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Lula pretende abrir arquivos da ditadura
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KENNEDY ALENCAR
da Folha de S.Paulo, em Brasília
O presidente Lula pretende editar um decreto no primeiro trimestre de 2008, provavelmente em fevereiro, para determinar a abertura de todos os arquivos oficiais do período da ditadura militar (1964-1985). Essa decisão deveria ter sido tomada em outubro, mas foi adiada devido a um veto do Itamaraty a tornar públicos documentos do século 19.
Lula deseja adotar um modelo sobre abertura de arquivos que contemple todos os períodos históricos do Brasil. A maioria dos auxiliares presidenciais defende o fim do "sigilo eterno" --possibilidade de manter em segredo documentos considerados ultra-secretos.
No entanto, há forte resistência do Ministério das Relações Exteriores ao final do "sigilo eterno". O Itamaraty quer manter em segredo documentos que se referem à demarcação de fronteiras do Brasil com países vizinhos ao final da Guerra do Paraguai (1864-1870).
A Folha revelou em 2004 que autoridades brasileiras subornaram árbitros que demarcaram fronteiras, subtraindo território do Paraguai. A Argentina, aliada do Brasil naquela guerra, teria usado o mesmo expediente e se beneficiado dele, apontam documentos ultra-secretos.
O veto à divulgação de documentos específicos da Guerra do Paraguai pode constar do decreto que o presidente pretende editar em fevereiro, pouco depois do Carnaval, afirmam auxiliares.
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