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21/08/2002 - 17h17

Sabatina Alckmin: íntegra da 1ª parte das perguntas da platéia

da Folha Online

Leia abaixo a primeira parte das perguntas feitas pela platéia na sabatina com o governador e candidato à reeleição em São Paulo, Geraldo Alckmin.

Nesse trecho, ele fala um pouco mais sobre violência e sobre o preço dos pedágios nas estradas de São Paulo.

Participam da sabatina Fernando Canzian, secretário de Redação da Folha, Fernando de Barros e Silva, editor de Brasil, Nilson de Oliveira, editor de Cotidiano, e pelo editor do Painel, Rogério Gentile.

Fernando Canzian: Governador, acabou o nosso bloco de perguntas aqui dos jornalistas, vamos dar um descanso para o senhor e vamos passar então aos leitores. Eu pediria então, por favor, à claque do governador que ficasse um pouco mais calma. Obrigado. É... eu pediria, por favor, aos leitores que quando eu ler a pergunta, o nome da pessoa, a pessoa levantasse a mão ou se levantasse para que a gente pudesse fotografá-lo, se obviamente vocês autorizarem. Tem uma pergunta aqui do, da leitora Magda Aparecida, se não me engano, ela é advogada, e pergunta para o senhor: "O senhor andaria sozinho à noite no Jardim Irene, bairro mais violento de São Paulo?
Geraldo Alckmin: Eu queria dizer a dona Magda que eu aliás, por coincidência, fui ao Jardim Irene. Tive lá pessoalmente porque o Cafú, nosso campeão, criou lá uma fundação, Fundação Cafu, e o governo do Estado é parceiro. Nós estamos ajudando. Estamos ajudando nas causas da violência, ajudando com quadras poliesportivas, ele está montando lá uma escolinha de esporte, ensino profissionalizante, está aí o bom exemplo. Jardim Irene é o exemplo de você juntar o terceiro setor, a sociedade civil organizada, a prefeitura... A Prefeitura de São Paulo está dando o terreno, o governo do Estado, que está colocando recursos, está colocando dinheiro, a comunidade organizada... tudo para você agir nas causas da violência. Ao mesmo tempo, estamos aumentando, olha, São Paulo tinha 79 companhias da Policial Militar e 93 Distritos, então faltavam 14 companhias. Quando nós brigamos para tirar o batalho do trânsito, policial ficar multando, era exatamente para poder criar mais 14 companhias, na periferia de São Paulo. E termos 93 Distritos Policiais, 93 companhias da policial militar e uma territorial da ação da Polícia Civil e da Polícia Militar. Estamos trabalhando e trabalhando só na periferia. Se pegar os nossos hospitais, e são 12, não tem um que não seja na periferia. É Sapopemba, é Itaim paulista, é Grajaú, é Pedreira, é ..., além da região metropolitana, é Diadema, é santo André, é Itapecerica, é Taboão.
Fernando Canzian: O senhor iria sozinho à noite ao Jardim Irene. .
Geraldo Alckmin: Se houver necessidade eu vou, nenhum problema.
Fernando Canzian: Tem uma outra pergunta aqui do leitor Carlos Renato Camargo, estudante de direito e antropologia: "Quando o senhor foi à casa do apresentador Sílvio Santos durante o episódio do seqüestro dele. O senhor iria também à casa de uma outra pessoa qualquer, uma dona Maria? Eu aproveitaria para perguntar, emendando essa pergunta, o que o senhor tem a dizer do episódio da morte do seqüestrador Fernando Dutra Pinto, um sujeito que era forte o suficiente para escalar um prédio e teve uma morte dentro de uma cadeia pública, mesmo tendo garantias de vida dadas pelo senhor?
Geraldo Alckmin: Quem perguntou, Fernando?
Fernando Canzian: Esse é o Carlos Renato Camargo, estudante de direito.
Geraldo Alckmin: Queria dizer para o Carlos Renato o seguinte, no dia em que houve o seqüestro do apresentador Sílvio Santos eu tinha um compromisso em Jundiaí. Então eu fui para Jundiaí inaugurar um centro de distribuição da Sadia, logo pela manhã eu tomei conhecimento, pelo secretário de Segurança Pública, o Marcus Vinícius Petreluzzi, que iria comigo para Jundiaí. Eu disse, você não vai, fica em São Paulo, monitore o trabalho e me mantenha informado pelo celular. Fui cumprir com meu trabalho. Lá pelas 10 horas da manhã, ele me telefonou dizendo: o seqüestrado, a vítima, o Sílvio Santos, fez um apelo aí, dramático e tal e tal, para que você