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12/08/2002 - 17h10

Veja segunda parte da sabatina de Lula, quando responde a jornalistas

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da Folha Online

Leia a íntegra da segunda parte da sabatina de Luiz Inácio Lula da Silva, feita por jornalistas da Folha de S.Paulo

Nesta parte ele responde às perguntas de Eleonora de Lucena, editora-executiva do jornal, e dos colunistas do jornal Clóvis Rossi, Luís Nassif e Gilberto Dimenstein

Clóvis Rossi : Muito obrigado Lula. Então começo eu agora. Eu tenho a impressão de que você deve estar acostumado, Lula, a ser cobrado, criticado, torturado por perguntas ou por questões levantadas pelos setores conservadores.

Lula: Torturado, não.

Clóvis Rossi: Ainda não. Mas eu queria começar a tortura pelo outro lado, ou seja, digamos por um ponto de vista mais à esquerda, inclusive suscitado pelo seu comentário inicial em que você mencionou a dificuldade de dinheiro para os capitalistas e para os consumidores, o que é a realidade, de fato há essa dificuldade de dinheiro, mas não mencionou a imensa massa de pobres que jamais teve acesso a dinheiro. O que me dá a impressão de que de alguma maneira tem certa validade a critíca publicada domingo pela Folha, do padre Jesus Flores, que é da rede católica de emissoras, que sempre apoiou o PT, que atinge 24 Estados e que diz o seguinte: "O PT gira bolsinha pelas esquinas da vida à cata de alianças, com quem? Pouco importa. Vale-tudo". Como você responderia a essa crítica, Lula?

Lula: Primeiro e eu comecei falando da inclusão social, a inclusão social pressupõe o entendimento que nós estamos falando dessa parte da sociedade que está totalmente marginalizada.

Aquele que já está trabalhando, por exemplo, o Marinho (Luiz Marinho, do sindicato dos metalúrgicos do ABC) aqui que trabalha na Volkswagen, eles já estão incluídos, já faz parte da pequena classe média assalariada brasileira que tem acesso a bens que nós queremos que todos tenham.

Segundo, veja, eu acho que os mesmos que criticam o PT hoje porque o PT faz aliança política são os mesmos que escreveriam contra se o PT não fizesse a aliança política. Eu queria até pegar a Folha de S.Paulo, para pegar um artigo do Fernando Rodrigues, no dia em que eu fui para Brasília para conversar com o PL, o artigo do Fernandes Rodrigues era o seguinte: Lula fracassou. E tinha toda uma apologia do fracasso com as minhas relações com o PL. De noite nós fizemos um acordo com o PL. Numa demonstração de o que PT (...), nós geramos expectativa, paixão e ódio, e nós estamos habituando audiências a conviver com isso.

Nós fizemos aliança política porque entendíamos que o PT não poderia sair numa eleição mais uma vez sozinho.

Nós gostaríamos de ter feito aliança com o PPS, gostaríamos de ter feito aliança com o PSB, gostaríamos de ter feito aliança com o PDT, entretanto esses partidos não quiseram fazer aliança conosco. Nós queríamos fazer aliança com os setores do PMDB (...), mas a verticalização não permitiu que nós fizéssemos porque a verticalização, ela estabeleceu a promiscuidade nessa eleição em que você tem alianças brancas para tudo quanto é lado nesse país.

Então nós queríamos fazer essa aliança, não foi possível. Nós trabalhamos com o PL o tempo inteiro porque o PL teve um comportamento exemplar nesses últimos 6 anos, votando com a bancada da oposição no Congresso Nacional.

Não foi uma coisa fácil, nós temos problemas que não vão ser resolvidos nessa campanha. O PL de São Paulo apoiou o Maluf, não o Genoíno. O PL do Rio de Janeiro apoiou o Garotinho, não a mim. Mas o que é importante é que você tem na maioria dos Estados brasileiros setores do PL apoiando a candidatura do PT, fazendo campanha para o PT e ademais o PL permitiu, que era uma vontade expressa por mim e todas as conversas dentro do PT, de ter o meu companheiro José Alencar como vice na chapa. Então isso, só por isso valeu a pena fazer a aliança política.

Clóvis Rossi: Eu só queria avisar que vocês podem interromper a qualquer momento, não há normas formais, portanto, Nassif, não precisa pedir.
Gilberto Dimenstein: Na hipótese provável de você estar no segundo turno, você gostaria de ter o presidente no seu palanque acompanhando a campanha para mostrar uma aliança com o PSDB? Se dependesse da sua vontade ele estaria no palanque do Lula?
Lula: Olha, primeiro que isso não depende da minha vontade.... Isso depende da vontade do presidente da República enquanto eleitor.
Gilberto Dimenstein: Sim, mas pediria isso?
Lula: Não, não pediria. Por uma questão de respeito. Essas coisas não acontecem com um pedido, é como escolher ministro, você não anuncia que vai escolher antes de ter a certeza que ele aceitou ou não, senão ele pode recusar e você fica meio desmoralizado.
Deixa eu lhe contar uma coisa, eu só quero conversar sobre o segundo turno no segundo turno. Você sabe que eu, oficialmente, faço aniversário no dia 6 de outubro e eu espero que eu ganhe de presente o voto de 50% mais um dos eleitores brasileiros. Nós vamos trabalhar para isso. .
Se tiver segundo turno, aí o meu companheiro José Dirceu habilmente, como bom mineiro que é, vai sentar com todas as forças políticas que não forem para o segundo turno e vamos tentar então discutir de quem nós vamos precisar de apoio. E eu quero te dizer...
Gilberto Dimenstein: A pergunta é objetiva, você gostaria ou não gostaria? Não depende da vontade.
Lula: Eu quero dizer antecipadamente que eu quero o voto de todos os brasileiros, de todos, vou tentar convencer até os eleitores do meu adversário a votar em mim. Eu acho que o Presidente da República é sempre uma figura importante. No Brasil a gente precisa entender o seguinte, tem presidente da República que saiu muito desgastado no final do seu mandato em que você encontra todos os muros ainda pichados por nome e quando aparece nas pesquisas, essas pessoas ainda têm 15% dos votos.


Ora, se um voto é importante, imagine 15%, imagina 10%, imagina 5%? Então nós vamos esperar o segundo turno para conversar. Eu acho que o presidente Fernando Henrique Cardoso, nesse primeiro turno, na minha opinião, ele deveria se colocar como uma espécie de magistrado.
Você sabe que eu não sou de fazer bravata, não sou de fazer, nós tivemos uma eleição há pouco tempo no Brasil em que um candidato gostava de fazer bravatas, desmoralizar o Sarney, falar palavrões contra o Sarney, tentar desmoralizá-lo pessoalmente, eu nunca fiz isso e não faço porque eu respeito a instituição Presidência da República num país que precisa consolidar o seu processo democrático. Como eu quero ser respeitado, eu faço questão de respeitar os outros.

Leia as íntegras:
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