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04/10/2002 - 16h20

Sites fazem panfletagem virtual e criam internauta marqueteiro

EDUARDO CUCOLO
da Folha Online

Pela primeira vez em uma campanha presidencial, a internet fez a diferença como instrumento de propaganda. Os principais candidatos apostaram na rede como uma vitrine para espalhar material de campanha pelo país, cutucar adversários e medir a satisfação do eleitor com as campanhas.

Com mais espaço e agilidade que outros veículos, a rede foi transformada pelos marqueteiros políticos em um laboratório para novas experiências e em mais um campo de batalha das campanhas.

"Nesta eleição, a internet começou a fazer a diferença. Muita coisa gira em torno do site. Ele funciona como uma ferramenta de integração entre as diferentes partes da campanha", disse o coordenador de internet da campanha de José Serra (PSDB), Jean Boechat.

Segundo a equipe responsável pelo site do candidato Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a internet pode não ajudar na conquista de votos da mesma forma como ocorre com o rádio ou a televisão, mas ela ajuda o eleitor a se decidir, ao colocar o máximo de informações possíveis à sua disposição.

Um levantamento nos sites mostra que os internautas tiveram especial interesse pelos programas de governo, aqueles calhamaços de papel aos quais pouca gente tinha acesso e que quase ninguém conseguia arranjar tempo para ler. Na internet, eles foram os campeões de audiência.

"[O site] É um dos únicos instrumentos para você ter acesso ao programa de governo", diz o editor do site de Ciro Gomes (PPS), Régis Souto.

No caso do PT, além do alto índice de leitura dos internautas, foram registrados 80 mil downloads, de pessoas que baixaram em seus computadores a íntegra dos planos de governo.

Apenas no site de Serra, batizado de "Campanha On Line", o programa aparece em segundo lugar no ranking de audiência, por causa do formato da página, que funciona como uma espécie de agência de notícias. Nesse caso, as reportagens publicadas e reproduzidas na página do tucano concentraram a maior parte da audiência.

Juntos, os quatro principais candidatos produziram e reproduziram aproximadamente 8.000 matérias, durante os últimos três meses de campanha.

Foi utilizando reportagens próprias e textos de outros veículos que os portais dos candidatos José Serra e Ciro Gomes (PPS), por exemplo, travaram boa parte da batalha pelo segundo lugar nas pesquisas.

Panfletagem virtual
Foi pela internet também que parte da militância conseguiu ter acesso à estratégia e ao material de campanha de cada presidenciável. "Em alguns lugares [mais distantes], o material de campanha só chega através do site", disse o coordenador do site tucano.

As seções com material de campanha ficaram em segundo lugar entre as mais acessadas. Nesses endereços é possível baixar no computador imagens de santinhos, panfletos e outros documentos, que podem ser impressos em casa ou em uma gráfica.

"Para a nossa campanha, que tinha poucos recursos, a internet facilitou o envio de material", disse o publicitário Carlos Rayel, da campanha de Anthony Garotinho (PSB).

No site do PT, também foi destaque a Lojinha virtual, que vende bonés, brincos, camiseta, estrelas e outros produtos ligados à campanha, e os cartões eletrônicos. "Trouxemos para o site alguns conceitos que já são vitoriosos na internet comercial. Essa foi uma forma bacana de espalhar material pelo país e fazer uma panfletagem virtual", afirmou um coordenador do site de Lula.

Internauta marqueteiro
Outra surpresa para os partidos foi o grande número de emails com sugestões e críticas sobre a campanha de cada candidato. O PT estima que 40% das 4.000 mensagens diárias recebidas pelo partido tinham esse tipo de conteúdo.

"Temos muito retorno das pessoas, e é gente do país inteiro, de lugares que você nem imagina", disse o coordenador do site tucano, Jean Boechat. Segundo ele, a campanha já recebeu mensagens de 2.069 municípios de todas as regiões do Brasil.

Os marqueteiros oficiais também ficaram de olho nos sites. Para o publicitário de Garotinho, foi importante fazer um acompanhamento on line das reações dos eleitores. "Com a interatividade, você fica sabendo mais rápido qual a opinião do eleitor. E é sempre um retorno qualificado", disse Rayel.

Segundo o tucano Boechat, algumas idéias surgidas na internet puderam ser testadas e depois levadas para outros tipos de veículos. "Ainda estamos descobrindo o que o eleitor quer e quais as possibilidades que a rede tem. Essa eleição está sendo o pontapé inicial para a internet", disse Boechat.

Veja também o especial Eleições 2002

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