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13/08/2002 - 18h24

Ciro responde pergunta sobre sua formação e drogas (íntegra 10)

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da Folha Online

O candidato Ciro Gomes responde, durante sabatina de candidatos com jornalistas da Folha pergunta de leitor sobre ter estudado em colégio particular, uso de drogas e composição de um futuro governo. Leia a íntegra.

Clóvis Rossi: Daniela Franco, por favor, se identifique.
Pergunta da platéia: Por que o senhor disse que estudou todos os anos de sua vida em escolas públicas quando é sabido que o senhor estudou no colégio Sobralense, uma escola particular?
Ciro Gomes: Questão básica o seguinte, eu estou falando mais ou menos oito horas por dia. E invariavelmente, para estar em realce a questão da escola pública, eu digo, estudei praticamente todos os anos da minha vida escolar na escola pública, por quê? Naquela época era o seguinte: quatro anos de primário no colégio estadual professor Arruda, pública, da rede estadual de ensino de Sobral, estudei quatro anos de ginásio no colégio estadual Dom José Tupinambá, público, colégio da rede estadual. Estudei dois anos na escola colégio Sobralense, da Diocese de Sobral; estudei um ano no colégio Maristas em Fortaleza, preparatório pro vestibular, e quatro anos na Universidade Federal do Ceará, pública. Portanto, os 15 anos da minha educação formal, eu estudei 12 na escola pública e três em escolas religiosas. Na tensão do debate, depois eu fui rever, passei o praticamente, simplesmente. Agora qual é o grande crime que eu cometi?
Clóvis Rossi: Qual é o grande crime de perguntar?
Ciro Gomes: Qual é o grande crime de eu responder?
Clóvis Rossi: Já respondeu. Ora bolas. Walter, por favor.
Ciro Gomes: Vamos relaxar um pouco.
Clóvis Rossi: Você tem que relaxar, eu não.
Gilberto Dimenstein: Nós vamos, nós é que somos o complô.
Clóvis Rossi: Estou mais do que acostumado com esse papo, companheiro. 40 anos de estrada. Estou acostumado com esse tipo de generalizações, absolutamente infundadas e injustas, 40 anos de vida jornalística. (aplausos)
Ciro Gomes: Olha aqui, nós não estamos brigando. É indisfarçável, eu não quero particularizar ninguém...
Clóvis Rossi: Mas você particularizou.
Ciro Gomes: Eu simplesmente disse que é média, é média. Você é um bom jornalista, compreende isso, é média. O excesso de governismo na imprensa brasileira é uma coisa clara, tá todo mundo vendo.
Clóvis Rossi: Meu problema é não é o excesso de governismo, é a generalização.
Ciro Gomes: Não estou generalizando.
Clóvis Rossi: Você usa, sempre usou...
Ciro Gomes: Se eu generalizasse estaria cometendo uma injustiça com grandes jornalistas brasileiros...
Clóvis Rossi: Não é essa a discussão. O senhor já usou drogas, é a favor da descriminilização da liberação?
Ciro Gomes: Bom eu fumo cigarro, bebo esporadicamente, no passado até, já bebi cachaça demais da conta, mas.... Passei da idade, agora não... vão dizer que sou cachaceiro. Podem dizer que fui, será verdade.
Carlos Eduardo Lins da Silva: O Presidente Bush também foi e está lá, presidente.
Ciro Gomes: Espero que essa seja a única semelitude. Mas vamos lá. Eu acho que hoje, acho não, afirmo que hoje o Ministério Público e o Judiciário já estão fazendo a melhor política em relação ao usuário de droga. Já é muito, muito raro, é uma exceção que os tribunais corrigem rapidamente a idéia de não criminalizar o problema do usuário. Eu não acho que a gente deva entrar num debate e mudar a lei. Como está a lei já se está entendendo de não criminalizar. Acho que usuário tem que ser tratado com carinho, com compreensão, às vezes com assistência médica para fazer. Entretanto a gente tem que ponderar uma coisa, esse tapinha que é a gíria do setor, aquela pseudo-ingênua utilização numa festa de uma drogainha qualquer, etc, etc, a gente pensa que está sendo inocente, que não tem nada a ver com as coisas. Mas aquilo é que irriga esta hidra ultra-poderosa do narcotráfico, do crime organizado. São aqueles aqueles poucos reais, 50, 40, 30, não sei qual é o preço, mas essa soma que vai irrigar bilhões que tem o braço com o seqüestro, um braço no assalto, no seqüestro, no contrabando de armas, e tem a cabeça da violência. Portanto eu acho que a melhor política é de tolerância zero com o narcotráfico, é assim que eu acho.
Clóvis Rossi: Tem duas perguntas que são relacionadas, uma de Frederico Alves e outra de Júlia Amorim. Vou reunir as duas para fazer as duas ao mesmo tempo.
