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Sede do PT gaúcho foi alvo de CPI em 2001; em 2005 direção admitiu caixa 2
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SIMONE IGLESIAS
da Agência Folha, em Porto Alegre
A sede do PT do Rio Grande do Sul, citada pelo ex-ministro José Dirceu na entrevista à "Piauí", foi alvo de CPI na Assembléia Legislativa do Estado, em 2001.
Comprado em julho de 1998, por R$ 310 mil, pelo Clube de Seguros da Cidadania, o prédio em Porto Alegre passou a funcionar, naquele mesmo mês, como sede estadual do PT e comitê da campanha de Olívio Dutra ao governo do Estado.
O local foi cedido em comodato pelo presidente do Clube de Seguros da Cidadania, Diógenes de Oliveira. Fundado por um grupo de petistas, o clube vendia seguros a filiados e simpatizantes do partido e o lucro era revertido ao PT estadual.
A entidade ajudou na captação de recursos para a campanha de Olívio e, por isso, acabou na mira da CPI da Segurança Pública, que apurou eventual relação do governo do Estado com o jogo do bicho.
Oliveira foi acusado de ter relações com bicheiros e de usar dinheiro ilegal na compra da sede do PT. Ele negou a existência de caixa dois e apresentou lista de doadores que ajudaram na compra do prédio.
A CPI apontou ao Ministério Público indícios de irregularidades contra 45 pessoas. A Promotoria ofereceu denúncia contra 11 delas --inclusive Oliveira-- e todas foram absolvidas pela Justiça gaúcha.
Quando a CPI terminou, o PT decidiu sair do prédio e comprou uma sede por R$ 100 mil, onde está atualmente.
Segundo o advogado Ricardo Martins, que defendeu Oliveira, o prédio continua em nome do Clube de Seguros da Cidadania, mas foi cedido, também em comodato, ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e à Via Campesina.
Outra denúncia
Quatro anos depois do episódio da compra da sede e das acusações de envolvimento com o jogo do bicho, em 2005, o PT gaúcho se viu mais uma vez envolvido em denúncia de uso de caixa dois.
Durante a CPI dos Correios do Congresso Nacional, que apurou o escândalo do mensalão, dirigentes do PT-RS foram citados por terem recebido R$ 1,05 milhão da agência SMPB, de Marcos Valério de Souza.
O então presidente do PT do RS, David Stival, confirmou que ele e mais dois filiados, Marcelino Pies e Marcos Trindade, foram de ônibus a Belo Horizonte, pegaram o dinheiro na sede da SMPB e o transportaram em malas.
Stival negou que o dinheiro tenha sido usado na campanha do ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), ao governo do Estado em 2002.
Segundo ele, o recurso foi usado para pagar dívidas correntes. Stival, Pies e Trindade foram indiciados pela Polícia Federal e denunciados pela Procuradoria Eleitoral do Ministério Público. Fizeram acordo com a Promotoria e conseguiram suspender o processo após se comprometerem a doar cinco cestas básicas, comparecer todo mês ao cartório eleitoral e não se ausentar do Estado sem informar o Judiciário.
Eles cumprem as penas até 31 de março, quando se encerra a sanção que vem sendo aplicada há dois anos.
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