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28/09/2002 - 07h10

Em crise, Ciro lança programa sem aliados

PATRICIA ZORZAN
da Folha de S.Paulo

Em queda nas pesquisas, o candidato do PPS à Presidência, Ciro Gomes, lançou ontem seu programa de governo, em São Paulo, sem a presença das principais lideranças da Frente Trabalhista.

Dos integrantes da coordenação política de sua campanha, formada pelos presidentes do PTB, PDT e PPS, apenas o senador Roberto Freire, líder da sigla do presidenciável, participou.

Leonel Brizola, disseram seus correligionários, cumpria agenda no Paraná e foi representado pelo secretário-geral, Manoel Dias. Pelo PTB, nem o presidente José Carlos Martinez nem o líder da legenda na Câmara, Roberto Jefferson, presenças constantes em eventos de tempos atrás.

Presidente do PFL, o senador Jorge Bornhausen, que chegou a participar da inauguração de um comitê de Ciro em São Paulo, também não pôde comparecer.

"Estão todos cuidando de suas campanhas. Seria contraproducente vir até aqui por algo simbólico. Eu não sou candidato", justificou Geraldo Althoff, homem do PFL na equipe do presidenciável. A mesma explicação foi dada por Ciro. "O mais é fofoca."

Coordenador do programa, o filósofo Roberto Mangabeira Unger foi outro que fez parte das defecções. Viajou anteontem para os Estados Unidos, depois que assessores do presidenciável afirmaram que sua presença no evento seria "constrangedora".

No último sábado, o filósofo procurou Anthony Garotinho (PSB), propondo que ele e o candidato do PPS desistissem da disputa em favor de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ainda no primeiro turno. Foi chamado de "traidor" por aliados de Ciro que sequer foram ao ato de ontem.

"Quero saudar, na sua ausência, um querido amigo de muitos anos, que teve o papel de coordenador desse esforço, o professor Roberto Mangabeira Unger", limitou-se o candidato a dizer, em público, sobre o filósofo.

Questionado sobre a ausência, apelou para a discussão de assuntos de interesse do "povo".

Titanic
Um auditório de 340 lugares no Anhembi foi preparado para a cerimônia. Os últimos retoques no ambiente foram dados ao som da música tema do filme "Titanic", tocada, pouco antes da chegada de Ciro, em uma versão em língua portuguesa. Na platéia, cabos eleitorais de candidatos a deputado empunhando bandeiras da Força Sindical ocuparam praticamente todos os lugares -em troca de lanches, admitiram alguns.

Os erros cometidos pela campanha foram o tema de conversas entre os políticos. Enquanto uns culpavam a lentidão do marketing cirista em responder aos ataques de José Serra (PSDB), outros reconheceram o caráter melancólico do ato. ""É assim mesmo quando o candidato cai."

Exemplo da descoordenação que marcou a candidatura, aliados do presidenciável davam declarações desencontradas até mesmo sobre os adversários.

Enquanto Freire dizia que "não se pode imaginar um desastre para o país caso Serra seja eleito", o vice Paulo Pereira da Silva (PTB) sustentava posição oposta: "Ele é a ameaça para o Brasil. Votamos no diabo, mas não nele".

Embora o presidenciável tenha sido saudado aos gritos de "Brasil urgente, Ciro presidente", sucesso mesmo foram os anúncios das presenças de sua mulher, a atriz Patrícia Pillar, e do grupo de pagode Os Travessos.

A banda, segundo o mestre de cerimônias do evento, participava "de graça" do ato. "Porque o Ciro é companheiro dos Travessos", emendou. Esqueceu de mencionar apenas que foram contratados para shows na campanha.

Em um discurso marcado por críticas a Lula e a Serra, Ciro apresentou seu programa como um proposta "que não mente". Nela, defendeu a convocação "unilateral", tanto pelo presidente quanto pelo Congresso, de eleições antecipadas diante de impasses e admitiu a hipótese de um superávit primário superior ao atual.

Veja também o especial Eleições 2002
 

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