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12/09/2002 - 09h00

No centenário de JK, candidatos tentam se apossar da imagem

PAULO PEIXOTO
da Agência Folha, em Belo Horizonte

Cada qual a seu modo, os principais candidatos ao Planalto vão procurar hoje se associar à memória de Juscelino Kubitschek (1902-1976), que, no centenário de seu nascimento, é o presidente mais reverenciado tanto pela esquerda como pela direita.

Em Diamantina, cidade natal de Juscelino, o petista Luiz Inácio Lula da Silva receberá a medalha JK do governador Itamar Franco. Longe de lá, mas ainda em Minas, Ciro Gomes (PPS) prestará "homenagem a JK" em um showmício programado para hoje à noite em Araxá. E Anthony Garotinho (PSB), que se apresenta no horário eleitoral gratuito como seguidor de Juscelino, fará campanha na região de Belo Horizonte.

O candidato oficial, José Serra (PSDB), não tinha programado nada, mas vem citando Juscelino com frequência em sua campanha. Em Brasília, contudo, Fernando Henrique Cardoso presidirá uma solenidade em homenagem a JK no Palácio da Alvorada.

Nas eleições anteriores, os candidatos que conseguiram "colar" em JK acabaram tendo êxito. Em 1989, Fernando Collor de Mello exibiu no horário gratuito uma mensagem de apoio à sua candidatura de Sarah Kubitschek, viúva do presidente, na qual ela dizia reconhecer em Collor o seguidor de Juscelino. E, em 1994, FHC lançou seu programa de governo no Memorial JK e obteve a adesão de Márcia Kubitschek, filha de JK.

A cerimônia de Diamantina era a oportunidade que Itamar esperava para colocar no mesmo palco Lula e Aécio Neves, seus candidatos à Presidência e ao governo mineiro. Desde o ano passado, o petista tem elogiado a gestão JK como exemplo de planejamento. JK também fornecerá o pretexto para o encontro de Lula com Aureliano Chaves, outro que receberá a medalha. O ex-vice-presidente deve anunciar seu apoio.

Numa campanha em que o emprego virou prioridade máxima, o empenho dos presidenciáveis atrás do legado de JK resulta da imagem positiva que cerca sua gestão, de uma era de crescimento econômico e estabilidade política que contrasta com as turbulências dos governos de antes e depois. Mas ele é, ao menos em parte, responsável pela crise de 1964.

Juscelino promoveu a expansão econômica do país por meio do capital estrangeiro -o que trouxe dificuldades nas contas externas e elevou a dívida externa (que atingiu US$ 3,7 bilhões em 1960).

A construção de Brasília foi financiada por emissões de moeda (2% do PIB ao ano), que resultaram num aumento persistente da inflação. Consciente desses problemas, JK trabalhou para sabotar a vitória de seu partido, o PSD, nas eleições presidenciais de 1960. Na sua avaliação, seu sucessor teria de resolver as graves dificuldades deixadas por seu governo, adotando medidas impopulares, o que permitiria seu retorno vitorioso ao poder em 1965. A única coisa que ele não poderia prever era a renúncia de Jânio Quadros.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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