Lula vai assinar decreto restabelecendo diárias de viagens para ministros, diz Hage

Em depoimento nesta quarta-feira à CPI dos Cartões Corporativos, o ministro Jorge Hage (Controladoria Geral da União) classificou hoje de "hipócrita e demagógica" a decisão tomada em governos anteriores de extinção do pagamento de diárias para os ministros em viagens nacionais. Hage disse que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve editar decreto, nos próximos dias, para restabelecer as diárias.
Na opinião de Hage, as diárias pagas diretamente aos ministros são a melhor alternativa para garantir transparência nos gastos públicos.

"Eu não teria a menor hesitação em dizer que o melhor mecanismo [de controle de gastos] é a diária de valor fixo. Foi uma medida demagógica, farisaica, hipócrita no passado que suprimiu as diárias para os ministros", disse ele à CPI.

Hage disse que, com as diárias, os ministros tinham limites para a execução de despesas em viagens, o que não ocorre com os cartões corporativos. "Ao dar um cartão para um ministro, ele pode escolher ficar em um hotel de cinco ou três estrelas. No valor fixo, ele paga a diferença do seu bolso se quiser ficar em um hotel melhor. Hoje já há consenso no governo de que isso deve mudar", afirmou.

O governo ainda vai definir os valores que serão fixados nas diárias dos ministros. A expectativa é que elas fiquem em torno de R$ 415 para os ministros em viagens nacionais. No modelo atual, os ministros recebem diárias somente em viagens oficiais para fora do país.

Críticas

O ministro também criticou a proposta de suspensão do uso dos cartões corporativos, sugerida nesta terça-feira à CPI por integrantes do TCU (Tribunal de Contas da União). Hage disse acreditar que o cartão, apesar das falhas, ainda é um mecanismo transparente para a execução de gastos federais.

"É uma sugestão inconseqüente e inqualificável. É só isso que eu posso afirmar", disse.

O procurador do Ministério Público junto ao TCU (Tribunal de Contas da União), Marinus Eduardo Marsico, sugeriu à CPI a suspensão do uso dos cartões pela administração pública federal.

Na opinião do procurador, deve haver punições para o uso irregular dos cartões caso sejam comprovados indícios de fraudes. "Pedimos ao relator do processo de auditoria para que o TCU, se lhe convier, suspender o uso dos cartões com as devidas punições", disse Marsico.