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21/09/2002 - 08h19

Garotinho fala a militares e ataca FHC

MURILO FIUZA DE MELO
da Folha de S.Paulo, no Rio

O candidato do PSB à Presidência da República, Anthony Garotinho, repetiu ontem o tom nacionalista de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao falar para os militares da ESG (Escola Superior de Guerra). Durante palestra de um hora e meia, ele acusou o presidente Fernando Henrique Cardoso de usar o cargo para "promoção pessoal" e foi aplaudido.

O único momento em que a platéia reagiu em silêncio foi quando o candidato do PSB levantou suspeitas sobre o processo de licitação do Sivam (Sistema de Vigilância da Amazônia), ao ser questionado se era favorável à realização de concorrência pública para compra de aviões para Aeronáutica ainda este ano.

"Aqui nesta sala não tem ninguém que não compreenda que este governo já foi longe demais. Nós não queremos um novo Sivam. Não o Sivam em si, mas todo mundo sabe como foram os bastidores dele. Nós não queremos, agora, na compra dos aviões um novo escândalo Sivam", afirmou.

EUA
Como a Folha divulgou no fim de julho, documentos oficiais do governo dos Estados Unidos citam nominalmente o brigadeiro Marcos Antônio de Oliveira, chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, por ter supostamente favorecido a empresa americana Raytheon no processo de licitação para a compra de equipamentos para o Sivam.

Oliveira, que foi coordenador da concorrência, negou à época qualquer favorecimento à empresa dos Estados Unidos. O próprio presidente FHC defendeu Oliveira em cerimônia de inauguração do Sivam.

Presentes ao encontro os ex-ministros das Relações Exteriores general Mário Gibson Barbosa (governo Figueiredo) e da Marinha Ivan da Silveira Serpa (governo Itamar Franco) e Alfredo Karan (governo Médici) não quiseram comentar a declaração de Garotinho sobre o Sivam, alegando pouco conhecimento do assunto, mas elogiaram a palestra do ex-governador.

Armas nucleares
Como Lula, Garotinho se colocou contra a assinatura do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares e o uso da base de lançamentos de foguetes de Alcântara (MA) pelos EUA.

Ele defendeu ainda a construção de um submarino nuclear, o serviço militar obrigatório e mais recursos para as Forças Armadas e seus institutos de pesquisa.

Garotinho disse ser favorável a que o Brasil tenha assento no Conselho de Segurança de ONU (Organização das Nações Unidas), mas ressalvou que, antes, o futuro presidente deverá reequipar as Forças Armadas.

"Com toda a sinceridade, nós somos favoráveis à presença do Brasil no Conselho de Segurança da ONU, mas o que adianta estar sentado lá sem Força Armadas? É o mesmo que participar da Fifa sem ter seleção", disse, provocando risos na platéia.

Sobre a posição contrária ao Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares, assinado pelo governo brasileiro em 1998, o candidato ressaltou que não se trata de "defender a bomba atômica", mas, sim, dar oportunidade para que os países decidam sobre a melhor política interna.

"Eu sou a favor que o Brasil defenda nos fóruns internacionais a posição de um acordo mundial para erradicação total de armas nucleares, mas, enquanto isso não vem, porque nós vamos ser obrigados a assinar um documento que é bom para os que já têm e proíbe os que não têm de ter [armas nucleares"? Esse acordo é mais ou menos como aquele ditado popular: faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço."

Alca e Mercosul
Garotinho criticou ainda a globalização. Disse que, se eleito, trabalhará para que o Brasil assuma uma liderança na América do Sul, trabalhando para o fortalecimento e ampliação do Mercosul.

Sobre a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), foi taxativo: "A Alca, da forma como está proposta, é terrível, é uma anexação do Brasil [aos EUA]."

Ao ser questionado pelo presidente do Clube Militar, Luiz Gonzaga Lessa, sobre o papel das Forças Armadas na proteção da Amazônia, o ex-governador também falou aquilo o que os militares queriam ouvir.

Disse que irá fortalecer a presença militar na região e que combaterá a pirataria biológica.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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