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Dom João autoriza abertura de estradas para interligar o Brasil
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WANDERLEY PREITE SOBRINHO
Colaboração para a Folha Online
A instalação da corte portuguesa no Brasil, em 1808, não garantiu apenas a unidade do país. A presença da coroa foi importante para integrar o território nacional, segundo historiadores.
Logo que a família real desembarcou na Bahia, d. João autorizou a abertura de novas estradas entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, o que era proibido desde 1733 porque a coroa temia o contrabando de pedras preciosas e ouro.
"Até então, as pessoas circulavam a partir das trilhas criadas pelas tropas que iam para o centro minerador", diz o historiador Jobson Arruda, professor da USP (Universidade de São Paulo). "Foi assim que partes das regiões Sul e Nordeste se integraram naquele período."
Ele diz que outra forma de comunicação interna era pela interligação dos portos. "D. João autorizou a navegação fluvial, que também era proibida para preservar as áreas de mineração", lembra o historiador. "Foi o caso da navegação pelo vale do rio Doce, em Minas Gerais, que desemboca no Espírito Santo."
Foi nesse período que algumas expedições desceram o rio Amazonas e fizeram contato com o Sudeste. Já a navegação a vapor só seria inaugurada em 1818.
A presença das tropas reais por todo o território também ajudou a integrar o país. "Ao Norte, a coroa esteve presente na Guiana Francesa. Ao Sul, dominou a Cisplatina [onde hoje é o Uruguai]", diz o historiador Nireu Cavalcanti, professor da UFF (Universidade Federal Fluminense).
D. João também criou as capitanias do Piauí, Sergipe e Alagoas. "Todas as vezes que se criava uma vila, província ou capitania, o Brasil ficava mais complexo", diz Cavalcanti.
Essas movimentações abriam estradas e deixavam pelo caminho infra-estrutura e servidores públicos.
A simples presença do príncipe regente no Brasil ajudou na manutenção e interligação territorial. Cavalcanti diz que antes de a corte se instalar no Rio de Janeiro, toda e qualquer mudança, como a simples construção de uma rua, precisava passar pela aprovação do rei.
"Demorava muito até que ele aprovasse. O governador geral encaminhava o pedido para Lisboa. Lá o conselho ultramarino nomeava um relator, que analisava, dava um parecer ou devolvia o pedido exigindo mais informações", diz. Com d. João no Brasil, a análise desses pedidos demorava menos tempo e acelerou a interligação das regiões da então colônia.
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