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18/04/2008 - 08h52

Sob críticas, ministro do Desenvolvimento Agrário diz respeitar o MST

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da Folha de S.Paulo, em Brasília
da Agência Folha

O ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) afirmou que não comenta ações dos movimentos sociais.

"A resposta às críticas ao ministério tenho que dar com o trabalho. Tenho que dar com o [programa de combate à pobreza campo] Territórios da Cidadania, com a reforma agrária e valorização da agricultura familiar", disse.

"Eu não costumo fazer juízo sobre a ação de movimento social. Não é minha atribuição", acrescentou Cassel.

Para lembrar as mortes de 19 trabalhadores rurais ocorridas em Eldorado do Carajás (PA) há 12 anos, o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) promoveu ontem outro dia de intensas ações pelo país, invadindo propriedades da Vale e uma hidrelétrica em Sergipe e bloqueando praças de pedágio e rodovias.

No total, foram 50 atos, em 15 Estados e no Distrito Federal, quase o mesmo número de anteontem, quando ocorreram 53 manifestações, boa parte delas em prédios públicos. Desde o início do mês, chamado pelo movimento de "abril vermelho", os sem-terra já promoveram ao menos 150 ações.

Em Belém (PA), agricultores invadiram, por 15 minutos, o prédio da Vale, na região central da cidade. Segundo Ulisses Manaças, da coordenação nacional do MST no Pará, a ação foi uma reação às declarações do diretor-presidente da empresa, Roger Agnelli, "criminalizando o movimento".

De acordo com a empresa, cerca de 30 de seus funcionários foram impedidos de deixar o prédio durante a ação, e o portão do prédio, tombado pelo patrimônio histórico, foi arrombado. A Polícia Militar disse que não houve depredações.

Em Sergipe, os sem-terra invadiram a usina hidrelétrica de Xingó, responsável pela produção de 20% da energia elétrica consumida no Nordeste.

Segundo a Chesf (Companhia Hidrelétrica do São Francisco), que administra a usina, a ação foi "pacífica" e os lavradores não tiveram acesso ao setor operacional. À tarde, a Justiça concedeu liminar de reintegração de posse, mas os sem-terra concordaram em sair antes de serem notificados, após reunião com representantes da empresa e da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco).

No Paraná, sem-terra invadiram 11 das 27 praças de pedágio do Estado. Ao chegarem, eles cobriam as câmeras de vídeo para não serem identificados e liberavam as cancelas para que motoristas pudessem passar sem pagar a tarifa. Até o final da tarde, quatro das praças ainda tinham manifestantes.

Em Agudos (SP), integrantes do MST bloquearam, por quase duas horas, a rodovia Marechal Cândido Rondon. Houve um princípio de tumulto, mas sem conflitos.
Em Americana (SP), outros trabalhadores invadiram uma fazenda utilizada para o plantio de cana-de-açúcar. Aconteceram invasões a agências do Banco do Brasil em Sorocaba (SP) e Andradina (SP).

Em Maceió (AL), cerca de 500 sem-terra invadiram o prédio da Assembléia Legislativa, investigada por um suposto esquema de desvio de dinheiro, para pressionar o governo a reduzir os repasses mensais ao Legislativo estadual.

Em Pernambuco, o movimento invadiu mais uma propriedade rural --a 32ª desde sábado-- e promoveu uma passeata no centro de Recife.

No Ceará, o MST realizou quatro invasões de terra, nos municípios de Ibaretama, São Luiz do Curu, Senador Pompeu e Itaipaba. Para hoje estão planejadas novas ações. Houve protestos também em duas rodovias federais: a BR-116 e a BR-020. Em Canindé, fizeram uma marcha.

No Distrito Federal, integrantes do MST e de outros movimentos sociais fizeram uma marcha pela Esplanada dos Ministérios, em Brasília. O grupo se reuniu em frente ao Congresso. Os presidentes do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN), e da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), receberam de líderes sem-terra um manifesto com medidas pela reforma agrária e de combate à violência no campo

Também houve manifestações, invasões ou bloqueios em outros oito Estados: Roraima, Piauí, Santa Catarina, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Bahia e Paraíba.

Comentários dos leitores
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 18h28
Sr Mauricio de Andrade.
Má distribuição de riquezas e terras são problemas, mas não são mais graves do que o nosso sistema educacional público. Este sim, nosso maior problema, que perpetua o ciclo vicioso da concentração de riquezas. Resolva-se o problema da educação e eliminamos o problema da miséria. Educação dá discernimento, cidadania, melhora a qualidade na escolha de políticos e multiplica as chances de inclusão social e econômica. É a solução mais eficaz e qualquer estatística sobre índices de desenvolvimento humano mostram isso, e isso independe do sujeito pertencer ao campo ou a cidade.
sem opinião
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Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Marcelo Takara (65) 01/02/2010 17h43
Acho que não me fiz entender direito.Valoriza-se mais as posses materiais do que a formação educacional. A agricultura familiar mudou muito, comparada àquela que se praticava décadas atrás. Sou de origem japonesa, meus avós foram agricultores, meu pai foi agricultor e migrou para cidade, onde conseguiu montar um comércio, graças a algumas boa colheitas. Detalhe: meu pai nunca foi proprietário de terras, sempre arrendou. Tenho alguns tios que continuaram na agricultura, no cultivo de hortaliças, e eles somente conseguem se manter porque se adaptaram, do contrário é difícil manter os custos. Atualmente, mesmo para tocar uma pequena propriedade, é necessário conhecimento técnico e qualificação para manejo sustentável, rotação de culturas, uso correto de fertilizantes e recuperação de solo. Ou seja eis a necessidade da QUALIFICAÇÃO PROFISSIONAL. A má distribuição de riquezas é consequência funesta da incapacidade de nossos governantes em dar uma educação digna à toda população, daí o fato de haver o exército de desempregados nos grandes centros urbanos. Igualmente continuarão a levar uma vida miserável mesmo na posse de uma terra, se não houver capacitação técnica. Por outro lado, tem surgido muitas vagas de empregos em muitas cidades pequenas e médias do interior do Brasil, que não são preenchidas por falta de formação educacional. A distribuição de terras pode até ser uma solução para o campo, mas não é a única. A melhor solução é de longo prazo e é EDUCAÇÃO. sem opinião
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Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
Tiago Garcia (41) 01/02/2010 11h04
A lei é para todos sem exceção.
Se a Cutrale grilou ou não fazenda a justiça que resolve, não o MST que eu nunca votei nem autorizei a fazer valer a vontade da lei. MST não tem legitimidade para isso.
A anos atrás quando eu estudei o MST seu principal argumento para invasões sempre era os grandes latifúndios improdutivos, terras paradas nas mãos da especulação. O que aconteceu com essa justificativa do MST?
2 opiniões
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