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13/08/2002 - 17h45

Ciro responde a leitores sobre segurança e elo com Collor (íntegra 9)

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da Folha Online

O candidato Ciro Gomes começa a responder perguntas de leitores. Primeiro, fala sobre como pretende diminuir a violência nas cidades e, depois, fala de suas "ligações perigosas" com o ex-presidente Fernando Collor. Acompanhe:

Clóvis Rossi: Vou passar então às perguntas dos leitores, voltando a pedir à pessoa que for citada para se identificar para ser... devidamente fichada.
Ciro Gomes: Vou enxugar um pouco de suor que tenho no rosto, para delícia dos fotógrafos.
Clóvis Rossi: Para que os os babacas possam fotografar.
Ciro Gomes: Quem chamou foi ele, eu nunca chamei.
Clóvis Rossi: José Júlio Amorim.
Pergunta da platéia: Quais serão suas primeiras atitudes para combater a violência? Refiro-me a assaltos, assassinatos, sequestros etc.
Ciro Gomes: A Polícia Federal, se depender do meu projeto, passará ao lado de todas as instituições federais, Ministério Público, Defensoria Pública, Advocacia Geral da União, Justiça Federal e a fundação de um sistema penitenciário federal encarregado de enfrentar o núcleo do crime organizado. Seis figuras penais eu proponho que sejam todas elas, absoluta e estritamente, de responsabilidade do Governo Federal: sequestro, contrabando de armas, narcotráfico, crimes financeiros, lavagem de dinheiro, essa coisa toda, crime de corrupção contra a administração pública, em todas as suas hierarquias, e crimes praticados por policiais civis e militares. Então esses seis crimes, que a meu juízo são são o núcleo do crime organizado, seriam, se depender da nossa proposta, responsabilidade inteira do Governo Federal. Eu quero dizer que alguns já são, mas isso não é inteiro, não está sendo feito como tem que ser feito. A expansão da Polícia Federal é inadíavel. Nós temos 5.000 homens operacionais, pelo que me dizem as lideranças, sem nenhuma capacidade. Falta gasolina para os carros, telefone cortado, superintendência etc. Nós precisamos ampliar para 15 mil homens e fazê-los na direção de uma polícia científica, moderna, dotada de alta capacidade de inteligência e de capacidade de investigação policial. Repudio assim com muita veemência o equívoco que foi introduzido na discussão de uma Polícia Federal de nível médio fardada. Isso seria tentar contaminar a Polícia Federal com um equívoco lá atrás, do período autoritário, que distinguiu Polícia Civil e Polícia Militar, e que agora dará um trabalho fenomenal para unificar. Vai demorar muitos anos para a gente conseguir unificar. A Polícia Federal tem que se expandir em nível superior e com capacidade de investigação. Essa é a experiência de sucesso no enfrentamento das máfias, no enfrentamento do terror que o mundo já teve, a Itália contra a máfia é um belo exemplo. Eles conseguiram mapear a cabeça do crime organizado e foram prendendo. Claro, precisamos fazer algumas alterações legais, na lei processual, na lei de execuções penais para fazer mais célere e mais severa as penas que hoje se atribuem aos bandidos.
Clóvis Rossi: Pergunta de Edson Santana.
Pergunta da platéia: O que o fez deixar-se tornar tão íntimo de seu ex-coordenador de campanha, José Carlos Martinez sabendo, como qualquer pessoa um pouco esclarecida, das "ligações perigosas" dele com o esquema Collor/PC Farias?
Ciro Gomes: Olha, basicamente a questão é a seguinte: o José Carlos Martinez é presidente nacional do PTB. Tentaram mudar a legislação, tentaram me deixar com seis segundos na televisão. Mudaram a legislação, tentaram me deixar com seis segundos para me expressar na televisão. E eu também fui muitas vezes acusado, de que queria ser Presidente da República apelando direto às massas, eu me pus na tarefa de consertar uma aliança partidária, de consertar um programa de governo e consegui capturar, na base do governo, o PTB, consegui capturar no PT, o PDT e construimos a Frente Trabalhista muito bem. Até aquela data José Carlos Martinez, presidente nacional do PTB era da base do governo na eleição de 94, onde eu também estava, na base da reeleição de 98, ninguém levantou contra ele absolutamente nada e, mais proximamente, a Folha de S.Paulo tem nos seus arquivos, o presidente Fernando Henrique Cardoso, na casa do Martinez agora, no fim do ano passado, começo desse ano, foi lá oferecer, a Folha de São Paulo estampou em manchete, oferecer Ministério para ele. Para o PTB, agora em janeiro, fevereiro, o Serra candidato do governo foi lá na casa do Martinez oferecer ministério e apoio e etc, etc, para o PTB me largar e ficar ali.
Clóvis Rossi: Ciro... isso não o absolve.
Ciro Gomes: Não sou culpado de nada, não.
Clóvis Rossi: Não absolve o Martinez.
