Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
21/08/2002 - 18h14

Sabatina Alckmin: leia 3ª e última parte com perguntas dos leitores

da Folha Online

Na parte final do encontro com leitores e jornalistas da Folha, o candidato Geraldo Alckmin (PSDB) responde sobre as mudanças na Secretaria da Segurança, Febem, sua opinião sobre a administração da prefeita Marta Suplicy em São Paulo, os pedágios nas estradas.

Participam da sabatina Fernando Canzian, secretário de Redação da Folha, Fernando de Barros e Silva, editor de Brasil, Nilson de Oliveira, editor de Cotidiano, e pelo editor do Painel, Rogério Gentile.

Fernando Canzian: O consultor Miranda Neto.

Pergunta da platéia: Em sete anos como Secretário da Segurança Petreluzzi, indicado pelo ex-governador Mário Covas, a evidência foi nos direitos humanos. O senhor substituiu o secretário e ocorreram casos como da Castelinho, houve mudança de critério?

Geraldo Alckmin: Olha, nós tivemos o primeiro mandato do governador Mário Covas, o secretário foi o professor José Afonso. Cada um cumpriu uma etapa. Professor José Afonso cumpriu uma etapa. Entrou no segundo mandato do governador Mário Covas, ele colocou um outro. Isso é uma corrida de revezamento. Cada um cumpre uma etapa, entrou o Marco Vinicio Petreluzzi, deu passos importantes, Copom on-line, integração das polícias, essas propostas que nós estamos implantando, começaram ano passado, no tempo do Marco Vinicio. Quais as críticas que tinha a polícia? Primeiro, muita gente na burocracia. Segundo, cada penitenciária que faz tira policial da rua. Tomamos as duas providências, vamos liberar o pessoal da burocracia, contratamos 6.000 jovens, rapazes e moças, chamados soldados temporários, estamos liberando 6.000 policiais militares, a cidade de São Paulo vai receber 5.000 policiais civis, militares e científicos a mais até dezembro. Inclusive grande parte depois da eleição, mas vai receber, 5.000 a mais. Estamos trabalhando. O dr. Saulo está cumprindo uma outra etapa. E olha, é um batalhador, é um batalhador. Eu fui buscá-lo porque eu conheço. Ele pegou a Febem, no ano 2000, com 1.600 fugas, 58 rebeliões e implantou o modelo descentralizado, unidades menores, agenda educativa com adolescente infrator, reduziu de 30% para 6% a reincidência de adolescente cometer ato infracional, de 30 para 6, se ficar dois dias na Febem está estudando, ensino profissionalizante, o ano passado foram duas rebeliões, 52 fugas. Trabalho. Esse trabalho que ele está fazendo na segurança pública.

Fernando Canzian: O José Haar, pergunta.

Pergunta da platéia: Como o senhor vê a administração municipal petista? O senhor se arrepende do apoio que deu a então candidata Marta no segundo turno da eleição de 2000?

Geraldo Alckmin: Primeiro eu tenho por obrigação evitado ficar fazendo avaliação da Prefeitura de São Paulo. Acho que quem tem que avaliar é o povo. Além do que, se eu ficar fazendo crítica prejudica um relacionamento que deve ser bom em benefício da população. Nós estamos trabalhando junto na questão da habitação, liberei R$ 100 milhões de reais para a Prefeitura de São Paulo, para habitação popular, para mutirões na periferia. Estamos trabalhando juntos no renda cidadã. Prefeitura que cadastra e nós pagamos. Estamos trabalhando juntos na macrodrenagem, estamos fazendo uma obra, quem passar na marginal do Tietê, vai ser uma obra histórica, o rebaixamento da calha em 2,5 metros de profundidade. Isso vai a todos os afluentes do rio, diminuindo o problema de enchente. Então estamos trabalhando juntos, eu não vou fazer avaliação que cabe a população. Não me arrependo um minuto, mas um minuto. Eu acho que nós temos deveres com o PT, mas o grande desforro de águas é uma política velha, atrasada, que quebrou a cidade de São Paulo e o povo não vai deixar quebrar o Estado não. Eu apoiaria dez vezes se fosse necessário a Marta Suplicy. (aplausos).

Fernando Canzian: O senhor espera reciprocidade do candidato Genoino no segundo turno entre o senhor e o ex-prefeito Paulo Maluf?

Geraldo Alckmin: Ajo pela minha consciência independente de qualquer tipo de retribuição. Fui candidato, queria ir para o segundo turno para enfrentar o PT. Queria ir para o segundo turno mas na democracia, numa eleição em dois turnos. O povo escolheu dois e entre os dois eu tinha o dever de apoiar aquele que entendia ser o melhor.

