Oposição ameaça levar a plenário votações sobre quebra de sigilo e convocação de Dilma

A oposição ameaça levar para o plenário do Senado a votação dos requerimentos de quebra de sigilo dos gastos do governo federal com cartões corporativos caso parlamentares governistas impeçam a aprovação desses requerimentos na CPI mista (com deputados e senadores) dos Cartões. Líderes da oposição compareceram em peso à reunião da comissão esta manhã para protestar contra a blindagem dos governistas sobre o Palácio do Planalto e a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) nas investigações.

"Estamos convictos de que sigilos têm que ser quebrados e explicações têm que ser dadas pela ministra Dilma. Ela não pode dizer que tem mais o que fazer. Requerimentos de quebra de sigilo negados aqui, nós pediremos que sejam apreciados pelo plenário do Senado. Não é uma coisa fácil de se sepultar aqui porque não se sepulta aqui", enfatizou o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM).

O líder do DEM, senador José Agripino (RN), fez um apelo para que os governistas não impeçam a votação dos requerimentos de quebra de sigilo. "Que não se venha jogar capa de proteção em um coisa que é obrigação da CPI. Quero chamar à responsabilidade os membros todos para a necessidade de investigar a apresentar resultados conclusivos", defendeu.

Os dois líderes, que não integram a CPI como membros como titulares, compareceram à reunião desta terça-feira para pressionar os governistas a discutirem as quebras de sigilo e a convocação da ministra Dilma. A oposição cobra explicações da ministra sobre o dossiê com informações de gastos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) com os cartões corporativos que teria sido vazado pela Casa Civil.

"O Planalto negou que tivesse dossiê, mas agora admite que dispõe de banco de dados sigilosos que foram surrupiados por alguém. É evidente que o vazamento aconteceu, que o banco de dados foi preparado. Se falarmos em banalização da quebra de sigilo, quem banalizou foi o vazamento de informações da Casa Civil", disse Agripino.

Polêmica

A CPI deu início aos trabalhos nesta terça-feira com a votação de requerimentos consensuais entre governo e oposição. A presidente da comissão, senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), decidiu iniciar os trabalhos sem a votação dos requerimentos polêmicos para que a comissão tenha avanços nos trabalhos.

Serrano prometeu, porém, colocar em votação ainda hoje os requerimentos de quebra de sigilo --apesar dos governistas já terem afirmado que vão impedir a votação dessas matérias por terem maioria na CPI. O Palácio do Planalto mobilizou sua tropa de choque na comissão para impedir as quebras de sigilo e a convocação da ministra Dilma.

"Não adianta tentarem tripudiar em cima do governo, nem tentar aprovar requerimentos de quebra de sigilo", reagiu o deputado Carlos Willian (PTC-MG).