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13/08/2002
-
16h20
da Folha Online
O candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, responde se Armínio Fraga continuaria ou não em seu governo, durante sabatina da Folha com candidatos. Leia íntegra.
Gilberto Dimenstein: Posso acrescentar uma pergunta. Está descartada a possibilidade de em um período transitório o Armínio Fraga permanecer na Presidência do Banco Central? essa é uma possibilidade levada em conta, totalmente impossível ou tem alguma possibilidade?
Ciro Gomes: Está ficando quase engraçado, se não fosse trágico, se cobrar de candidatos de oposição que não sabem nem se vão dormir, que ele já arme a rede, já diga qual é o travesseiro, que vai puxar o lençol...
Gilberto Dimenstein: Estou perguntando, não estou cobrando. Eu sou, no máximo... não estou procurando. Mas o que o senhor vai fazer?
Ciro Gomes: Você, se fosse candidato, iam dizer de você que é um intempestivo e um novo Collor. (aplausos).
Gilberto Dimenstein: Não sou candidato, graças a Deus. Não faço o que não saberei fazer. Perguntei...
Ciro Gomes: Eu estou começando a responder e tem um corte em cima.
Gilberto Dimenstein: Já começa com uma cobrança... Foi uma pergunta, não uma cobrança.
Ciro Gomes: Vamos por partes, é que é uma pergunta muito ampla e complexa. Eu estava começando a responder que estava ficando engraçado se não fosse trágico, você cobrar, não é você, mas uma certa cobrança à qual o Lula se rendeu e eu não me rendo. Eu não estou disposto a vender a alma para ser presidente do Brasil. Eu acho que quem mentir para a sociedade brasileira está condenado. Até pode se eleger, mas está condenado a sair pela porta dos fundos muito cedo do palácio, como o experimento De la Rúa já demonstrou. Portanto eu vou correr todos os riscos necessários para falar o que eu penso com franqueza para a sociedade. E o que eu penso basicamente é o seguinte: o Brasil tem, no caso da dívida, uma dívida de, em números grossos, que isso vai mudando conforme o câmbio, porque irresponsavelmente indexaram ao câmbio mais de um terço da dívida, o Brasil tem 750 bilhões em números redondos cujo termo médio de vencimento, ou termo final de vencimento é de 30 meses. Dividindo 750 por 30 e subtraindo a receita que o estado tem vinculada com pagamento de folha de pessoal etc, etc, você tem claramente que o fluxo fiscal brasileiro hoje não suporta o perfil, e apenas o perfil, de vencimento da dívida interna. Portanto, precedida esta providência de três passos estruturais, sem o que esse assunto não tem solução, a dívida tem que procurar alongar-se negociadamente, sem lateralismo, sem quebra de contrato, nem pensar em calote. É só isso. Passo número um: a reforma tributária, cuja diretriz é desonerar a cadeia produtiva e deslocar gradualmente o peso do financiamento sadio do Estado para o consumo das classes altas e para a apropriação de grande capital e propriedades. Passo número dois: fundar todas as condições delicadas, complexas, mas profundamente necessárias à Previdência Social para fundar um regime público de capitalização. Terceiro passo estratégico: eliminar, o mais breve possível, fazendo-se tudo o que tem que ser feito, cada passo, trazer mais turistas, exportar mais, substituir importação, tentar minimizar a questão de frete. Em cada uma das rubricas da balança de pagamento há o que fazer para eliminar o déficit externo. Essas três providências tomadas, a taxa de juros cai, o Brasil começa um círculo virtuoso de expansão da atividade econômica e isso dá sustentabilidade a um alongamento negociado, não compulsório, sem quebra de contrato, sem unilateralismos dos prazos do perfil da dívida interna.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Por que as pessoas não acreditam nisso?
Ciro Gomes: Não é verdade.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Se acreditassem por que continua subindo o risco Brasil?
Ciro Gomes: Porque essa é uma isca para os incautos que o Lula engoliu de inexperiente que é.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Deixa eu completar a pergunta. Não é bom para o senhor como cidadão, candidato, nem como eventual futuro presidente, que nos últimos meses a situação continue no descalabro em que tem andado das últimas semanas. Independentemente de o senhor estar dizendo a verdade ou não, isca ou não-isca, o fato é o que risco Brasil sobe, o dólar sobe...
Ciro Gomes: Não é por isso.
