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11/03/2008 - 21h28

Manifestantes do MAB invadem usina em Rondônia

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CÍNTIA ACAYABA
da Agência Folha

O MAB (Movimento dos Atingidos por Barragens) invadiu hoje uma usina termoelétrica em Rondônia e promoveu ações em mais seis Estados. Os protestos --que interromperam as obras de uma usina hidrelétrica, no Maranhão, e de um projeto hídrico, no Ceará-- antecipam o dia internacional de luta contra as barragens, comemorado em 14 de março.

Integrantes da Via Campesina e do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que desde o último dia 4 realizam protestos pelo Dia Internacional da Mulher (8 de março), deram apoio às ações contrárias ao atual modelo energético brasileiro e à construção de barragens.

Segundo a coordenação do MAB, as ações --que começaram ontem em Resplendor (MG), com o apoio à invasão de uma ferrovia da Vale do Rio Doce-- devem continuar até sexta-feira.

Em Rondônia, cerca de 700 pessoas, segundo o MAB, invadiram a unidade termelétrica Rio Madeira, em Porto Velho. Para a Eletronorte, estatal que administra a usina, aproximadamente 500 pessoas participaram da invasão.

Por volta das 3h30, oito ônibus levando integrantes do movimento chegaram à termelétrica. O MAB reivindica o assentamento de pessoas que foram desabrigadas com a construção da Usina Hidrelétrica de Samuel, na década de 80, também em Porto Velho.

De acordo com levantamento feito pelo MAB, 650 famílias não foram assentadas e nos assentamentos montados, a infra-estrutura é precária.

A Eletronorte informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que a estatal "já cumpriu com todas as obrigações com a construção da barragem". Até o final da tarde de hoje, os manifestantes permaneciam na usina, que não estava gerando energia --ela só é utilizada em casos de estiagem.

No Maranhão, cerca de 300 manifestantes --entre sem-terra, agricultores, atingidos por barragens e índios-- acamparam hoje na entrada do canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito, localizada no município de mesmo nome, na divisa com o Tocantins.

A assessoria de imprensa do Consórcio Estreito Energia, responsável pela construção da usina, disse que a obra está paralisada e que os cerca de 1.500 trabalhadores foram retirados.

Segundo a Polícia Militar, por volta das 5h de hoje houve uma tentativa de invasão da obra, mas os policiais que já estavam no local fizeram uma barreira e evitaram a ação.

Cirineu da Rocha, coordenador do MAB, disse que os policiais dispararam três tiros para o alto para evitar a invasão. A Polícia Militar negou.

Os manifestantes reivindicam melhorias nas indenizações dos atingidos pela barragem e a criação de um fórum para a discussão de problemas decorrentes da construção da hidrelétrica. Não há prazo para o encerramento do protesto.

No Ceará, cerca de 700 pessoas interromperam os trabalhos de um canteiro de obras do Canal de Irrigação, em Morada Nova. Para o MAB, o projeto hídrico para o abastecimento da região metropolitana de Fortaleza beneficia indústrias siderúrgicas. O governo estadual, por meio de sua assessoria de imprensa, disse que a obra é "de extrema necessidade e é prioritariamente para o consumo da população da região da capital".

Manifestantes também protestaram em frente à usina hidrelétrica de Machadinho, na divisa do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, na portaria da usina hidrelétrica de Salto Santiago, no Paraná. Também houve ações em Erechim (RS) e João Pessoa (PB).

Colaborou SÍLVIA FREIRE, da Agência Folha

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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