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Marco Aurélio Garcia descarta corrida armamentista na América do Sul
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RENATA GIRALDI
da Folha Online, em Brasília
O assessor especial da Presidência da República para assuntos internacionais, Marco Aurélio Garcia, descartou nesta quinta-feira o risco de uma guerra armamentista na América do Sul. Segundo ele, qualquer país que tentar uma ação militar na região será condenado pelos demais. Mas Garcia reconheceu que ainda não foi solucionado de forma definitiva o impasse entre Equador e Colômbia.
"Não há hipótese de guerra entre os países vizinhos", afirmou Garcia, que prestou esclarecimentos hoje na Comissão de Relações Exteriores da Câmara sobre as negociações do governo brasileiro com países latino-americanos. "Não seria tolerada uma ação militar na América Latina. O país que tomar essa decisão receberá duramente uma sanção dos demais [países]", disse.
Em março, Equador e Colômbia entraram em conflito depois de uma operação militar colombiana contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) em território equatoriano. Na operação, morreu Raúl Reyes, o número dois da guerrilha, e ao menos outras 25 pessoas. Garcia disse em maio os presidentes dos dois países devem voltar a conversar e aí, sim, haver um acordo que acabará com o mal-estar ainda existente.
Questionado pelo deputado Antônio Carlos Pannunzio (PSDB-SP) sobre o risco de uma "corrida armamentista" na América do Sul, uma vez que o presidente da Venezuela, Hugo Chávez, faz esforços para reequipar o Exército de seu país, Garcia negou a possibilidade.
"Não gosto dessa expressão 'corrida armamentista'. Venezuela e Brasil estão na 'rabeira' e tiveram suas Forças Armadas sucateadas", disse Garcia, informando que há empenho por parte do governo para tentar "reverter" essa situação. Segundo ele, Chile, Peru e Colômbia lideram as Forças Armadas mais equipadas da região.
Amazônia
O assessor especial admitiu que é necessário reforçar as áreas de fronteira da região Amazônica. "É a nossa região mais vulnerável. Temos de reforçar nossa presença nas fronteiras", afirmou ele, sem entrar em detalhes.
Porém, Garcia destacou que a preocupação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é tão grande com o assunto que ele orientou o ministro Nelson Jobim (Defesa) para que agilize as negociações para por em prática o Conselho de Segurança Sul-Americano.
Já a partir deste mês Jobim viajará para vários países sul-americanos quando conversará com os presidentes e ministros da Defesa na tentativa de apressar as negociações que levem à criação do órgão. A idéia é trocar informações, estimular a formação de militares e também intensificar a segurança na região como um todo.
Exuberância
Garcia evitou criticar Chávez por suas ações políticas e declarações polêmicas. Mas ele provocou sorrisos na comissão ao analisar o estilo do presidente da Venezuela. "O presidente Chávez com todo seu estilo exuberante e sobre isso não tenhamos dúvidas, que é bem diferente do nosso", disse ele.
Porém, o assessor especial destacou que as relações com os venezuelanos são positivas e interessam ao governo brasileiro. "Não queremos ser uma ilha de prosperidade em um oceano de pobreza na América Latina", afirmou Garcia, ressaltando que o comércio bilateral do Brasil com a Venezuela é da ordem de US$ 4,3 bilhões.
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