atual presidente, e Jilmar Tatto, compartilham a tese de que os escândalos ficaram para trás.
José Eduardo Cardozo, derrotado por Tatto pela pequena margem de 3.746 votos, era o único que tinha como bandeira de campanha o "resgate da ética". Em quarto ficou Valter Pomar, outro crítico à atual direção nesse aspecto.
O número de 326 mil eleitores (de um universo de 900 filiados aptos a votar), superior aos 314 mil da eleição de 2005, auge do mensalão, comprovaria a mudança de prioridade.
"Aquele era um outro momento. Nós passamos pela crise ética, a militância se superou, a exemplo do que fez na reeleição do Lula. Agora, o desafio é preparar o partido para as disputas de 2008 e 2010", diz Romênio Pereira, secretário de organização do PT.
Berzoini, da corrente CNB (Construindo um Novo Brasil), e Tatto, da PT de Lutas e de Massas, também não divergem quanto à defesa do governo Lula. O segundo, porém, prega uma distância regulamentar do partido em relação ao Planalto e promete trabalhar pela candidatura própria petista em 2010.
"Não tenho ministro do governo na minha chapa. Vamos defender Lula e voltar ao movimento social, garantindo que o PT tenha candidato em 2010", diz Tatto. Já Berzoini promete trabalhar por uma candidatura própria, mas avalia que ela deve se impor aos aliados do PT naturalmente. "O partido tem de trabalhar tranqüilamente para chegar com um nome capaz de liderar a coalização", disse.
"Pacto majoritário"
Apesar de tantas semelhanças entre as duas candidaturas, o presidente do PT negou ontem, em nota à militância, que tenha procurado Tatto em busca de uma composição que evitasse o segundo turno.
Conforme revelou a Folha anteontem, emissários de Berzoini encamparam a idéia e chegaram a negociar com adversários. "Não aceito nenhuma tratativa em relação ao segundo turno que não seja programática", disse.
Já o tesoureiro do PT, Paulo Ferreira, um dos coordenadores da campanha de Berzoini, reconhece o movimento, mas diz que ele não tem o apoio do comando. "Não temos a intenção de recompor o Campo Majoritário [que comandou a sigla até o mensalão]."
Em seu blog, Luis Favre, marido da ministra Marta Suplicy (Turismo), pregou a criação de um "pacto majoritário".
"Essa possibilidade existe na medida em que, tanto Berzoini e Tatto, como as correntes que estão agrupadas no apoio a ambos, compartilham pontos centrais acumulados em todos esses anos pelo PT", afirmou.
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