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01/04/2008 - 07h51

Com salários atrasados, servidores de fundação ligada à UnB entram em greve

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RODRIGO VARGAS
da Agência Folha, em Cuiabá

Quatro meses de salários atrasados levaram 200 funcionários da Funsaúde (fundação ligada à Universidade de Brasília) a deflagrar greve por tempo indeterminado na última sexta-feira. Todos atuam no atendimento à etnia xavante, na região leste de Mato Grosso, por meio de convênio entre a universidade e a Funasa (Fundação Nacional de Saúde).

A Funsaúde está envolvida em uma série de denúncias de mau uso do dinheiro. Em novembro do ano passado, a entidade pagou passagens aéreas para que Letícia Mulholland, mulher do reitor da UnB, Timothy Mulholland, o acompanhasse em um evento no Piauí.

No mesmo mês, a fundação também pagou passagens para viagens particulares feitas pela irmã e a mãe do diretor da Editora da UnB, Alexandre Lima. À Folha a assessoria de imprensa da editora disse que o pagamento das passagens havia sido um "equívoco".

A Funsaúde teria usado, segundo o "Jornal Nacional", cerca de R$ 9.000 para a compra de nove canetas de luxo. No início de março, durante depoimento do reitor da UnB à CPI das ONGs, o senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse que a editora da universidade repassou, no ano passado, R$ 13 milhões à Funsaúde, "para um projeto de saúde indígena no Mato Grosso".

À ocasião, Mulholland disse que a instituição vinha fazendo "um projeto social". "A editora foi contratada pela Funasa para fazer este trabalho e desenvolveu com médicos da própria instituição."

Os grevistas dizem que as denúncias sobre gastos indevidos fizeram crescer a insatisfação dos servidores --enfermeiros, técnicos de enfermagem, motoristas e funcionários do setor administrativo. "Enquanto eles gastam com canetas de luxo, tem gente aqui sem comida em casa. Já tivemos até gente presa por não conseguir pagara pensão alimentícia", diz Gilson Gonzaga, da comissão de greve.

A reportagem procurou a assessoria de imprensa da Funasa, que se adiantou em dizer que o convênio para atendimento aos xavantes havia sido firmado com a FuB (Fundação Universidade de Brasília), e não com a Funsaúde.

O convênio foi firmado em 16 de junho de 2004 para um prazo de cinco anos. De acordo com José Menezes Neto, diretor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional da Funasa, a FuB já recebeu R$ 18 milhões de um total de R$ 32 milhões previstos em repasses até o final da vigência.

Segundo ele, a última parcela dos repasses foi bloqueada pela Funasa, em razão de atraso na prestação de contas por parte da FuB. Menezes Neto também diz que a própria participação da Funsaúde na prestação do serviço ainda é investigada. "Ainda estamos analisando se a contratação foi regular ou não."

A assessoria da UnB disse que somente a Funsaúde poderia se manifestar sobre o assunto. A reportagem tentou, sem sucesso, entrar em contato com a fundação, por meio do telefone. Uma atendente recomendou que a reportagem procurasse o Ministério Público Federal para obter informações. Foi deixado um recado no telefone celular de um dos diretores que, até a conclusão desta reportagem, não havia ligado de volta.

 

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