Fernando Canzian: O Carlos Renato Camargo diz que em seu horário eleitoral na TV de hoje o senhor falou da rota. É uma tentativa de copiar o Maluf?

Geraldo Alckmin: Não, até porque nós temos uma grande diferença, o meu é rota na rua e corrupto na cadeia. (aplausos).

Fernando Canzian: Silvestre Santos, comerciante, por favor, se identifique.

Pergunta da platéia: Uma recente pesquisa disse que se o governo criasse o que ele chama aqui de tele-audiência, economizaria viaturas, etc, fazendo com que o preso não precisasse sair dos presídios para prestar depoimentos. Qual a dimensão desta proposta em relação aos custos benefícios para um trabalho de grandes resultados, ele pergunta. E o Augusto perguntaria se o governo de Estado está efetivamente pensando seriamente nisso ou agindo para isso?

Geraldo Alckmin: O Silvestre tem toda a razão. É inconcebível a gente ficar no tempo da pedra, hoje se faz cirurgia utilizando equipamentos digitais dos mais modernos. Então imaginem só, todo dia, especialmente terça, quarta e quinta, 1.200 locomoões por dia de preso para o Fórum, ida e volta. A logística que isso demanda, o custo disso, o risco de resgate, para carregar preso. Todas as novas penitenciárias, centros de detenção provisória têm a sala de audiência, então se, não precisa nem vídeo, a teleconferência, se o juiz for lá, já ajudou barbaridade. Se for lá, já ajudou barbaridade. Agora o ideal é que nem o juiz vá lá nem o preso sai da cadeia, é fazer exatamente a tele-audiência. Isso é, mantém o direito de defesa, todas as condições, mas ninguém precisa sair, um não precisa sair da penitenciária, o outro não precisa sair do Fórum. Mas evidente. Nós temos exemplos, em São Paulo, temos experiência em governo eletrônico, poupatempo está aí. Aprovação de 98%. Hoje nós fazemos compra no Estado de São Paulo por bolsa eletrônica, a BEC, bolsa eletrônica de compra, compramos pneu para o carro da polícia 20% mais barato. Leilão eletrônico, mais transparente, mais empresas participam e economia. Então nós já propusemos isso ao Tribunal de Justiça, eles têm um entendimento que isso é necessário e está se tomando as providências no sentido da informatização para que isso seja possível. Mas acho que enquanto não se tem a tele-audiência a ida do magistrado ao CDP e a sala de audiência que já está, já existe lá, já está preparada, já será uma boa ajuda.

Fernando Canzian: José Eduardo de Andrade Bastos, publicitário.

Pergunta da platéia: O que o senhor irá fazer a respeito da Febem, que hoje em dia nada mais é do que um estágio para formação de criminosos perigosos. Eu acrescentaria que houve, efetivamente uma diminuição da rebeliões em Febem, mas tem havido denúncias de tortura e maus tratos dos meninos na Febem.

Geraldo Alckmin: Olha, Zé Eduardo, a Febem melhorou. Como é que era o modelo antigo? Eram duas megaunidades, uma Imigrantes, 2.000 adolescentes presos lá. Em privação de liberdade, a outra Tatuapé, mais 2.000. Acabou. Então adolescente infrator em São José do Rio Preto cometia ato infracional traz para a Febem Imigrantes ou para a Febem Tatuapé. Esse era o modelo. Qual foi o modelo que o governador Mário Covas, e ele se empenhoou pessoalmente para mudar o modelo. Unidades menores, Ribeirão Preto, Baixada Santista, São José do Rio Preto, Araraquara, Araçatuba, Presidente Prudente, cada região do Estado, unidades menores, o adolescente perto da família, para você não romper esse laço afetivo e uma forte agenda educativa. Está recuperando? Está. Tanto está que era 30% o adolescente que saía da Febem e cometia de novo ato infracional, baixou para 6%. E, preparar para o mercado de trabalho, para ele ter um emprego. Eu fui à Fiesp, há três meses, quando lá na Fiesp para 20 rapazes e moças da Febem, adolescentes, foi entregue a carteira de trabalho, o diploma de gráfico e a carteira assinada. Os 20 com emprego. Fizemos um convênio Paula Souza, Imprensa Oficial e sindicato dos Gráficos. Eles estão se qualificando. Então é possível sim avançar. O modelo está ótimo? Não. Melhorou? Melhorou. Mas ainda falta melhorar mais. Abusos de funcionários, tal, apuramos todos. Aqueles que a Justiça condena, já vai direto cumprir determinação judicial. Mas tem casos que você não comprova, mas você sabe que o funcionário não está qualificado para aquele tipo de trabalho. Nós mandamos embora. Indenizamos, é CLT, mandamos embora 700 funcionários da Febem. Pagamos, indenizamos, você não serve para trabalhar aqui. Aqui precisa ter um outro perfil, outra qualificação. Então a Febem está melhorando. A última unidade aqui em São Paulo que estava naquele modelo antigo era Parelheiros, que foi uma penitenciária, lá na zona sul de São Paulo, improvisada na desativação da Imigrantes. Desativamos Parelheiros, não existe mais a Febem lá. Estamos, graduaalmente, passando todas elas para o novo modelo.

