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Mangabeira nega ter proposto aqueduto da Amazônia para o Nordeste
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RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Manaus
Na penúltima etapa de sua viagem à Amazônia, o ministro Roberto Mangabeira Unger (Assuntos Estratégicos) negou hoje, em Manaus, que sua pasta tenha algum plano relacionado à transposição de águas da região para o semi-árido nordestino. Ele disse que a idéia de um aqueduto foi um "erro de interpretação" da imprensa.
"Esses mal-entendidos resultam da tentação de pinçar um tema fora do seu contexto", disse Mangabeira, em referência a um texto de dez páginas de sua autoria que foi lançado durante a primeira etapa da viagem, em Belém (PA). "Na questão da água, nossa primeira tarefa é garantir que os habitantes da Amazônia tenham acesso a uma água confiável".
Isso não impede, em sua opinião, a busca pelo transporte de água entre regiões distintas a um custo acessível. "Mas isso apenas no futuro, com tecnologia a ser desenvolvida."
Mangabeira também disse ter sido mal compreendido ao tratar da Zona Franca de Manaus. Jornais locais publicaram hoje que o ministro havia proposto que os incentivos fiscais fossem estendidos a todos os Estados da região.
Não era bem assim. Segundo o ministro, a Zona Franca foi usada apenas como modelo para uma política ampla de incentivo a atividades econômicas sustentáveis. "Uma zona franca verde."
Descompasso
Além de explicar o que escreveu, Unger participou hoje de dois eventos para discutir propostas de desenvolvimento socioeconômico da região. Em ambos, era nítida a diferença de foco entre os integrantes da comitiva do governo federal e os políticos que os recepcionaram em Manaus.
"É preciso construir um vínculo entre vanguarda e retaguarda, o que pressupõe ultrapassar o fordismo [sistema de produção em massa] do Sudeste", propôs Mangabeira, em referência a um modelo econômico fundamentado no uso de mão-de-obra barata. O ministro Gilberto Gil (Cultura), que integrou a comitiva em Manaus, falou em "reinstitucionalização" e saudou a "democratização da inteligência".
Os amazonenses, porém, esperavam propostas mais palpáveis, como investimentos em infra-estrutura de transportes e formação de mão-de-obra qualificada e políticas tributárias diferenciadas. "Não adianta pensarmos em um transporte lunar, se não conseguimos enfrentar as questões do cotidiano", resumiu o governador do Estado, Eduardo Braga (PMDB).
O governador também criticou a ausência de quatro ministros --Meio Ambiente, Integração Nacional, Desenvolvimento e Planejamento-- na comitiva de 35 convidados, que lotou um jato da FAB (Força Aérea Brasileira). "Não é possível pensar o futuro da Amazônia sem a presença dos ministros."
A comitiva de Mangabeira segue amanhã para a última escala da visita, em Tefé (520 km de Manaus).
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