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22/08/2002 - 04h46

Embaixadora admite que EUA não respeitam o Brasil

da Folha de S.Paulo, em Brasília

A embaixadora dos Estados Unidos no Brasil, Donna Hrinak, disse que os Estados Unidos não dão a devida importância ao Brasil durante entrevista coletiva que concedeu ontem a correspondentes estrangeiros, em Brasília.

"O que eu escuto, não só das autoridades, mas também dos brasileiros em geral, é que os Estados Unidos não respeitam o Brasil, não dão suficiente atenção ao Brasil, não entendem o que o Brasil representa para a região e para o mundo e eu acho que isso é totalmente verdadeiro", admitiu a embaixadora.

Segundo Donna, o Brasil não recebe "a mesma consideração" que a China e a Rússia, por exemplo, por uma questão histórica, que se explica pelo fato de aqueles países, assim como a ex-União Soviética, serem potências nucleares.

A preocupação com o terrorismo nos EUA, depois dos ataques de 11 de setembro, segundo Donna, "moveu a América Latina para atrás do cenário".

De acordo com ela, o próprio presidente George W. Bush causou muita expectativa na região ao dizer que este seria o século das Américas. Para a embaixadora, o atraso do governo americano em designar um secretário para o hemisfério ocidental também prejudicou as relações mantidas com toda a região.

Otto Reich, secretário-adjunto do Departamento de Estado para o Hemisfério Ocidental, foi designado para o posto no início deste ano. "Esperamos que no ano que vem haja uma visita presidencial à região, que deve incluir o Brasil."

A embaixadora disse que o Brasil aumentou sua presença no cenário internacional e melhorou sua auto-estima. "O Brasil demonstrou, especialmente durante a administração de Fernando Henrique Cardoso, que reconhece o papel importante que possui no cenário regional, mundial e em termos políticos", disse.

Com exceção do presidenciável Anthony Garotinho (PSB), todos os demais principais candidatos a presidente aceitaram o convite da embaixadora recentemente para uma conversa. "Fiquei com a impressão de que todos vão fazer duas coisas: fincar o pé nas exportações e negociar novos acordos comercias", disse.

Livre comércio
Segundo Donna, há uma impressão de que os EUA estão a favor da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), enquanto os outros países estão contra, mas que, na verdade, há divisões sobre o assunto também entre os norte-americanos.

Em sua conversa com os correspondentes, Donna criticou a idéia de que o livre comércio, defendido pelo governo norte-americano, seja a panacéia para todos os males. "Talvez nossa maior falha tenha sido vender que o livre comércio é a solução para tudo. Um país que tem problemas de educação, de saúde e de distribuição de renda não vai solucioná-los com o livre comércio. Isso requer políticas de um bom governo", afirmou Donna.

Na opinião da embaixadora, a crise econômica nos EUA deveria acelerar a integração regional. "Se fôssemos muito inteligentes nos EUA, nos daríamos conta da importância do livre comércio justamente para recuperar a economia." E completou: "Temos a responsabilidade de indicar quais vão ser os benefícios do livre comércio, de sermos honestos e de indicar quais serão as desvantagens", disse.
 

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