Fernando Canzian: A assistente social Leona Hilda.

Pergunta da platéia: Candidato, num eventual governo como o senhor pretende eliminar a prostituição infantil em nosso Estado?

Geraldo Alckmin: Olha, eu acho que é trabalho com as famílias. Trabalhar com as famílias, que é o principal núcleo para isso. Nós criamos o chamado programa renda cidadã, dar uma ajuda para as famílias, cartão magnético, nome da mãe, nome da mulher, uma ajuda financeira. Todos os programas sociais do governo, quem está desempregado, frente de trabalho. É a emergência, mas também temos que agir na emergência. Claro que o ideal é o que nós pretendemos e vamos ajudar o Brasil, baixar juros, pisar no acelerador, aumentar exportação, aumentar emprego, ter um ciclo virtuoso. Agora, a família é importante. A igreja é importante, os meios de comunicação são importantes, essa é uma tarefa coletiva. E temos que romper preconceito. Acabamos de criar uma casa lá em Campos Elíseos, estamos levando pau, por quê? Porque criamos uma casa exatamente para tirar os menores da rua. Para dar um apoio para eles, para dar um braço amigo. A vizinhança já: opa, aqui não. Então, também enfrentamos a questão, e enfrentamos, e está melhorando. Unidade de Febem, quando você falava que ia levar para uma cidade era uma revolta geral. Hoje está mudando. Os prefeitos passam a ser cobrados pelos órgãos de imprensa e pela sociedade: olha por que é que não está recuperando menor aqui? Está mandando para São Paulo? Temos obrigação de reeducá-lo aqui. Então, estamos trabalhando no sentido de agir com as famílias e recuperar os nossos adolescentes.

Fernando Canzian: O funcionário público estadual Cascalho pergunta.

Pergunta da platéia: O governo estadual sempre alega falta de verbas para repor as verbas salariais do Judiciário paulista. O alto escalão Judiciário sempre encontra respaldo do governo para questão salariais. Qual a razão dessa injustiça?

Geraldo Alckmin: Há uma tripartição clássica do poder de Montesquieu: o Judiciário é um poder, o Legislativo é outro, o Executivo é outro. Nós não atuamos no Judiciário. Eu não sei quanto ganham, nós não temos sequer acesso à folha, se disser qual é a folha do judiciário? Eu não sei, eu sei o total porque eu passo o dinheiro, eu não conheço, não tenho nem acesso. Então o que nós fazemos é votar um Orçamento, no fim do ano, vota o Orçamento, olha o Judiciário é tanto, o Legislativo é tanto, o Ministério Público é tanto, o Executivo é tanto, sempre se pede mais do que o que se pode dar. Eu sempre corto, não é corto, eu compatibilizo o Orçamento, senão tenho que dizer para o contribuinte, precisa pagar mais imposto, se somar o que todo mundo quer, precisa dar dois Orçamentos. Precisa pagar mais imposto. A gente compatibiliza e passamos o dinheiro. O Poder Judiciário, ele tem uma política de recursos humanos, uma política salarial. Que nós não, nós repassamos o orçamento e até suplementamos às vezes. Mas quem paga este ou aquele valor, aí é uma questão interna do Poder Judiciário.

Fernando Canzian: Governador, tem alguma outra pergunta aqui sobre pedágio na Castelo que tem alguns números que eu queria que o senhor, se forem verdadeiros aqui, eu não os conheço, explicasse.

Pergunta da platéia: Por que todas as rodovias de São Paulo têm tarifas de R$ 0,08 por quilômetro e a marginal da Castelo R$ 0,35 por quilômetro? Segundo a leitora, a Glória Bruno, a Ecovias está construindo a segunda parte da Imigrantes e não cobra tarifa maior por isso. O fechamento dos acessos da rodovia Castelo Branco é para fazer com que os, evitar com que usuários escapem do pedágio na Castelo? Por que penalizar a população de Carapicuiba, Barueri com esta irregularidade? Qual a solução definitiva pergunta então?