Ciro Gomes: Mas justifica, justifica que uma suspensão que se levantou contra ele não era que eu, sobre um fato que teria ocorrido em 91, 11 anos atrás, quando ele não era parlamentar, que teria ocorrido. Se ele está no convívio do Presidente da República, se é convidado para ser ministro, e se é um parceiro de uma aliança que eu construí, eu perguntei a todos eles, e porque todo mundo já me conhece também: tem algum problema? Nada, não estou devendo nada. De repente, quando ele frustra a expectativa do governo de se aliar ao governo, desce a carga de dossiês em cima. Tudo bem, o que eu faço? Imediatamente o que eu faço? Eu o chamo e a um amigo, a quem que eu deveria o gesto de ter vindo em apoio a minha candidatura, eu digo a ele: afaste-se da campanha, vá se defender, porque eu, como a mulher de César em Roma, não posso ser virtuoso, tenho que parecer virtuoso também. Lançaram suspeitas sobre secretários, ninguém está livre disso na vida pública. Imediatamente qual é a providência: o senhor se afasta, vai se defender. Se for inocente, volte com desagravo. Se for culpado vá se ver com a polícia, que eu não tenho mais nada a ver. O que mais podem exigir de mim?
Clóvis Rossi: Eu só posso exigir que não diga que ninguém disse nada, no livro Notícias do Planalto está abundantemente noticiado isso que o leitor chamou de "ligações perigosas" de PC Farias e... é incorreto dizer ninguém.
Ciro Gomes: Num Estado de direito democrático Clóvis, o presidente da República, especialmente, tem uma massa de poder muito grande. Ele tem que dosar severidade com alta capacidade de ser justo e se comportar com ecuidade. Que vocês na imprensa façam o trucidamento moral das pessoas, nós já temos um monte de exemplo disso. Mas no Estado de direito democrático, tanto mais eu que estou tentando me preparar para ser um bom Presidente. Você não pode pré-julgar pessoas, não lhes pode negar a possibilidade de inocência, não lhes pode negar o princípio da ampla defesa e não lhes pode fazer outro itinerário que não o judiciário a julgar. Isso não tinha nada, zero, nenhuma condenação, nenhuma acusação, nenhum procedimento. O Dr. Geraldo Brindeiro representa contra ele agora como representou contra o José Dirceu. Representou agora contra o José Dirceu. Eu posso pré-julgar pessoas? Vou ser condenado porque não vou pré-julgar pessoas? Pode serrar meu braço, não pré-julgo. (aplausos).
Depois vocês fazem aqui escola não sei de que, meteram a lenha, destruiram a vida do cidadão, um cara que se envolvia com pedofilia. O cidadão vai para a Justiça, depois volta. Era mentira, notinha de desculpas, não era verdade, não sei o que e tal. (aplausos)
Clóvis Rossi: Era a mesma queixa do Fernando Collor de Melo que se dizia trucidado pela imprensa.
Ciro Gomes: Por que os dossiês não apareceram quando o Martinez esteve na base do presidente Fernando Henrique Cardoso em 94 e 98 é uma boa pergunta. Por que a imprensa não investiga?
Clóvis Rossi: Está no livro Notícias do Planalto.
Ciro Gomes: Que grande crédito tem o livro Notícias do Planalto? É um Tribunal? O livro Notícias do Planalto é um Tribunal?
Clóvis Rossi: Não foi desmentido por ninguém. Tem tanto crédito para a mulher de César quanto tem a sua palavra.
Ciro Gomes: O que eu posso fazer é afastar e defender. Foi o que fiz. Doendo muito o coração.
Clóvis Rossi: Tá bom, mas não vem com a história, vocês, essa generalização é muito perigosa.
Gilberto Dimenstein: Como se houvesse um complô da imprensa contra você.
Ciro Gomes: Contra mim não. Mas que há um complô governista, isso é claro. (aplausos)
Clóvis Rossi: Isso é falso também. No que me toca você sabe que é mentira.
Ciro Gomes: Não estou falando de você não, a grande imprensa brasileira. É média. Generalizar não é justo porque o Jânio de Freitas é independente.
Gilberto Dimenstein: Essa é uma acusação grave contra a imprensa... Envolve dinheiro, interesses. Onde tem a prova?
Ciro Gomes: É é exatamente isso.
Gilberto Dimenstein: Tem uma prova do complô da imprensa?
Ciro Gomes: O que eu tenho é a prova do desequilíbrio absoluto de setores amplos da grande imprensa brasileira em favor da agenda oficial e do governo. O povo brasileiro não é bobo todo mundo está vendo.

Leia as íntegras:

  • 1. Leia íntegra do início da sabatina e a apresentação de Ciro

  • 2. Ciro fala do apoio de ACM e de setores da direita

  • 3. Collor está se vingando de mim, diz Ciro

  • 4. Ciro fala sobre o acordo com o FMI

  • 5. Ciro fala sobre permanência de Fraga no BC em seu governo

  • 6. Ciro diz que dólar vai cair a partir do dia 15

  • 7. Ciro fala sobre inflação e distribuição de renda

  • 8. Ciro fala de Alca, Mercosul e política externa

  • 9. Ciro responde a leitores sobre segurança e elo com Collor

  • 10. Ciro responde pergunta sobre sua formação e drogas

  • 11. Ciro responde leitores sobre educação e cultura

  • 12. Ciro fala sobre reforma agrária e confisco de poupança

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