Ciro Gomes: A manchete da Folha ontem, de hoje, era a seguinte: Lula não brigou nem com empresário, nem com banco, nem com mídia. Amanhã, pelo menos, Ciro.
Gilberto Dimenstein: Com a mídia brigou, pelo menos com a mídia brigou.
Ciro Gomes: Com a média, se estivesse brigando, não estava aqui.
Se eu não tivesse respeito não estava aqui.
Clóvis Rossi: Ninguém está dizendo que você não tem respeito. Você não está entendendo as colocações.
Pergunta da platéia: Como o senhor analisa o uso de medidas provisórias pelo Presidente Fernando Henrique Cardoso? Em um eventual governo Ciro, esse tipo de expediente ou semelhante será usado em caso de falta de apoio ou mesmo morosidade do Congresso Nacional? O presidente não governa sozinho é necessário um grupo de pessoas para bem gerir o país, todos os cargos e funções do governo saírão do grupo que o apóia? Ou o senhor buscará nomes fora do seu grupo. A pergunta de Júlia Amorim.
Ciro Gomes: Bom, as medidas provisórias foram um abuso que criaram inclusive um caos jurídico. Tem juízes julgando certas linhas com a tabela de ver qual era a medida provisória, o artigo que estava valendo naquele dia porque elas eram renovadas e alteradas. O Congresso Nacional pôs um basta nisso deixou em boa conta. Primeiro, agora elas não podem ser reeditadas indefinidamente. Só podem ser reeditadas por duas vezes. Segundo, vão ter um prazo de vigência mais longo. Terceiro, quando uma vez editada, a segunda vez elas travam a pauta do Congresso e tomam preferência de votação. Então eu acho que por aqui se consertou o abuso, lembrando que a Constituição brasileira foi muito amaldada no debate constituinte para irmos para o parlamentarismo e na reta final ela foi, na briga dos 5 anos do Sarney, foi amaldada na reta final para o presidencialismo, ficou uma certa incongruência porque a medida provisória é típica ferramenta dos regimes parlamentares. Evidentemente você num presidencialismo acumulou abusos de poder na mão do Presidente da República que eu quero crer que já foram consertados. Mas alguma capacidade de reação institucional, legal, nas mãos do Presidente nós precisamos prudentemente manter. Por quê? Porque hoje, com essa volatilidade financeira, o mundo econômico não dorme mais. Quando a gente termina o expediente aqui está abrindo na Malásia e você pode precisar reagir a certas questões que podem prejudicar o país e nem sempre o congresso pode, com a devida velocidade, produzir o marco legal, institucional necessário. Eu acho que agora está num ponto de equilíbrio em que essa função de urgência é de fato mantida na mão do presidente, mas imediatamente volta ao controle do legislativo que é o melhor e mais sadio procedimento. Ah, o meu governo, se constituirá, se eu for o presidente da República com os melhores. Como eu já passei o pão que o diabo amassou, andei por aí, eu posso chegar com nenhum compromisso nessa questão de cargos. Falo a vocês com toda a franqueza, eu não tenho compromisso nenhum. Eu atravessei um deserto fenomenal apresentando essa proposta, andei pelo país em avião de carreira até 20 dias atrás, andando, sendo incompreendido, combatido, etc, faz parte da construção, eu acredito que melhorei bastante, tenho me esforçado para ser mais humilde do que eu sempre procurei ser mas.... Não tenho compromisso nenhum a não ser de fazer um bom governo pelo Brasil. Então eu vou procurar os melhores, homens e mulheres, onde quer que eles estejam, não interessa se são filiados a partido, se não são, se estão na minha aliança hoje se vão entrar no segundo turno não interessa.
Ciro Gomes: O único compromisso que eu tenho é de mandar o João Hermann para o Vaticano como Embaixador. Naturalmente para me livrar da presença dele.

Leia as íntegras:

  • 1. Leia íntegra do início da sabatina e a apresentação de Ciro

  • 2. Ciro fala do apoio de ACM e de setores da direita

  • 3. Collor está se vingando de mim, diz Ciro

  • 4. Ciro fala sobre o acordo com o FMI

  • 5. Ciro fala sobre permanência de Fraga no BC em seu governo

  • 6. Ciro diz que dólar vai cair a partir do dia 15

  • 7. Ciro fala sobre inflação e distribuição de renda

  • 8. Ciro fala de Alca, Mercosul e política externa

  • 9. Ciro responde a leitores sobre segurança e elo com Collor

  • 10. Ciro responde pergunta sobre sua formação e drogas

  • 11. Ciro responde leitores sobre educação e cultura

  • 12. Ciro fala sobre reforma agrária e confisco de poupança

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