Leia as íntegras:
1. Leia íntegra do início da sabatina e a apresentação de Ciro
2. Ciro fala do apoio de ACM e de setores da direita
3. Collor está se vingando de mim, diz Ciro
4. Ciro fala sobre o acordo com o FMI
5. Ciro fala sobre permanência de Fraga no BC em seu governo
6. Ciro diz que dólar vai cair a partir do dia 15
7. Ciro fala sobre inflação e distribuição de renda
8. Ciro fala de Alca, Mercosul e política externa
9. Ciro responde a leitores sobre segurança e elo com Collor
10. Ciro responde pergunta sobre sua formação e drogas
11. Ciro responde leitores sobre educação e cultura
12. Ciro fala sobre reforma agrária e confisco de poupança
Ciro fala sobre permanência de Fraga no BC em seu governo (íntegra 5)
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O candidato da Frente Trabalhista à Presidência, Ciro Gomes, responde se Armínio Fraga continuaria ou não em seu governo, durante sabatina da Folha com candidatos. Leia íntegra.
Gilberto Dimenstein: Posso acrescentar uma pergunta. Está descartada a possibilidade de em um período transitório o Armínio Fraga permanecer na Presidência do Banco Central? essa é uma possibilidade levada em conta, totalmente impossível ou tem alguma possibilidade?
Ciro Gomes: Está ficando quase engraçado, se não fosse trágico, se cobrar de candidatos de oposição que não sabem nem se vão dormir, que ele já arme a rede, já diga qual é o travesseiro, que vai puxar o lençol...
Gilberto Dimenstein: Estou perguntando, não estou cobrando. Eu sou, no máximo... não estou procurando. Mas o que o senhor vai fazer?
Ciro Gomes: Você, se fosse candidato, iam dizer de você que é um intempestivo e um novo Collor. (aplausos).
Gilberto Dimenstein: Não sou candidato, graças a Deus. Não faço o que não saberei fazer. Perguntei...
Ciro Gomes: Eu estou começando a responder e tem um corte em cima.
Gilberto Dimenstein: Já começa com uma cobrança... Foi uma pergunta, não uma cobrança.
Ciro Gomes: Vamos por partes, é que é uma pergunta muito ampla e complexa. Eu estava começando a responder que estava ficando engraçado se não fosse trágico, você cobrar, não é você, mas uma certa cobrança à qual o Lula se rendeu e eu não me rendo. Eu não estou disposto a vender a alma para ser presidente do Brasil. Eu acho que quem mentir para a sociedade brasileira está condenado. Até pode se eleger, mas está condenado a sair pela porta dos fundos muito cedo do palácio, como o experimento De la Rúa já demonstrou. Portanto eu vou correr todos os riscos necessários para falar o que eu penso com franqueza para a sociedade. E o que eu penso basicamente é o seguinte: o Brasil tem, no caso da dívida, uma dívida de, em números grossos, que isso vai mudando conforme o câmbio, porque irresponsavelmente indexaram ao câmbio mais de um terço da dívida, o Brasil tem 750 bilhões em números redondos cujo termo médio de vencimento, ou termo final de vencimento é de 30 meses. Dividindo 750 por 30 e subtraindo a receita que o estado tem vinculada com pagamento de folha de pessoal etc, etc, você tem claramente que o fluxo fiscal brasileiro hoje não suporta o perfil, e apenas o perfil, de vencimento da dívida interna. Portanto, precedida esta providência de três passos estruturais, sem o que esse assunto não tem solução, a dívida tem que procurar alongar-se negociadamente, sem lateralismo, sem quebra de contrato, nem pensar em calote. É só isso. Passo número um: a reforma tributária, cuja diretriz é desonerar a cadeia produtiva e deslocar gradualmente o peso do financiamento sadio do Estado para o consumo das classes altas e para a apropriação de grande capital e propriedades. Passo número dois: fundar todas as condições delicadas, complexas, mas profundamente necessárias à Previdência Social para fundar um regime público de capitalização. Terceiro passo estratégico: eliminar, o mais breve possível, fazendo-se tudo o que tem que ser feito, cada passo, trazer mais turistas, exportar mais, substituir importação, tentar minimizar a questão de frete. Em cada uma das rubricas da balança de pagamento há o que fazer para eliminar o déficit externo. Essas três providências tomadas, a taxa de juros cai, o Brasil começa um círculo virtuoso de expansão da atividade econômica e isso dá sustentabilidade a um alongamento negociado, não compulsório, sem quebra de contrato, sem unilateralismos dos prazos do perfil da dívida interna.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Por que as pessoas não acreditam nisso?
Ciro Gomes: Não é verdade.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Se acreditassem por que continua subindo o risco Brasil?
Ciro Gomes: Porque essa é uma isca para os incautos que o Lula engoliu de inexperiente que é.
Carlos Eduardo Lins da Silva: Deixa eu completar a pergunta. Não é bom para o senhor como cidadão, candidato, nem como eventual futuro presidente, que nos últimos meses a situação continue no descalabro em que tem andado das últimas semanas. Independentemente de o senhor estar dizendo a verdade ou não, isca ou não-isca, o fato é o que risco Brasil sobe, o dólar sobe...
Ciro Gomes: Não é por isso.
Leia as íntegras:
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