fosse lá para tentar por fim mais rapidamente à questão e ele sair com vida, enfim assim por diante. O que eu fiz? Eu voltei para São Paulo e fiquei, não fui e fiquei esperando, 10 horas, 10:30, 11 horas, 11:30, meio-dia, meio-dia e meia, uma hora, uma e meia, quando chegou quase duas horas da tarde, eu aprendi, como médico, que sempre que a gente tem uma situação difícil, a gente erra menos quando age do que quando se omite. Então a coisa não se resolvia, lamentavelmente, havia um apelo. Eu falei: errar por agir, mas não quero errar por omissão, vou lá. Peguei o helicóptero, desci do lado, fui lá, entrei, falei: estou aqui, governador do Estado, tal, se entregue, a polícia está aqui, só tem um caminho que é se entregar, entregar as armas, liberar a vítima com vida. Graças a Deus, em 15 minutos se resolveu. Espero que isso não se repita, uma situação muito difícil, mas cumpri o meu dever. E se chamasse outra pessoa e a mesma circunstância se repetisse, seria meu dever. De repente até não resolver... E eu não me omito.
Em relação ao Fernando Dutra Pinto, como ele tinha matado policiais civis, até por cuidado, toda a operação foi feita pela Polícia Militar. Ele foi encaminhado a uma unidade prisional nova, que ele pediu, que a advogada pediu. Foi colocado numa cela que só tinha ele, o irmão e o comparsa, mais ninguém. Além dos três, ele, o irmão e o comparsa. Nunca a advogada que ia lá todo dia, o pai dele ia lá todo dia, pediram: olha quero que remova para tal lugar. Nós remover íamos imediatamente, imediatamente. Nunca foi pedido nada. Nunca teve uma reclamação, nunca solicitaram nada, o pai ia lá todo dia, a advogada ia lá todo dia. Por que ele morreu? Dizer não foi envenenado, foi morto. Quem é que queria matar o rapaz? Ele já tinha prestado todos os depoimentos, eu inclusive fui de testemunha, num dos depoimentos com ele. Porque iam até me entrevistar no palácio, eu falei: não senhor, sou cidadão, vou prestar (depoimento) no Fórum. Fui lá no Fórum, prestei depoimento, ele prestou todos os depoimentos, por que iam matar o rapaz? Por que é que ele morreu? Qual é a razão? Está sendo investigado. Infecção, uma brutal infecção... de repente, se tivesse numa UTI sofisticada pudesse sobreviver. Infecção pulmonar está entre as 3 grandes causas de morte hoje. Eu li todo o processo. Ele apresentou uma febre altíssima, o médico, não vou dizer que errou, não. Mas ele acabou, naquele momento, prescrevendo, achando que era uma alergia por alimentação, prescrevendo corticóide. Não entrou com antibiótico. Quando foi no outro dia ele...
Fernando de Barros e Silva: Errou o médico?
Geraldo Alckmin: Eu não posso fazer uma afirmação dessas, seria uma irresponsabilidade. Até porque, num primeiro momento, poderia sim ser um quadro alérgico que você entra com corticóide. No outro dia o médico teve a humildade de fazer por escrito para o hospital, peço ao colega diagnóstico, evolução e indicação de tratamento. E raio-X de tórax. Mandou para o hospital, foi atendido no hospital, foi constatado uma pneumonia dupla, o médico deu o resultado no raio-X e indicou o antibiótico de geração mais nova, de amplo espectro. Foi medicado, infelizmente evoluiu mal, infelizmente. Eu lamento muito. Quer dizer, mas na realidade, respondendo a quem perguntou, olha, fiz o que a minha consciência determinava.
Fernando Canzian: Governador, o José Eduardo de Andrade Bastos, publicitário, pergunta: "Todos que vão para o interior sabem, o custo do pedágio de São Paulo a Ribeirão Preto é de R$ 37. O senhor não considera abusivo o valor dos pedágios em nossas estradas? E como interpreta as propostas do candidato adversário Paulo Maluf de abrir os pedágio à noite?
Geraldo Alckmin: Primeiro respondendo ao Zé Eduardo, o programa de concessões do Estado de São Paulo, primeiro ponto, não é privatização, ninguém vendeu patrimônio público. É um aluguel por 20 anos, daqui a 14 anos retorna tudo ao patrimônio do povo de São Paulo, pista duplicada, triplicada, prolongada, com todas as obras. Segundo, o programa está gerando 24 mil empregos no Estado de São Paulo. O governo jamais teria dinheiro para fazer simultaneamente a segunda pista da Imigrantes, acesso ao porto de Santos e ao litoral, prolongamento da Bandeirantes, marginais da Castelo Branco, duplicação da Raposo Tavares, obra no Estado inteiro sem colocar um centavo do orçamento. Porque é uma opção política. Eu quero fazer a segunda pista da Imigrantes e não fazer o hospital e não fazer escola e não fazer saneamento básico? (Tem que tomar) Uma decisão política. (Definir) o que é mais justo?
