Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
30/08/2002 - 07h08

Lula elogia governo Médici

da Folha de S.Paulo
da Folha de S.Paulo, no Rio

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez ontem elogios ao governo do general Emílio Garrastazu Médici, cuja gestão como presidente (1969-74) marcou o período de maior repressão política e policial do regime militar.

"Em 1970, no auge da ditadura militar, em que o presidente Médici andava perseguindo os meus companheiros do PT, nós vivemos o maior boom de empregos da história desse país, a um crescimento de 10% ao ano", disse Lula, em entrevista ao "Bom Dia Brasil", da Rede Globo.

A menção a Médici -na verdade, ao regime militar de um modo geral- foi feita por Lula como contraposição ao que considera falta de planejamento estratégico do atual governo.

"O Brasil em três momentos foi pensado em longo prazo e planejado estrategicamente. No governo Getúlio [Vargas], no governo Juscelino [Kubitschek] e com os militares", declarou o petista.

Lula elencou algumas realizações dos militares no poder: "Os militares, com todos os defeitos de visão política que tiveram, pensaram o Brasil estrategicamente, porque construíram o Proalcool, construíram o pólo petroquímico, construíram um sistema de telecomunicações razoável", declarou.

Ele lembrou dos planos decenais dos militares, em que o Brasil era pensado para períodos de dez anos. "O defeito é que hoje o Brasil é pensado apenas de mandato em mandato. E como o mandato é de quatro anos, não dá para as pessoas executar as políticas".

O presidenciável prometeu que, se ganhar as eleições, o planejamento terá papel importante. "Se você não pensar para gerações, você não constrói nada."

Ao ser questionado pelos entrevistadores a respeito do fato de uma das heranças dos militares ter sido altas taxas de inflação, Lula respondeu: "Não é verdade".

Apesar dos elogios, o petista procurou explicitar sua crítica à repressão do período. Disse que "não vale a pena viver sem liberdade". "É por isso que eu luto por democracia",completou.

Reincidência e yuppies
Não é a primeira vez que o petista faz menções elogiosas ao período de exceção. Em julho do ano passado, ao visitar o lago de Furnas Centrais Elétricas, em Minas, Lula disse que "por mais que tenhamos sofrido na mão deles, eles criaram o pólo petroquímico e as empresas de energia".

À tarde, em campanha no Rio, Lula comparou o mercado financeiro a um "Deus onipotente" e prometeu que, se eleito, estabelecerá um novo contrato social entre governo e sociedade para tentar resolver os problemas sociais e econômicos do país.

"Não existe mais povo, não existem mais problemas sociais, é só o mercado, como se ele fosse um Deus onipotente. Agora, é o yuppie do mercado que aparece [na TV] falando do problema do mercado. Nós entendemos que isso tem que mudar", afirmou.

Lula disse que, por falta de diálogo com a sociedade, o governo federal socorreu, por intermédio do Banco Central, o ex-banqueiro Salvatore Cacciola, em 1999.

Sarney
Na entrevista à Rede Globo, Lula também procurou justificar a aliança com o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), de quem obteve apoio formal na terça-feira. O petista alegou que hoje há um "momento histórico" diverso do vivido nos anos 80, quando seu partido era um dos principais críticos do governo Sarney.

"Você analisa as coisas em função do momento histórico. Queremos o apoio das pessoas mais experientes não apenas para ganhar a eleição, mas para governar", declarou, em entrevista ao "Bom Dia Brasil".

O petista, que já chamou o ex-presidente de "grileiro", afirmou não ver problema em trocas de acusações passadas. "Não podemos prescindir da experiência das pessoas que já passaram pelo cargo. Até porque não queremos cometer erros cometidos no passado", declarou o petista.

O presidenciável retomou a crítica ao projeto da Petrobras de encomendar plataformas no exterior. Ele prometeu que em seu governo as plataformas da Petrobras serão construídas no Brasil sempre que a indústria naval brasileira tiver capacidade. Sinalizou ainda que isso ocorrerá nem que seja preciso fazer intervenção na Petrobras. "A Petrobras é subordinada ao Presidente da República. Às vezes, pode ficar 5% mais barato construir lá fora, mas os custos sociais acabam fazendo com que fique mais caro", disse.

Veja também o especial Eleições 2002
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade