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12/09/2002 - 09h21

Bem de suplente é 46,4% maior que o de senador

FERNANDO RODRIGUES
da Folha de S.Paulo, em Brasília

Números inéditos ajudam a reforçar uma tese antiga da política brasileira: os candidatos a suplentes de senador muitas vezes entram na campanha mais pelo seu histórico monetário do que por outro motivo. O valor médio do patrimônio declarado dos candidatos a suplente de senador foi R$ 668,9 mil em 1998. O de candidatos titulares ao Senado no mesmo ano foi de R$ 456,9 mil.

Em termos percentuais: os 320 candidatos a suplente de senador de 98 declararam um patrimônio 46,4% maior dos que os 164 candidatos à vaga de senador titular _esses são os registros disponíveis para análise.
Essa lógica se repete para outros dois tipos de candidatos não-titulares _o de vice-governador e o de vice-prefeito de capitais.

Os 148 candidatos a governador em 98 declararam bens num valor médio de R$ 860,2 mil. Os 147 candidatos a vice-governador afirmaram ter um patrimônio médio de R$ 1,140 milhão -32,6% a mais do que os titulares das chapas.

No caso de prefeitos e vice-prefeitos, os dados disponíveis são os de candidatos nas capitais de Estados em 2000. Ocorre que haveria uma distorção no cálculo porque um registro daquele ano é o do político com maior valor declarado do país -Ronaldo Cezar Coelho, do PSDB, que concorreu a prefeito do Rio e informou ter R$ 249,2 milhões.

Para evitar o viés que Cezar Coelho causaria, o melhor cálculo é só com os candidatos a prefeito e a vice-prefeitos eleitos em 2000, já que o tucano foi derrotado. Nesse caso, os prefeitos eleitos tiveram um patrimônio declarado médio de R$ 279,2 mil. Para os vice-prefeitos eleitos o valor foi de R$ 309,5 mil -10,9% acima do que o dos cabeças de chapa.

Os dados sobre o patrimônio médio declarado dos suplentes de senadores, vice-governadores e vice-prefeitos devem ser analisados com cuidado, pois são apenas as informações oficiais. É possível que alguns políticos não declarem de fato todos os bens que possuem, mas só a Receita Federal tem poder e instrumentos de investigação para apontar alguma eventual inconsistência nessas declarações de patrimônio.

Os "sem-bem"
Há uma categoria curiosa entre os políticos brasileiros. Entre os 3.956 documentos de bens obtidos para esta reportagem encontram-se 330 registros de candidatos que declaram não ter bens. Essa categoria dos "sem-bem" representa 8,3% do total das declarações de patrimônio nas eleições de 1998, 2000 e 2002.

Outras duas categorias chamam a atenção entre os registros pesquisados. São os que declaram patrimônio, mas não revelam os valores de seus bens (por exemplo, os candidatos a presidente da República pelo PSB, Anthony Garotinho, e pelo PPS, Ciro Gomes). E há, também, aqueles políticos que fazem questão de informar valores irrisórios -os donos dos menores patrimônios.

Nesse último grupo é destaque principal a deputada federal Esther Grossi (PT-RS). Famosa pelas tinturas multicoloridas que usa no cabelo, a petista declarou à Justiça Eleitoral gaúcha possuir apenas R$ 0,01.

Esther Grossi afirma também que esse um centavo refere-se a "bens declarados em conjunto com o marido". A petista possui oficialmente, portanto, apenas meio centavo de real.

O artifício de não informar os valores dos bens é usado por 504 políticos nas três eleições pesquisadas. Eles representam 12,7% das declarações de bens obtidas. O recurso é mais popular entre os candidatos do PMDB e do PPB.

O presidenciável Ciro Gomes não se encaixa totalmente nessa categoria, pois revela em seu documento o saldo de suas contas bancárias (R$ 53 mil). Mas não diz quanto valem seus imóveis (dois apartamentos) e seu carro (um Audi A-6, ano 1996).

Veja também o especial Eleições 2002
 

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