(Para mim, o mais justo é) Quem usa paga, quem usa mais paga mais, quem usa menos, paga menos. A segunda pista da Imigrantes, que fica pronta agora em dezembro, deve ser pago pela dona Maria que mora no pontal do Parapanema, que não tem carro, não vai para a praia, através do ICMS quando ela compra uma roupa, quando ela compra um alimento , quando ela compra um caderno para o filho?
Fernando Canzian: Agora o governo de São Paulo está adotando, para os próximos 18 meses, a redução no pedágio da Castelo, de 50% para quem usa mais a rodovia. Quer dizer, além do mais, se a administradora de pedágio não conseguir uma arrecadação de R$ 108 milhões nesse período quem vai pagar a diferença é o governo do Estado. Quer dizer, volta a uma estatização branca. Se a administradora não conseguir chegar ao faturamento que espera... Quer dizer, o senhor está reconhecendo que tem...
Geraldo Alckmin: Fernando, você tem dois caminhos aí. Um caminho é que se ouve falar: "Eu assumindo, eu vou, numa canetada, liberar pedágio tal hora, tal, tal, o povo vai pagar." Mas é evidente. Porque o Paraná fez isso em época de campanha eleitoral, reduziu pela metade. Bom, pararam as obras todas, foram para a Justiça, ganharam, acabou a eleição, aumentou tudo de novo. Eu não vou fazer isso. Eu quero poder olhar nos olhos das pessoas antes e depois da eleição. Então o que foi feito lá na marginal da Castelo foi um entendimento que não envolve dinheiro público. E a qual conclusão que se chegou? Foi feito um grande investimento que está subutilizado. Vamos reduzir o valor do pedágio, aumenta o VDM, veículo dia médio, aumenta o número de veículos, a receita se recompõe, o governo não precisa colocar um centavo, as pessoas circulam pela marginal da Castelo e vai ajudar quem está andando na Castelo que não paga. Por quê? Porque você retira da Castelo Branco 50, 60 mil veículos por dia. Este foi, e mais, e retoma as obras da duplicação da Raposo Tavares. Nós estamos ampliando a infra-estrutura de São Paulo sem tirar dinheiro do hospital, sem tirar dinheiro da escola, sem tirar dinheiro da segurança. E mais, São Paulo tem 33 mil quilômetros de rodovias pavimentadas, mil são pedagiadas, 30 mil não têm pedágio nenhum.
Fernando Canzian: É onde está o maior fluxo de veículos.
Geraldo Alckmin: É verdade. Então esse dinheiro, por isso que a concessão se chama onerosa, quem ganhou foi quem pagou mais para o governo. O concessionário tem que fazer a manutenção das rodovias, são as melhores rodovias do país, eu li um trabalho na semana passada da Federação dos Trabalhadores dos Transportadores de Carga de Minas Gerais, dizendo que as estradas esburacadas de Minas Gerais custam 100 milhões por mês para o transporte de carga, 1,2 bilhão por ano, custam as estradas todas estragadas. Acidente reduzido em 31%, mortes, 13%. Conceito de rodovia viva, está incluído no pedágio, guincho, ambulância, assistência médica, socorro, UTI móvel, polícia, carro para a polícia, fardamento, armamento, tudo incluído. Obra, nós estamos fazendo na Imigrantes sem um centavo de dinheiro público. Nenhum centavo, a pista inteira. Os dois maiores túneis do país em comprimento. Quem for para Santos vai percorrer 6 quilômetros em túnel, 6 quilômetros em túnel. E com 40 vezes menos impacto ambiental do que a primeira pista feita na década de 70. Se fosse de graça era melhor. Mas infelizmente mágica não se faz. Então tem custo uma estrada. Uma estrada sempre tem custo, ou paga o conjunto da sociedade, também a população mais pobre, ou paga quem usa.

Leia a íntegra da sabatina com Geraldo Alckmin:
  • 2° Parte- Perguntas Platéia

  • 3° Parte- Perguntas Platéia e Encerramento


  • Veja também o especial Eleições 2002
     

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