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Lula sugere reunião exclusiva para tratar do Conselho Sul-Americano de Defesa
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GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
A reunião de cúpula da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) não deve avançar na proposta brasileira de criação do Conselho Sul-Americano de Defesa. Em seu discurso na abertura da cúpula, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva propôs a realização de uma reunião do órgão no segundo semestre deste ano, no Brasil, para discutir exclusivamente a criação do conselho.
"Estou convencido que é chegada a hora de aprofundarmos nossa identidade sul-americana também no campo da defesa. (...) Devemos articular uma nova visão de defesa na região fundada em valores e princípios comuns, como o respeito à soberania, à autodeterminação, à integridade territorial dos Estados e à não-intervenção em assuntos internos", disse o presidente.
Lula afirmou que o ministro Nelson Jobim (Defesa) consultou os países que integram a Unasul para consultá-los a respeito da viabilidade da criação do conselho, mas no discurso não mencionou as críticas da Colômbia à proposta. A reunião no segundo semestre, segundo o presidente, terá como objetivo "detalhar os objetivos e funcionamento do conselho".
O assessor para assunto internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia, disse nesta sexta-feira que o governo vai promover esforços para que o tema tenha avanços no segundo semestre deste ano.
"Não estamos preocupados com a formação do Conselho de Defesa nessa reunião porque isso será discutido no segundo semestre. De uma forma atenciosa e resumida já foi feita uma exposição a todos os presidentes e teve uma boa acolhida, menos do governo colombiano. Nesse caso, a pressa é inimiga da perfeição", disse Garcia ao chegar para a reunião da cúpula, que se realiza em Brasília.
Na opinião de Garcia, o conselho terá capacidade de evitar tensões na América do Sul como a ocorrida no início do ano entre Colômbia, Venezuela e Equador --depois que o território equatoriano foi invadido por aeronaves do Exército colombiano que buscava guerrilheiros das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
O ministro Nelson Jobim (Defesa) ironizou as restrições à proposta de criação do Conselho de Defesa. "Participa quem quiser. Dos países que visitei, só a Colômbia tinha restrições", disse.
O presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, argumentou que a região já conta com a OEA (Organização dos Estados Americanos) e aludiu às divergências com países vizinhos, entre os quais o Brasil e a Venezuela, em torno da classificação de grupos armados ilegais como "terroristas", principalmente as Farc.
"Temos esse problema do terrorismo, que nos faz ser muito cuidadosos na tomada dessas decisões", afirmou.
O Brasil historicamente não mantém uma lista de organizações terroristas e resiste às pressões da Colômbia para classificar as Farc como tal. Já o presidente Hugo Chávez (Venezuela) tem defendido dar um status de "beligerância" à guerrilha de esquerda. O colombiano disse ainda que já havia informado a Jobim que não entraria no conselho durante a visita do brasileiro a Bogotá, em abril.
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