Geraldo Alckmin: Glória, a marginal da Castelo é a única que tem teto, só teto, é daí para baixo. Por que ela é a mais cara do que os outros? Porque você fez um investimento enorme, mais de R$ 100 milhões, num trecho curto, quantidade de pistas que tem ali, de obras, então você estabeleceu um teto. E quem não quiser, não paga. Anda pela Castelo Branco, vai andar mais 600, 700 metros, não paga nada. Então, na realidade, você tem a opção. Quero chegar mais rápido, pago o pedágio, não quero, ando pela Castelo. Com o preço anterior, antes do abatimento, que chegou agora a 50%, o sem parar, com o anterior nós já tiramos 30 mil veículos da Castelo, estão beneficiando inclusive desafogando a Castelo Branco. Os imóveis de Barueri e região tiveram uma valorização extraordinária porque ninguém conseguia chegar nem sair por causa dos congestionamentos. Mas nós reconhecemos, olha, o modelo de 20 anos, ele pode ser aperfeiçoado, é o que nós estamos fazendo. Agora, nós não queremos fazer bravata, prometer coisa que depois vai perder na Justiça e o povo vai pagar. Então nós fazemos com responsabilidade. Fizemos um entendimento. Qual é o entendimento? Para retomar a duplicação da Raposo e reduz a tarifa da Castelo. Não teve reajuste, aliás ontem eu ouvi dizer aqui, pode ser que seja erro, não seja erro do candidato, que nos últimos 12 meses foi reajustoado a tarifa em 167% porcento, não, o índice é o IGP. Foi reajustoado em 8,8%. E as de pista simples 0, não deixamos reajustar. Na marginal da Castelo o reajuste 0, mas além de não ter reajuste, fizemos o que? Um entendimento usando o pedágio sem parar, todos os pedágios devem ter o pedágio eletrônico, para você não precisar parar, troco, passa direto e no fim do mês tem a conta. O desconto varia de 2%, quem passar uma ou duas vezes por mês, até 50% de desconto, quem usar bastante. E o povo não vai pagar porque foi um entendimento feito, além da duplicação da Raposo Tavares, que nós já estamos fazendo travessia de Cotia e já retomou tanto por Sorocaba quanto por Cotia.

Fernando Canzian: Estamos chegando ao fim do nosso debate, queria fazer uma provocação com o senhor, é sempre feita pelo nosso colunista mais famoso, que é o José Simão, chama o senhor de Picolé de Chuchu Light. Como o senhor vê essa alcunha data pelo colunista?

Geraldo Alckmin: Sou leitor do Zé Simão. Eu acho que o bom humor é uma coisa boa. Bernard Shaw dizia que o estado de permanente bom humor é prova de inteligência. Eu levo isso, eu acho que faz parte da vida esse bom humor. E olha, isso é prova de que o máximo que se consegue dizer são questões subjetivas. Eu gosto muito de sorvete, não gosto tanto de chuchu.... Mas gosto de sorvete, levo na esportiva, o que eu quero dizer é o seguinte, eu, quando me formei médico, eu, coincidentemente legitimo prefeito em Pindamonhangaba. E aí meu pai me mandou uma cartinha, dizendo o seguinte: olha, meu filho, eu estou percebendo que você, embora médico, gosta de política, é uma atividade bonita, porque ajuda a melhorar a vida das pessoas. Mas guarde o seguinte: política é para ser exercida com absoluta coragem moral. Dedicação total ao trabalho, compromisso popular. E vida modesta. Se quiser ficar rico, vai fazer outra atividade. Política é prestar serviço para as pessoas. Eu, toda noite, quando eu ponho a cabeça no travesseiro, eu me pergunto, a mim mesmo, no silêncio da consciência... se eu estou sendo fiel a esses princípios, nesses 30 anos de vida pública. Nunca ocupei um cargo que não tenha sido pelo voto popular, sete mandatos, sete pelo voto popular.

Fernando Canzian: Governador, chegamos ao fim...(aplausos).

Fernando Canzian: Gostaria de agradecer a presença do senhor e agradecer a presença dos leitores, da imprensa e estou entregando aqui pessoalmente as perguntas que faltaram aí, que não pudemos fazer, diretamente para o governador. Obrigado.

Veja também o especial Eleições 2002
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade